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Coluna Fernando Calmon — Previsões para o ano continuam boas

Coluna Fernando Calmon nº 1.350 — 6/5/2025

Feriados em abril impactaram vendas, mas previsões
no ano continuam boas

De fato, como observou a Bright Consulting, pela primeira vez desde o fim da pandemia da covid-19 houve recuo na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que também afetou o crescimento acumulado de vendas este ano: de 7,1% baixou para 3,6%. A razão foram dois dias úteis a menos sobre abril de 2024 e um dia a menos sobre março de 2025. Na soma dos quatro primeiros meses deste ano a comercialização de veículos leves e pesados subiu de 735.200 para apenas 760.288 unidades.

Apesar deste crescimento modesto, a Fenabrave mantém inalterada sua previsão inicial, anunciada em janeiro último, de vendas em torno de mais 5% sobre 2024, embora admita uma revisão ao final do primeiro semestre. Um recorte sobre o número de automóveis e comerciais leves elétricos e híbridos vendidos no período de janeiro a abril deste ano mostra um cenário de certa forma surpreendente, quando comparado ao primeiro quadrimestre de 2024.

Enquanto os veículos elétricos a bateria caíram 15% — 20.820 para 17.691 unidades — os três tipos de híbridos somados (básico, pleno e plugável) cresceram 73% — 30.449 para 52.776 unidades. Quando se somam híbridos e elétricos o resultado fica positivo em 37%. Essa distorção ocorre porque um híbrido básico (ou semi-híbrido, em uma classificação rigorosa) é bem mais barato que o pleno e o plugável, além de muito mais em conta que um elétrico. Por isso, o termo “eletrificado” acaba por gerar distorções estatísticas, sem refletir o que ocorre de fato no mercado.

Segundo os números oficiais liberadas pela Abeifa (associação de importadores) e também tabulados pela Bright, os modelos mais vendidos por categoria no mês passado foram, em unidades: elétrico, BYD Dolphin Mini, 2.177, menos 10%; híbrido plugável, BYD Song Plus, 3.140, mais 13%; híbrido básico, Fiat Fastback, 2.447 e híbrido pleno, Toyota Corolla Cross, 951.

A BYD tem lançado campanhas agressivas de descontos para sustentar as vendas. E já anunciou outra partida da China do seu novo supernavio com cerca de 7.000 modelos importados. O sindicato de metalúrgicos de Camaçari (BA) vem expressando dúvidas sobre as contratações prometidas, mas ainda longe de se tornarem realidade pelo cenário visto até agora.

Nivus GTS na medida certa e estilo correto

Foi bater o olho e logo descobrir o que agradava mais no visual do Nivus GTS. Quer saber? A providencial retirada das barras longitudinais no teto que se transformaram num modismo e nada ou pouco acrescentam ao estilo de qualquer carro. Mesmo porque quantas vezes se vê nas estradas alguém transportando qualquer volume ou bagagem no teto? A decoração externa também é atraentemente discreta com destaque para as bonitas rodas opcionais de 18 pol., sutis filetes vermelhos, carcaças dos retrovisores em preto, assim como o teto e seu defletor traseiro que conjuga forma e função sem exageros.

O SUV cupê compacto substitui o Polo GTS e recebeu o mesmo motor turbo de 1,4 L, 150 cv e 25,5 kgf·m (com etanol ou gasolina), sempre com câmbio automático epicicloidal de seis marchas e troca manual por borboletas. Apesar de não aproveitar as características de maior resistência à detonação do etanol para entregar um pouco mais de potência e torque, acelera de 0 a 100 km/h em 8,4 s, suficiente para facilitar ultrapassagens e retomadas no dia a dia, em uso urbano ou rodoviário.

Mesmo sem faróis matrix do Polo GTS, ainda se trata de um conjunto moderno que dispensa os faróis específicos de neblina, contudo mantendo igual eficiência. No interior, destacam-se filetes vermelhos discretos, bancos dianteiros do tipo concha, carregador de celular por indução com saída de ar-condicionado regulável por botão que também estará no novo Tera, no final de maio. Central multimídia tem nova interface e internet 4G a bordo.

Particularmente muito bom o trabalho de engenharia nas suspensões desde coxins até molas, amortecedores e barra estabilizadora (antirrolagem), além de 2 mm de redução na altura. No primeiro contato no autódromo Capuava, em Indaiatuba (SP), as respostas em curvas surpreenderam positivamente por se tratar de um SUV e seu centro de gravidade mais alto. Para aumentar o nível de esportividade seria ideal um escapamento com sonoridade mais condizente com a grife GTS. Deve ter sido desconsiderado por questão de custos. Preço (sem opcionais): R$ 174.990.

Mustang com câmbio manual chega em julho

Focado em entusiastas que apreciam a direção esportiva, o Mustang GT Performance Manual está limitado a uma importação de apenas 200 unidades. Motor é o mesmo Coyote V-8, 5 litros, da versão automática, porém recebe nova calibração, 9 cv a mais, agora 492 cv, e mesmo torque de 58 kgf·m com 80% já a 2.000 rpm. Relação massa-potência de apenas 3,67 kg/cv permite acelerar de 0 a 100 km/h em 4,3 s e velocidade máxima de 250 km/h limitada eletronicamente.

A caixa manual de seis marchas permite trocas sem tirar o pé do acelerador, sempre que o motor está a mais de 5.000 rpm e o pedal do acelerador pressionado a mais de 40%. Outro destaque, o Rev Match, simula automaticamente a aceleração momentânea nas reduções tornando-as mais suaves, rápidas e sem trancos.

Há ainda recursos como Drift Brake (freio de estacionamento eletrônico para derrapagem controlada das rodas traseiras) e Line Lock (travamento das rodas dianteiras para “queimar” pneus traseiros como nas provas de arrancada), além de indicadores de tempo de volta, aceleração, frenagem, força G lateral e longitudinal e medidores de temperatura do motor, temperatura e pressão do óleo e temperatura do diferencial. Internamente, destacam-se bancos esportivos Recaro e emblema com número de série de cada exemplar. Preço: R$ 600.000. 

Motul vê diversificação como aposta certa

A empresa francesa de lubrificantes teve origem, curiosamente, nos EUA em 1853. No início, se chamava Swan & Finch, especializada em lubrificantes. De acordo com a Wikepedia, em 1932 Ernst Zaug negociou a distribuição na França de produtos da marca Motul originalmente da empresa americana. Em 1953, o centenário da companhia foi comemorado com o lançamento mundial do primeiro óleo multiviscoso no mercado europeu. No entanto, a Swan & Finch suspendeu suas atividades em 1957. No entanto continuou na França e a marca se consolidou ao longo das décadas seguintes, em nível global como Motul S.A.

Óleos sintéticos são os produtos de ponta da empresa, que se expandiu para atender a vários mercados. No Brasil tem fábrica há 33 anos, além de duas nos EUA e uma no México. O cenário brasileiro é desafiador, pois se estima que duas centenas de empresas produzam lubrificantes, a partir do óleo básico, embora as 12 principais detenham 80% de participação. O envolvimento histórico com as competições internacionais tornou a marca conhecida mundialmente.

Presidente da filial brasileira, o argentino Marino Perez afirma que a companhia mantém um pé no presente e outro no futuro. “Motores a combustão estão em 1,4 bilhão de veículos ao redor do mundo e, portanto, ainda serão relevantes por décadas à frente. Pretendemos continuar a crescer no País de 15% a 20% ao ano e em 2030 almejamos duplicar nossa cota atual. No entanto, diversificar é uma boa estratégia. Desenvolvemos uma linha completa de produtos para conservação e limpeza aplicáveis em qualquer tipo de carro, caminhão ou moto”, afirmou.

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Coluna Fernando Calmon  — Elétricos enfrentam novos obstáculos

Coluna Fernando Calmon nº 1.302 — 21/5/2024

Elétricos enfrentam novos obstáculos ao redor do mundo

Demorou um pouco, mas os maiores fabricantes de veículos estão reavaliando o ritmo de investimentos em modelos 100% elétricos. Reduzir não significa qualquer desistência e sim reavaliar o cenário em razão do que os compradores têm mostrado ser o desejo. No primeiro quadrimestre deste ano em praticamente todos os mercados mundiais (à exceção da China) observou-se diminuição de vendas dos elétricos. Ao mesmo tempo, maior procura por híbridos plugáveis, em especial aqueles com baterias de maior capacidade que garantam pelos menos 100 quilômetros de alcance médio urbano no modo elétrico.

As últimas notícias do exterior retratam essas evidências. Marcas que já tinham descartado investir em modelos híbridos como as do grupo GM, VW e Mercedes-Benz, entre várias outras, reavaliaram o cenário em favor dos híbridos. Uma inesperada guerra de preços levou a uma perda de rentabilidade em um momento em que altos investimentos na produção de bateria são fundamentais. A Ford, por exemplo, revelou pesado prejuízo financeiro na venda de cada modelo elétrico. Stellantis, por ter esperado mais para avaliar melhor o cenário, foi menos atingida.

BMW é uma exceção. Embora pioneira no carro elétrico com o i3, sempre defendeu que a escolha deve ser do mercado e oferece motores de combustão interna (MCI), híbridos e elétricos. A Europa quer zerar a venda de MCI até 2035, mas isso também pode mudar em favor dos híbridos.

Entre as que procuraram surfar nesta onda a Fisker, marca americana com fábrica na Áustria, pediu falência. Isso torna ainda mais difícil a tentativa de pequenas empresas, conhecidas como startups, que acham relativamente fácil comprar motores e baterias de prateleira e lançar novos modelos. Entre outras estão Pear, Alaska e Ronin.

Até a Tesla com o frenesi causado por seus carros não escapou, algo que esta coluna já havia previsto quando a concorrência começasse a surgir por todos os lados. A marca do bilionário Elon Musk enfrenta perdas financeiras pesadas e diminuição de vendas que eram esperadas, todavia não com a intensidade agora vista. Dos cinco produtos apenas dois, Model 3 e Model Y, se destacaram. Já chegou a hora de atualizações visuais, como é praxe na indústria, porém aparentemente nada há à vista.Na China, o cenário é outro. Em razão de prejuízos vultosos no setor imobiliário do país, o governo priorizou os carros elétricos com fortes subsídios e, em particular, o desenvolvimento de baterias. Os avanços tecnológicos tornaram-se evidentes. Depois veio a ordem para exportar a qualquer custo. E os EUA, cujo mercado só é menor que o da China, parecia alvo fácil.

Contudo o governo americano acaba de anunciar que veículos chineses terão imposto de importação de nada menos que 100%. A saída seria construir fábricas no México e de lá exportar para o vizinho gigante. Essa porta poderia se fechar da mesma maneira. Resta tentar instalar fábricas nos EUA. Também serão barrados? A conferir nos próximos capítulos.

Stellantis investirá R$ 14 bilhões na fábrica Fiat em Betim (MG)

O montante foi informado pelo presidente da Stellantis para a América do Sul, Emanuele Cappellano, ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema. O montante de R$ 14 bilhões soma-se aos R$ 13 bilhões anunciados recentemente para a fábrica mais moderna do grupo em Goiana (PE) e integra o total de R$ 30 bilhões no período 2025-2030.

Stellantis, que é um grupo automobilístico ítalo-franco-germânico-americano, tem mais uma fábrica em Porto Real (RJ), onde hoje só produz modelos Citroën. Matematicamente haveria ainda R$ 3 bilhões sem alocação oficial anunciada, que deverá ir para a unidade fluminense do grupo e pode ser anunciado ainda neste mês de maio.

A fábrica mineira em Betim também produz três famílias de motores flex, caixas de câmbio manuais e abriga um centro de desenvolvimento e pesquisa com mais de 4.000 funcionários. Lá estão se desenvolvendo quatro plataformas Bio-Hybrid que incluem motores flex micro-híbridos, híbridos plenos, híbridos plugáveis e elétricos.

O primeiro produto será lançado já no próximo semestre e tudo indica será um micro-híbrido Fiat, Pulse ou Fastback, modelos mais caros da marca.

Cappellano confirmou apenas que parte da expansão em Betim (MG) contará com “importação de ferramentas de uma fábrica na Europa que está sendo desmobilizada”. Isso se enquadra no programa Mover para estimular investimentos em inovação e mobilidade verde.

T-Cross 2025 mantém preço, mas ganha e perde alguns itens

Com tanta oferta de SUVs no mercado brasileiro defender a liderança absoluta não é tarefa fácil. Para tanto a VW decidiu manter os preços da versão 2025, mesmo incluindo novos equipamentos e reformulando para bem melhor o aspecto interno do modelo. Este é o primeiro dos 16 lançamentos do seu plano de investimentos de R$ 16 bilhões até 2028.

A frente foi atualizada com novo para-choque, grade e faróis com uma barra cromada de interligação. Sem dúvida, rejuvenesceu o modelo. Único senão: ausência dos faróis de neblina disponíveis anteriormente, a partir da versão intermediária Comfortline. Rodas de liga leve, de 17 pol. nas versões mais caras, têm desenho mais elaborado e se destacam no conjunto. Mudanças na traseira ficaram muito boas com a interligação de LED das lanternas, dando sensação de que o carro foi alargado.

No interior destaques para a escolha cuidadosa dos materiais de acabamento e também de revestimento dos bancos, além de novas saídas de ar-condicionado e moldura central do painel. Tela multimídia de 10,1 pol. e quadro de instrumentos de 8 pol. têm visual mais atraente. Teto solar panorâmico está entre os opcionais.

Não houve mudanças mecânicas: permanecem motores de 1 L, nas duas primeiras versões e de 1,4 L, na de topo, sempre com câmbio automático epicíclico de seis marchas). Em rápida avaliação urbana manteve as apreciadas qualidades dinâmicas e desempenho.

Outra novidade são os pneus Pirelli Seal Inside: vedam automaticamente, em 85% dos casos, furos com até 0,5 mm de diâmetro (não são do tipo run flat) causados por pregos de até 0,4 mm. Levaram a uma alteração muito pequena no consumo de combustível, porém oferecem mais segurança.

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Coluna Fernando Calmon — Kardian: valor competitivo além de arquitetura bastante evoluída

Coluna Fernando Calmon nº 1.293 — 19/3/2024

Kardian: valor competitivo além de arquitetura bastante evoluída

A Renault investiu para valer e juntou modernidade, estilo e desempenho no inteiramente novo SUV compacto Kardian. Aparenta ares de hatch com altura de rodagem elevada, mas isso pouco impactou no visual típico que tem atraído cada vez mais compradores no Brasil e no mundo. Graças aos 209 mm de vão livre do solo é o mais alto (1.595 mm) entre concorrentes como Pulse e Nivus (este se trata de SUV cupê).

O carro se baseia na nova Renault Group Modular Platform e teve participação total da filial brasileira. Entre os recursos práticos estão as barras de teto que podem ser usadas tanto no sentido longitudinal quanto transversal. Também apresenta a maior distância entre eixos (2.604 mm) deste segmento para conforto de quem senta tanto atrás quanto na frente e um bom volume de porta-malas (358 litros VDA).

Capô alto, grade do radiador, faróis principais, de neblina e luzes de rodagem diurna em três planos formam um conjunto moderno, complementados por lanternas traseiras no formato semibumerangue e um aplique no para-choque que esconde a saída do escapamento.

Por dentro, chama atenção a posição de dirigir com o banco do motorista regulável em altura até bem próximo do assoalho ao contrário de outros SUVs. Destaques para a alavanca de câmbio do tipo joystick e o freio de estacionamento eletromecânico de autoimobilização nas paradas.

Tela multimídia de 8 pol. tem pareamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, carregamento por indução para smartphone com refrigeração e quatro portas de entrada USB C (duas atrás e duas na frente). Faltam saídas de ar-condicionado para o banco traseiro.

O Kardian tem seis airbags e 13 sistemas de assistência avançada ao motorista (ADAS, em inglês), destacando-se frenagem automática de emergência.

No primeiro contato com o Kardian no entorno de Gramado (RS), notei o ótimo estreante motor 3-cilindros turbo flex de 1 litro, 120/125 cv (G/E), 20,4/22,4 kgfm (G/E), que trabalha bem afinado com o câmbio automatizado de duas embreagens a banho de óleo e seis marchas.

Ronco típico do motor interfere pouco no índice interno de articulação, porém é inevitável o nível de vibrações superior a um quatro-cilindros. Não detectei situações de hesitação em acelerações repentinas e há borboletas para troca manual de marchas atrás do volante. Apesar da altura de rodagem, as suspensões bem calibradas fazem um bom trabalho, sem sustos.

As três versões custam R$ 112.790 (Evolution), R$ 122.990 (Techno) e R$ 132.790 (Premiere Edition). 

Fiat aposta no preço da Titano e na robustez do conjunto

O mercado de picapes médias, de certo modo saturado com modelos de seis fabricantes (Hilux, Ranger, S10, Frontier, Amarok e L200), ganha mais um, a Titano, da Fiat. Na realidade, se o critério for capacidade de carga de 1.000 kg e motor Diesel, o segmento ainda agrega Toro (1.010 kg) e Rampage (1.019 kg), únicas de configuração monobloco.

As demais mantêm a tradicional cabine sobre chassi tipo escada que a maioria dos compradores prefere mais como meio de transporte familiar do que para trabalho, sem esquecer do uso misto. Entre 2014 e 2013 cresceram sua participação de mercado de 13% para 18%, só superadas pelos SUVs de vários portes.

A Titano, na realidade, é uma Peugeot Landtrek, projeto conjunto da marca francesa e da chinesa Changan com motor diesel Fiat (o mesmo do Ducato) de 2,2 L, 180 cv e 40,8 kgf·m. Únicas alterações são a grade do radiador e logotipos externos e interno. Uma escolha natural considerando o peso de mercado da italiana e uma ampla rede de 520 concessionárias. Se em média cada loja vender duas unidades por mês, atingiria a meta da Fiat de 12.000 unidades anuais para um mercado que foi de 188.000 unidades em 2023 (35% concentrado nas capitais).

Uma atração em particular é o preço das três versões: Endurance, R$ 219.990, Volcano, R$ 239.990) e Ranch, R$ 259.990. Garantia de cinco anos. Além da maior caçamba do segmento de 1.314 litros (medida sem protetor), há câmeras de três tipos: frontal, de 180 graus e 360 graus off road. Tração é sempre 4×4 sob demanda e bloqueio do diferencial traseiro. As duas opções mais caras oferecem câmbio automático epicíclico de seis marchas; na versão de entrada, de câmbio manual, o torque máximo cai para 37,7 kgf·m.

Na avaliação inicial, tendo o cenário de fundo a Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, a Titano se destacou pela impressão de robustez ao enfrentar estradas de terra, buracos e ondulações. No entanto, o comportamento dinâmico em geral não transpareceu tão amigável e previsível como de uma Ranger ou mesmo da líder de mercado, Hilux. O nível de ruído pareceu-me ligeiramente maior do que a média do segmento. Na distância livre do solo (235 mm) é praticamente igual à Ranger (232 mm), porém perde para Hilux (286 mm).

Entre as amenidades há tela multimídia de 10 pol. e espelhamento de Android Auto e Apple CarPlay só por meio de fio. Há duas entradas USB dianteiras e uma traseira. Carregador de celular por indução é oferecido à parte como acessório Mopar.

Bentley posterga elétricos em favor de híbridos plugáveis

O cenário mundial cada vez mais afeta a indústria automobilística e algumas marcas já aliviaram o pé do acelerador no ritmo de migração para os carros elétricos. Isso não significa que lançamentos deixarão de acontecer, porém o protagonismo do híbrido padrão e do híbrido plugável ganhou força no desejo dos consumidores.

Há algumas razões para isso. Natural que o desejo de experimentar algo novo aguçasse os primeiros compradores. A barreira do preço alto não é um problema para quem pode rechear sua garagem com mais de um veículo. Porém, viagens exigem planejamento e dependem basicamente da rede de recarregadores. A opção é recorrer a um automóvel de motor a combustão ou híbrido.

Incertezas pelo prolongamento de guerras no Oriente Médio e na Europa também prejudicam as decisões pessoais. Os governos retiraram total ou parcialmente os subsídios. Marcas de alto padrão pareciam imunes a esse panorama, porém a Mercedes-Benz foi a primeira a reconhecer que teria de diminuir o ritmo (esperado) da migração. Os híbridos voltaram a representar uma alternativa viável.

Bentley é uma marca de luxo inglesa que já pertenceu à Rolls-Royce. Hoje ambas estão em grupos alemães: a primeira, na VW e a segunda, na BMW. O Bentley elétrico perdeu a prioridade para os híbridos plugáveis que utilizam motores V-8 e baterias recarregáveis em tomada. Antes a previsão era que em 2030 toda a linha seria apenas de elétricos e agora passou para 2033.

Em 2035 a Europa pretende permitir a venda apenas de modelos elétricos, mas existe a possibilidade de híbridos plugáveis estarem incluídos. Nos EUA, a previsão para este ano é que 12% do mercado seja de elétricos, 20% de híbridos e 68% de modelos com motor a combustão.

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Coluna Fernando Calmon — GM anuncia investimentos, mas ainda não confirma HVs no Brasil

Coluna Fernando Calmon nº 1.285 — 23/1/2024

GM anuncia investimentos, mas ainda não confirma HVs no Brasil

Como parte de suas ações para marcar o centenário de quando iniciou atividades no País, em 26 de janeiro de 1925, a GM divulgou o investimento de R$ 7 bilhões no quinquênio 2024-2028. O presidente da empresa para o Brasil e América do Sul, Santiago Chamorro, deu pistas bem claras na entrevista em Brasília no dia 24 de janeiro, após se reunir com o presidente da República, sobre os planos da companhia: “Criamos um portfólio para atender os clientes até que eles se adaptem a um mundo mais eletrificado”, explicou.

Parece óbvio que a posição da empresa pioneira está alinhada aos outros dois maiores grupos instalados no Brasil, Stellantis e VW. Estes já anunciaram a escalada prudente que começará por assistência elétrica básica (os pseudo-híbridos), seguida pelos híbridos flex, talvez uma passagem por híbridos flex de plugar e, em algum momento, adiante os modelos 100% elétricos. Aliás, estes dois últimos só se viabilizarão devido à volta do imposto de importação iniciada este ano por etapas. Caso contrário, não haveria condições econômicas.

Chamorro adotou uma linguagem bastante pragmática: “A solução não será uma só tecnologia. O elétrico é melhor do que o híbrido que, por sua vez, tem mais benefícios do que o motor a combustão somente.” Confirmou também seis lançamentos este ano, começando pela nova geração do Spin, único monovolume com representatividade atualmente. Importará dos EUA os SUVs elétricos Equinox e Blazer. Dos outros três, nada adiantou. Consideram-se certas a atualização profunda da picape S10 e do SUV Trailblazer. O sexto produto, ainda desconhecido, pode ser outra versão de um modelo existente.

Vista aérea da fábrica da GM em Gravataí

Entre os futuros produtos as apostas começaram. O site Autossegredos considera certo um inédito SUV a partir do Onix hatch que seria opção mais em conta ao Tracker. Faz sentido para a fábrica de Gravataí (RS). Já Autoesporte espera que a Montana fabricada em São Caetano do Sul seria a base para um novo SUV capaz de rivalizar com o Compass que lidera a categoria dos SUVs médios-compactos. Teria assistência elétrica de 48 V, ou seja, não se trataria de um híbrido flex como o Corolla Cross que estreou essa solução até agora importada do Japão.

O presidente da GM International, Shilpan Amin, que veio ao País para dar mais peso ao anúncio de investimentos, foi assertivo: “Nossa estratégia é totalmente voltada àquilo que o consumidor demandar. Teremos da mesma forma modelos exclusivos para o Brasil”.

Ram Rampage R/T tem presença fora do comum

Mesmo quem não é grande fã de picapes talvez se renda à proposta da Rampage, em especial na versão R/T (R$ 277.490). Ela parte da construção monobloco da Toro e mantém praticamente a mesma distância entre eixos: 2.994 mm versus 2.990 mm. Significa, claro, nenhuma mudança interna em termos de espaço para cabeças, pernas e ombros dos quatro passageiros e do motorista.

As diferenças começam no desenho da carroceria com grade do radiador imponente, capô elevado, faróis afilados de LED e para-choque de desenho robusto que inclui faróis de neblina do mesmo modo de LED. De perfil o desenho é ainda mais chamativo pelo teto pintado de preto, mesma cor nas rodas de 19 pol. (pneus 235/55 R19), e o avantajado adesivo R/T nos extremos dos para-lamas traseiros. Atrás, as lanternas bem dimensionadas trazem uma bandeira americana estilizada, abertura da tampa com amortecimento e uma saída de escapamento em cada extremidade na cor preta.

Uma vantagem em relação à Toro é o volume da caçamba – 980 litros – em razão das laterais mais altas e o maior comprimento total (5.028 mm versus 4.945 mm). De série vem com protetor, porém sem divisórias internas, nem capota marítima. A capacidade de carga, incluídos os cinco ocupantes, é de 750 kg.

Diferença mais marcante aparece no desempenho. Motor da R/T, um turbo a gasolina de 2 litros, entrega 270 cv e 40,8 kgf·m, acoplado a um câmbio automático de nove marchas, tração 4×4 com distribuição de 50% para cada eixo, mas sem a reduzida tradicional. Para um veículo de 1.917 kg de massa total e deste porte a aceleração informada surpreende com 0 a 100 km/h em 6,9 s (consegui 6,8 s pelo velocímetro do Google Maps). Com pneus de série adequados a fábrica declara velocidade máxima de 220 km/h.

O motorista tem à disposição banco com regulagens elétricas (opcional para o passageiro). Mesmo sem carga as suspensões com molas helicoidais nas quatro rodas oferecem relativamente bom conforto de marcha. Fica a desejar o diâmetro de giro de 12 m, um pouco melhor que o da Toro (12,2 m), que dificulta manobras em geral e para estacionar por si só mais difíceis pelas dimensões da picape.

SUV médio Seres 3 atrai poucos olhares

A marca é chinesa, porém fundada nos EUA em 2016. Hoje a DFSK possui fábricas também na China de onde vem o Seres 3 de porte semelhante ao do Compass. Seu estilo quase não se destaca na grande oferta de SUVs no mercado e até o nome do modelo se inspira, sem elegância, no sedã da BMW. Preço inicial de R$ 239.990 baixou para R$ 199.990. Ainda não há previsão de aumento com a oneração do imposto de importação desde 1° de janeiro.

Apesar das linhas genéricas, oferece espaço interno compatível a outros modelos do segmento graças ao bom entre-eixos de 2.650 mm. Entretanto decepciona pelo volume útil do porta-malas com apenas 318 litros contra 373 litros do T-Cross e 410 litros do Compass.

Destaca-se nos materiais de acabamento, bancos confortáveis, quadro de instrumentos, tela multimídia de 10,25 pol. e pareamento sem fio para Apple CarPlay. Não consegui parear Android Auto mesmo com cabo. Celular pode ser carregado por indução no console, porém falta um anteparo para impedir que o telefone caia em curvas. Faz falta a regulagem em distância do volante.

O Seres 3 enfrenta bem o piso irregular e as suspensões estão calibradas mais para o conforto de marcha, sem dar impressão de fragilidade e nem excessiva inclinação em curvas. Motor dianteiro de 163 cv e 30,6 kgf·m permite acelerar de 0 a 100 km/h em 9,1 s (pelo Google Maps). O SUV Seres 3 oferece três modos de guiar: Eco, Normal e Sport. O Eco torna o carro tão lento que nem parece um elétrico (melhor usar apenas para poupar a bateria, em caso extremo). Entre os outros dois modos a diferença no desempenho é pequena e dentro do previsto.

Bateria de 52,7 kW·h garante alcance médio de 209 km (padrão Inmetro), porém consegui em cidade pouco mais de 300 km no modo Normal. Em trecho de autoestrada, a 120 km/h de média, o alcance caiu para 220 km.

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Coluna Fernando Calmon — Elétricos começam a baquear em mercados no exterior

Coluna Fernando Calmon nº 1.282 — 19/12/23

Elétricos começam a baquear em mercados no exterior

É certo que a China continua como o maior mercado de carros 100% elétricos do mundo graças aos subsídios explícitos e implícitos, além das imposições por parte do governo ditatorial. Em alguns dos grandes conglomerados urbanos chineses só se pode obter uma licença ou placas para circular se for elétrico e, eventualmente, híbrido plugável.

No continente europeu os países também oferecem bônus atraentes para quem decide adquirir um VEB (Veículo Elétrico a Bateria). As vendas vinham subindo rapidamente, mas nos últimos meses o ritmo arrefeceu.

No Reino Unido, os 24.359 VEB comercializados em novembro último representaram uma queda de 17,1% em relação ao registrado um ano antes. A participação de mercado caiu de 20,6% em 2022 para 15,6% no mês passado, de acordo com números da SMMT (sigla em inglês para Associação de Fabricantes e Concessionárias de Veículos). Algumas projeções apontam para uma recuperação em 2024, mas não há realmente certeza.

Por outro lado na Alemanha, maior mercado do continente, a VW foi a primeira a sentir uma diminuição de procura por modelos elétricos. Análises iniciais atribuíram a queda a uma inadequação dos produtos.

No entanto, a Audi anunciou agora que irá adiar o lançamento de novos elétricos em resposta à diminuição do interesse dos compradores devido aos preços elevados em relação aos carros com motor de combustão interna (MCI). Em declaração ao site Automotive News Europe, o executivo-chefe da marca alemã, Gernot Dölner, admitiu que pretende reduzir a produção para evitar pátios cheios.

Já a BMW negou peremptoriamente que deixaria de investir em MCI. O presidente da empresa, Oliver Zipse, falou da sua aversão à proibição destes motores por parte União Europeia, em 2035. Alegou que isso colocaria os fabricantes de automóveis europeus numa guerra de preços com os produtos chineses.

Os novos registros de veículos elétricos ainda crescem a um bom ritmo nos EUA, mas limitados ao mercado de marcas de luxo. Porém, segundo dados da consultoria Experian, nos segmentos de altas vendas não conseguem avançar sobre modelos a gasolina e híbridos.

Uma surpresa, agora, veio do polêmico Elon Musk, o homem mais rico do planeta, dono da Tesla e de outros grandes negócios inclusive aeroespaciais. Ele afirmou que os alertas sobre mudanças climáticas são exagerados em curto prazo, embora repetisse que se considerava um ambientalista. Segundo o sul-africano naturalizado americano e canadense, maior produtor de carros elétricos do mundo, “petróleo e gás não podem ser demonizados”.

Difícil é saber exatamente o que ele considera “curto prazo”.

Ranger Raptor tem proposta marcantemente superior

A superespecialização chegou às picapes e a Ranger Raptor é o melhor exemplo. Importada da Tailândia, ocupa um nicho muito específico de mercado, inclusive por seu preço para bem poucos: R$ 446.800.

Em um primeiro contato no campo de provas da Ford, em Tatuí (SP), logo se destacou pela aceleração vigorosa e o ronco que ecoa do motor. Estabilidade muito boa, apesar dos pneus de perfil alto (285/70R17 A/T General Grabber) indicados para uso fora de estrada. Há molas helicoidais na traseira, além de maiores bitolas e cursos das suspensões dianteira e traseira. Os amortecedores são ativos da marca Fox.

Motor é um V-6, 3-L, gasolina, biturbo, 397 cv e 59,5 kgf·m. O câmbio automático epicíclico de 10 marchas ganhou desenvolvimento específico para a linha Raptor. Desempenho declarado de 0 a 100 km/h em 5,8 s, bem além de qualquer picape. Velocidade máxima é limitada eletronicamente em 180 km/h. O modo esportivo é selecionável no console.

Nos trechos fora de estrada demonstrou aptidão acima da média, em baixa e alta velocidade. Além do controle de tração bem calibrado, há cinco modos de terreno: escorregadio, lama, areia, pedregulho e baja. Neste último, para alto desempenho, o controle de estabilidade é desabilitado e aceita entrada de curvas no modo pêndulo típicas de ralis. O botão “R” no volante (modo Raptor) permite personalização para cada um dos itens separadamente: amortecedores, direção e escapamento.

Capacidade de vau (transpor alagados) é de até 850 mm, 50 mm a mais do que as outras versões da Ranger. Ângulos: de entrada, 32°; de saída, 27° e central, 24°. A facilidade com que as suspensões absorverem saltos reais é impressionante, com ótimo trabalho dos amortecedores ativos.

Tudo isso sem esquecer do bom comportamento em ambiente urbano e rodoviário, simuláveis também no campo de provas.

Melhorou segurança ativa da Hilux SRX Plus

Apesar de manter uma posição confortável na liderança entre picapes médias tradicionais – aquelas com carroceria sobre chassi de longarinas, também conhecido como chassi tipo escada – a Hilux apresentava algumas deficiências quando submetida a exigências rigorosas. Embora sem tanta repercussão no Brasil não se deu tão bem quando testada no exterior, no famoso Teste do Alce, em que chegou a retirar rodas do chão quando provocada a fazer desvio brusco de trajetória. Modelos de outras marcas passaram sem problemas.

As mudanças incluem alargamento das bitolas em 155 mm na traseira e 140 mm na dianteira com novo posicionamento de amortecedores e molas na dianteira; amortecedores traseiros externos ao chassi; barra antirrolagem também no eixo traseiro; aumento do vão livre em 20 mm o que melhorou ângulos de ataque e saída; freios a disco ventilado no eixo traseiro.

Esteticamente a SRX Plus ganhou extensões maiores de para-lamas (em razão do aumento das bitolas) e uma barra entre caçamba e cabine com formato aerodinâmico para diminuir ruído. Motorização Diesel não mudou (2,8 L, 16 V,  204 cv, 50,9 kgf·m), nem o câmbio automático de seis marchas e o bloqueio eletromecânico do diferencial traseiro.

Pacote ADAS (sigla em inglês para Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista) inclui, entre outros, alertas de mudança de faixa e de pré-colisão, assistentes de partida em subida e de descida e controle de cruzeiro adaptativo.

Em um primeiro contato com a picape destaques para menos ruído a bordo e suspensões ligeiramente melhores em termos de conforto de marcha. Preço: R$ 334.890.

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*A todos os leitores(as) feliz Natal e um ano de 2024 turbinado. É tempo de dar uma parada e volto ao volante na segunda semana de janeiro.

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Coluna Fernando Calmon — Imposto de importação gradual para elétricos é caminho certo

Coluna Fernando Calmon nº 1.277 — 14/11/23

 

Imposto de importação gradual para elétricos é caminho certo

Depois de amplos debates que se iniciaram há um mês, veículos elétricos e híbridos passarão a recolher imposto de importação (I.I.). Eram isentos desde 2015 e o processo será gradual. Elétricos começam com 10% em janeiro de 2024 e 18% em julho do mesmo ano. Um ano depois, 25% em julho de 2025 e alíquota normal de 35% em julho de 2026. Para híbridos plugáveis o esquema muda um pouco: 12% em janeiro de 2024, 20% em julho de 2024, 28% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026. Por fim para híbridos outra escala: 12%; 25%, 30% e 35% nas mesmas datas.

Haverá cotas para importar sem imposto, porém os critérios e a sua duração ainda são motivos de dúvidas sobre o seu real impacto pois estarão expressadas em dólares. Também falta a divisão entre importadores ou que se comprometerem a produzir aqui e fabricantes locais. Esse tal de “comprometimento” já se mostrou falho em outras políticas de incentivo. Precisa de fiscalização séria, além da exigência de primeiro produzir e depois receber o incentivo.

Em princípio trata-se de um regramento interessante. Quem só deseja importar nunca deveria ter o mesmo tratamento de quem produz ou vai produzir. Aliás, é pura ilusão se achar que a fabricação local se trata de decisão altruísta. Se o imposto de importação continuasse zerado, produzir no Brasil ficaria sem sentido econômico e industrial, salvo se a demanda explodisse. Então, de pouco adianta defender uma posição como esperar até que os elétricos ocupem, por exemplo, 5% do mercado (hoje, 0,6%) para só então aplicar o I.I.

A questão de cotas isentas é nebulosa, já que estas não existem para qualquer veículo a combustão. Aqui nenhuma intenção contra importadores e sim apenas de lógica pura e simples. O Brasil precisa sim de estimular a produção de elétricos, porém antes equacionar a fabricação de baterias e eventualmente motores. Não apenas processar insumos como lítio, além de outros metais, exportar para China e receber de volta a bateria pronta que representa até 40% dos custos de produção com imposto de importação zerado.

Sem esquecer de que o País tem alternativas viáveis como híbridos flex desenvolvidos e produzidos localmente, além de em um segundo momento, poderem ser plugáveis. Chavão antigo, mas ainda aplicável do inesquecível jurista Ruy Barbosa: “Pressa é a inimiga da perfeição”.

Silverado estreia com bons recursos e versão única

Picape grande Chevrolet apresenta dimensões impressionantes – entre elas comprimento de quase 6.000 mm e distância entre eixos de nada menos que 3.720 mm – além de um visual externo moderno com destaque para a parte dianteira. Os espelhos retrovisores têm tamanho exagerado. Podem dificultar achar uma vaga, receber esbarrão de motociclistas e vibrar demais, contudo a fábrica alega que são necessários por permitir reboques de maiores dimensões.

A tampa da caçamba de 1.781 litros (esta a maior do segmento que inclui F-150 e Ram 1500) tem fechamento e abertura elétricos por comando remoto. Também há controle elétrico dos estribos laterais que abrem em dois níveis e permitem examinar melhor a caçamba. Os dois bancos dianteiros de couro têm controles elétricos, ventilação e aquecimento. Tela multimídia de 13,4 pol. é maior do segmento e formato horizontal de melhor visualização do que as verticais.

Um avanço da Silverado é sistema operacional Google Built In que dá acesso a todos os produtos desta plataforma via Wi-Fi nativo inclusive atualizações remotas. Mas o acesso precisa ser pago após 12 meses de gratuidade, o que também ocorre com o sistema de concierge OnStar.

Motor V-8 a gasolina, de 5,3 L e aspiração natural, 360 cv e 52,9 kgf·m. Neste quesito a Silverado perde para as rivais diretas como os 405 cv, da Ford e 400 cv da Ram. Acelera de 0 a 100 km/h em 7,4 s, contra 7,1 s da F-150 e 6,4 s da 1500. Câmbio automático epicíclico de 10 marchas, o mesmo usado pela Ford, mas o sistema de tração 4×4 com reduzida e pacote off-road é específico, incluindo proteção extra para motor e câmbio. Apesar de ter capô, portas e tampa traseira em alumínio, a massa total atinge o elevado valor de 2.505 kg. Tanque de 91 litros proporciona alcance de 665 km.

Há uma única versão disponível por R$ 519.990.

ZF avança em sistemas de câmera, radar e lidar

A empresa alemã, com filial no Brasil desde 1958, desenvolveu no exterior produtos de alta eficiência dentro do conceito ADAS (sigla em inglês para Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista). Estes, entre outros, incluem câmera de alta resolução, radar e lidar (feixes de laser de alta precisão para medir distâncias), objetivando uma direção bem mais segura. Em conjunto conseguem acompanhar faixas desbotadas ou parcialmente interrompidas no asfalto e identificar pedestres, ciclistas, motociclistas e qualquer outro tipo de obstáculo fixo ou móvel. Com isso o sistema programa alertas e freadas autônomas de emergência.

Em razão das futuras exigências de segurança ativa que serão obrigatórias em 2026 e 2027 no Brasil, a companhia se prepara para fabricar câmeras em Limeira, SP e, possivelmente, também radares. A filial brasileira ainda não se comprometeu com uma data fixa para início da produção. Deve ocorrer em “futuro breve”, declarou nesta semana o gerente sênior de Engenharia e Operações da ZF América do Sul, Plínio Casante.

Por outro lado, a empresa apela para que motoristas não desliguem os sistemas ADAS. Esse comportamento foi detectado nas pesquisas em vários países.

Porsche Cayenne S e seu empolgante motor V-8

Uma trajetória, desde seu lançamento em 2002, que ajudou muito a fortalecer a marca e serviu de exemplo para outros fabricantes de carros esporte e de luxo. Assim se resume o sucesso do SUV Cayenne que na versão “S” avaliada custa a partir de R$ 810.000.

Trata-se de um modelo de interior espaçoso (2.985 mm de entre-eixos), acabamento interno exemplar, sistema multimídia com tela tátil de 12,3 pol. e fácil pareamento sem fio com celulares Android e Apple, um enorme porta-malas de 772 litros e estilo com o toque esportivo da marca sem exageros. É possível escolher rodas de até 22 pol. de diâmetro que acentuam o seu comportamento em curvas acima da média no segmento.

Além da ótima precisão de direção e a capacidade de frenagem dentro do padrão superior exigido por qualquer Porsche, o maior destaque continua a ser o motor V-8. O Cayenne é um carro de massa total elevada – 2.160 kg –, o que sempre exige cuidados para conduzi-lo com segurança em razão da largura de 1.983 mm, comprimento de 4.930 mm e altura de 1.697 mm.

As suspensões usam molas pneumáticas e a distância livre do solo pode variar entre 238 mm e 193 mm muito conveniente para quem, por mero acaso, decidir colocá-lo à prova fora de estrada.

Ao dirigir ninguém fica indiferente ao som gutural e borbulhante do V-8, 4-L, biturbo, 474 cv e 61,2 kgf·m. São 134 cv a mais que o anterior V-6. Acelera de 0 a 100 km/h em admiráveis 4,7 s.

Ressalva. Preço do Hyundai Kona, na coluna anterior. Atualmente, R$ 189.990, exatos R$ 100.000 abaixo do valor anunciado no lançamento. Um corte incomum de 34,5% sobre os originais R$ 289.990.

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Coluna Fernando Calmon — Smartphones podem ser grandes aliados para a segurança viária

Coluna Fernando Calmon nº 1.264 — 15/8/23

Smartphones podem ser grandes aliados para a segurança viária

Estudo feito nos EUA pelo Instituto das Seguradoras para Segurança Rodoviária (IIHS, na sigla em inglês) revelou que os telefones celulares podem perder a pecha de vilões para a segurança no trânsito e se tornar um aliado para evitar acidentes. No Brasil a multa para quem for flagrado dirigindo com o celular na mão é a mais alta na escala do Código de Trânsito Brasileiro. Ainda assim, mesmo com o sistema viva-voz os riscos não foram de todo eliminados.

Em artigo recente o cientista sênior de pesquisas do IIHS, Ian Reagan, alertou: “A distração tem causado acidentes desde que as pessoas começaram a dirigir. Nosso vício em telas aumentou o problema. Se o smartphone pudesse se tornar uma ferramenta para combater não apenas a distração, mas também o modo inseguro de dirigir seria uma reviravolta verdadeiramente notável.”

Apple e Google já oferecem opções para uma ótima defesa contra distrações: o recurso “não perturbe” para bloquear chamadas e notificações enquanto o motorista estiver dirigindo. Entretanto, as pesquisas do IIHS apontaram que apenas 20% dos motoristas habilitaram esse recurso.

Para estimular o seu uso, as versões mais recentes dos aplicativos permitem filtrar mensagens urgentes ou de contatos designados, além de adotar comandos por voz para algumas funções e pesquisas básicas na web.

Os smartphones também podem oferecer um recurso de segurança que a maioria dos veículos em circulação ainda não possui. Alguns aplicativos usam a câmera do telefone para prover um aviso de colisão frontal (FCW, em inglês) em veículos mais antigos ou não equipados com o FCW a bordo.

Supondo que funcionem razoavelmente bem, isso poderia ajudar a preencher uma lacuna desde já, até que a frenagem automática de emergência (AEB, em inglês) estivesse instalada na totalidade da frota circulante, o que vai demorar mais de duas décadas.

Outros desenvolvedores estão procurando usar a câmera do smartphone para monitorar o olhar do motorista ou a direção da cabeça e alertá-los quando sua atenção se desviar da estrada à frente por muito tempo.

Isso transforma um dispositivo frequentemente responsável pela distração em uma proteção contra ela.

Strada ganha status e desempenho com motor turbo flex

O mercado brasileiro foi ao longo dos anos assistindo ao aumento de preferência por picapes. As grandes saíram de foco (agora voltando, porém com números tímidos e alto preço agravado pela importação). O segmento de picapes médias representou 9% de todos os tipos de modelos leves vendidos em 2022 e as picapes pequenas (Strada, Saveiro, Montana e Oroch), 7%. Juntas respondem por cerca de 17% das vendas no País, percentual quase igual ao mercado americano (18%).

Se existe uma trajetória invejável é da Strada, lançada em 1998. No ano passado, representou 76% do seu segmento. Nos últimos dois anos e agora em 2023 tornou-se o modelo mais vendido no País, um fato inédito aqui, mas que já ocorre nos EUA há 41 anos com a Série F, da Ford. Claro, isso se deve também à pulverização de modelos de automóveis e SUVs e merece ser relativizado.

Na linha 2024, a Strada recebeu modificações na dianteira: para-choque, grade, faróis de neblina com LED e um filete na parte inferior do para-choque. Há ainda novas rodas de liga leve nas versões mais caras. É a terceira picape compacta (depois de Oroch e Montana) a contar com motor turbo flex, o mesmo já utilizado no Fastback e Pulse, em breve no 208 e, tudo indica, no 2008 depois.

Conhecido como T200, manteve as especificações: três cilindros, 1 litro, 130 (E)/125 (G) cv e 20,4 kgf·m. Estão apenas nas versões topo de gama, Ultra e Ranch, com câmbio automático CVT, sete marchas. Hoje, 45% dos clientes da picape já não a utilizam como veículo comercial e estas novas versões devem aumentar o percentual.

O interior recebeu novos bancos de couro e painéis de porta. O volante é novo, traz borboletas de trocas de marcha (também pela alavanca de câmbio) e botão Sport nas versões com o novo motor. Foram feitas modificações pertinentes na direção de assistência elétrica, suspensão dianteira e pinças de freio (discos só na dianteira).

Em desempenho supera Saveiro e Montana, mas fica bem atrás da Oroch turbo flex (170 cv). A rival mais direta, da VW, com motor 1,6 L de aspiração natural agora perde na aceleração de 0 a 100 km/h (10 s contra 9,5 s) e até a Chevrolet (10,1 versus 9,5 s).

Preços são iguais nas versões Ultra e Ranch: R$ 132.990. Há ainda uma edição limitada a 1.025 unidades em comemoração aos 25 anos de lançamento da Strada por R$ 135.990.

Audi Q8 e-tron e Sportback chegam com maior alcance

Dois modelos SUV (Q8 e-tron Sportback, um SUV cupê) ampliam a linha de produtos elétricos da Audi. Além de estrear o novo logotipo bidimensional da marca dos quatro anéis entrelaçados em tonalidade fosca, chamam atenção um filete iluminado entre os faróis matriciais em LED, para-choques dianteiro e traseiro redesenhados e novas rodas. Na versão Launch Edition as rodas têm 22 pol. de diâmetro.

Os dois motores elétricos, um em cada eixo, entregam 408 cv e 67,7 kgf·m. O fabricante informa que o motor traseiro oferece maior eficiência energética. A tração integral é a conhecida quattro.

Frente à massa total de nada menos que 2.720 kg (!), ainda assim acelera de 0 a 100 km/h em 5,6 s. Os 2.928 mm de entre-eixos garantem amplo espaço para todos os passageiros. Há dois porta-malas, sendo que o traseiro tem volume de 528 litros (SUV) ou 569 litros (SUV cupê) e o dianteiro de 60 litros para ambos.

A nova bateria teve sua capacidade elevada em 20% graças às células com química avançada e entrega 114 kW·h. Com isso o alcance médio aumentou em 30% e pelo padrão Inmetro é de 342 km. O carro revelou-se extremamente silencioso em rápido contato ao volante, em trecho bem sinuoso de serra no Rio de Janeiro (RJ).

Os preços de lançamento vão de R$ 669.990 (SUV) a R$ 699.990 (SUV cupê), respectivamente, fora opcionais. As séries especiais Launch Edition custam R$ 681.990 e R$ 711.990, respectivamente.

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