Cientistas do Brasil, Argentina, França, Itália e Estados Unidos estarão reunidos no Centro de Pesquisa Boldrin (CPB), em Campinas, nos dias 7 e 8 de novembro, para debater avanços no diagnóstico e tratamento do tumor de córtex adrenal pediátrico (TCA). O International Consortium on Pediatric Adrenocortical Tumor (ICPACT) Workshop será realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, de Curitiba. Considerado raro, esse tipo de câncer tem uma incidência alta nas regiões sul e sudeste do Brasil, onde o índice é de 15 a 20 vezes maior do que a média registrada em outros países.
Em 2024, diferentes instituições brasileiras iniciaram um estudo retrospectivo do TCA estadio II para definir fatores de risco e novas abordagens terapêuticas. Este estudo é coordenado pelo Centro Infantil Boldrini.
A médica Camila Maia Martin Daiggi, oncologista pediátrica do Boldrini é coordenadora desse estudo e fará a abertura do evento, que também terá a participação da médica pediátrica Silvia Brandalise, uma das fundadoras do Centro Infantil Boldrini, e de Andres Yunes, pesquisador do Centro de Pesquisa Boldrini (CPB). O médico e cientista Bonald Figueiredo, diretor científico do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, que há 28 anos dedica-se a estudar a doença, é organizador e um dos palestrantes do workshop.
O evento terá uma mesa-redonda sobre Big Data e bioinformática, que destacará a análise de grande número de dados genéticos, acelerando o entendimento das mutações, como a TP53, que atuam nesse tumor.
Com o ICPACT Workshop, a comunidade científica internacional visa criar novas estratégias de colaboração e ampliar o uso de tecnologias avançadas para favorecer uma intervenção mais eficaz no combate ao TCA e oferecer suporte às famílias impactadas.
Presença de famílias
Um dos destaques do evento será o painel no dia 7 com pacientes e familiares que participaram dos testes genéticos realizados pela equipe de Bonald Figueiredo, entre 2005 e 2017. A proposta é discutir com essas famílias os desafios e benefícios dos protocolos para acelerar o diagnóstico precoce do TCA.
Por se tratar de um problema hereditário, o grupo pretende trabalhar com as famílias como lidar emocionalmente com a mutação genética TP53, que pode contribuir com o surgimento do tumor.
A doença
Pouco sintomática, a doença normalmente é descoberta já em estágios mais avançados. O protocolo internacional de tratamento, composto por cirurgia e administração de quimioterapia, tem se mostrado ineficaz em estágios avançados, o que leva a uma alta taxa de mortalidade nesse subgrupo de pacientes.
A mutação TP53 é a mais frequente no Brasil nos casos pediátricos de TCA. Essa condição chamou a atenção de Bonald Figueiredo, que, com sua equipe, realizou testes de DNA em mais de 300 mil bebês nascidos no Paraná, entre os anos 2005 e 2017. Os resultados revelaram que a inclusão do exame de DNA no Teste do Pezinho, um dos assuntos a serem discutidos pelos especialistas, pode antecipar o diagnóstico de câncer, resultando em melhores taxas de cura.
Diagnóstico e sintomas do TCA
O TCA surge devido ao crescimento desordenado de células na camada externa das glândulas adrenais, afetando a produção hormonal. Os sintomas incluem alterações como ganho de peso, puberdade precoce, hipertensão e diabetes. O tratamento inicial mais indicado é a cirurgia. Quando combinado com quimioterapia e, ocasionalmente, radioterapia em casos avançados, o tratamento aumenta as chances de cura.
Serviço
Simpósio
International Consortium on Pediatric Adrenocortical Tumor (ICPACT) Workshop
Data: 7 e 8 de novembro
Horário: das 8h às 18h
Local: Auditório do Centro de Pesquisa Boldrini (CPB)
Rua Márcia Mendes, 506, Barão Geraldo, Campinas
Mais informações: https://icpact-gm.com/icpact-workshop-2024/