Coluna

Coluna Fernando Calmon – Renault avança ao confirmar acordo com Geely

Coluna Fernando Calmon nº 1.339 — 18/2/2025

Renault avança ao confirmar acordo com Geely no Brasil

A colaboração muito próxima entre o conglomerado chinês Geely (dono de várias marcas ocidentais como Volvo, Polestar, Lotus, smart, ZEEKR e Link &Co) e a Renault não vem de agora. Desde 1998 há grande proximidade entre as duas marcas, desde quando a empresa francesa comprou a Samsung Cars, na Coreia do Sul. A própria Geely vendeu seus produtos aqui entre 2014 e 2016. No ano passado, comercializou globalmente o total de 3,33 milhões de veículos, enquanto Renault (somadas Dacia e Alpine) 2,3 milhões, pois saiu da Rússia em 2022.

O acordo internacional anunciado, dia 17 último, entre os dois grupos mostra que o Brasil continua a atrair investimentos dos grandes grupos de fabricantes de veículos. Embora ainda precise receber aprovações de praxe de diferentes governos, o processo aqui deve ser bem rápido.

Bom lembrar que Renault e Geely são sócias em uma empresa para desenvolver mundialmente trens de força de automóveis e utilitários leves: Ampere (tração elétrica) e Horse (motores a combustão e câmbios). Esta última tem instalações modernas em São José dos Pinhais (PR), onde a Renault produz também veículos. Em 2024, a Horse foi identificada, separadamente, dentro deste complexo da grande Curitiba (PR).

Há previsão de o acerto ser rapidamente posto em prática no Brasil. Novos modelos híbridos e elétricos da Geely estarão nas concessionárias Renault, talvez já neste primeiro semestre. Geely terá ainda rede própria de concessionárias, quando o mercado nacional se expandir.

O movimento se assemelha ao anunciado recentemente pela Stellantis. O grupo confirmou o início das vendas aqui, em breve, dos produtos da marca chinesa Leapmotors, de sua total propriedade.

Apesar de a demanda por elétricos no mercado nacional ter tido queda maior do que a observada no exterior nos últimos meses, acredita-se que comece a se recuperar com início de produção local da GWM e BYD (também híbridos). Outra chinesa, GAC, igualmente se movimenta.

Fusão Honda-Nissan: novos e confusos desdobramentos

Instalou-se a luta de narrativas e em questão de horas a conturbada fusão entre as duas marcas japonesas para formar o terceiro maior conglomerado mundial de fabricantes de automóveis, continua em pauta. Informações mudam conforme vazam para diferentes fontes confiáveis como Financial Times (FT) e Bloomberg.

O que parece mais visível é a rápida deterioração de imagem do principal executivo da Nissan. Makoto Uchida, após assinar um primeiro acordo em que praticamente todas as posições-chave da possível futura empresa seriam ocupadas pela Honda, resolveu mudar de posição. Ele afirmou que não aceitaria a fabricante tornar-se simples subsidiária. Por sua vez, a Renault, que ainda detém 36% das ações da Nissan, defende a renúncia de Uchida, segundo o FT, embora Toshihiro Mibe, CEO da Honda, tenha preferido deixar de comentar este assunto.

Outros rumores apontaram que a poderosa taiwanesa Foxconn estaria cogitando investir na Nissan, embora sem objetivo de comprar suas ações bastante depreciadas na bolsa de valores de Tóquio. Talvez esse fato tenha animado Uchida. Por outro lado, a marca japonesa continua muita debilitada em meio a um severo plano de corte de empregos e de investimentos. As últimas notícias apontam a possibilidade de a Nissan fechar três fábricas, inclusive sua maior na Europa, no Reino Unido.

Agora se especula que a Honda teria concluído pela pouca consistência da escolha Nissan e-Power. Trata-se de um carro elétrico (Note), lançado em 2016, de conceito diferente. Em vez de volumosas e caras baterias de grande capacidade, energia é produzida a bordo por um gerador acionado por motor a combustão de baixa cilindrada em rotação constante, cuja corrente elétrica vai para uma pequena bateria (apenas como ponte) e desta ao motor elétrico. Também classificável de elétrico de recarga interna (independe de tomadas), continua a usar gasolina, mas com baixíssimo consumo.

A Nissan lançará dentro de dois anos uma nova geração deste tipo de modelo, nos EUA. Uma resposta às contínuas incertezas que cercam o ritmo de crescimento atual bem mais lento dos elétricos, até na China.

Prudente é esperar e assistir ao final dessa instigante novela.

Vêm aí nono e décimo airbags, agora para calcanhares

Automóveis caros ou de marcas premium dispõem de até oito airbags: dois frontais, dois laterais, dois de teto e dois de joelhos. Seus preços elevados garantem grande chance de escapar com vida — ou ferimentos leves — de acidentes de alta gravidade especialmente em estradas, onde velocidades médias são bem maiores do que no trânsito urbano. Por fim, os carros poderiam ter até 11 ou 12 airbags ao se incluírem os centrais, hoje já desenvolvidos.

A iniciativa partiu da ZF Lifetec, renomeada divisão para sistemas de segurança passiva da companhia alemã. Este inédito tipo de proteção para os pés fica debaixo do carpete e pode ser colocado tanto para o passageiro quanto para o motorista. Apresentado como Active Heel Airbag (Airbag Ativo para Calcanhares ou AAC, em tradução livre), garante um ponto de impacto estável nos calcanhares, mesmo quando o banco está recuado e os ocupantes adotam posição relaxada.

Nasceu das conclusões dos testes de colisão em laboratórios. Segundo Harald Lutz, chefe de desenvolvimento da empresa, “se o calcanhar não tiver um ponto de contato adequado, o joelho não conseguirá se apoiar corretamente no airbag de joelho, comprometendo sua eficácia. Há uma alta probabilidade de ferimentos graves nas pernas e nos pés, sem esta proteção”. Isso adicionalmente reduz o risco de lesões causadas pela torção dos pés do motorista ao baterem em estruturas como o pedal do freio.

Ainda não há data definida para esta nova proteção passiva estar disponível para fabricantes de veículos, nem previsão de preço. Fundada há 110 anos pelo conde alemão Ferdinand Adolf Heinrich August Graf von Zeppelin, inventor do famoso dirigível mais leve que o ar, a ZF atua também para indústrias marítima, ferroviária e aeroespacial. Espera oferecer o AAC, possivelmente, dentro de três anos.

Ram Rampage Rebel ganha fôlego com novo motor

Picape de porte médio e construção monobloco, mesma da Toro, tem conquistado uma parcela do mercado pela imponência e estilo arrojado. Não chega, claro, a abalar a liderança da Hilux, mas amplia as opções de escolha em um dos segmentos mais disputados e rentáveis do mercado brasileiro.

Na avalição do dia a dia, a exemplo todo modelo deste tipo e porte, apresenta restrições no uso urbano, principalmente ao se procurar uma vaga para estacionar e limitações de um diâmetro mínimo de giro de 11,9 m. O interior oferece acabamento muito bom, tela multimídia de boa definição, roteador wi-fi e carregador de celular por indução, entre outros.

Traz o novo motor 2,2 L turbodiesel que entrega potência e torque agora compatíveis com seu porte para arrancadas rápidas e enfrentar subidas. São 200 cv e 45,9 kgf·m, contra os 170 cv e 38,8 kgf·m da versão anterior. Os 30 cv e 7,1 kgf·m extras podem parecer pouco, mas fizeram a diferença no desempenho geral da Rampage 2025. Ganhou fôlego adicional para ultrapassagens seguras. Aceleração de 0 a 100 km/h em 9,8 s, já estimado erro do velocímetro.

Encarou bem o off-road em terrenos desafiadores, como lama, areia e trechos acidentados. Consumo médio de diesel foi um pouco melhor (entre 5% e 10%) que o padrão de homologação de 10,6 km/l, urbano e de 13,3 km/l, rodoviário. Alcance urbano e rodoviário supera 600 km e 800 km, respectivamente, graças ao eficiente câmbio automático de nove marchas e ao tanque de 60 litros.

Preço: R$ 265.990.

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Ressalva: Valor atual do Hyundai Creta Ultimate 2025, avaliado na coluna anterior: R$ 196.990,00

 

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Coluna Fernando Calmon — Multa “herdada” pode ser cancelada

Coluna Fernando Calmon nº 1.337 — 4/2/2025

Multa “herdada” pode ser cancelada,se projeto
de lei for, afinal, aprovado

Uma das situações mais injustas que assolam o motorista brasileiro ganhou possibilidade de deixar de existir. Em sessão na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, em Brasília, no último dia 28 de janeiro, deu-se o primeiro passo para encerrar a controvérsia.

Você adquire um carro usado, não há multa de trânsito a pagar e depois é surpreendido por cobrança de infrações do proprietário anterior lançadas no sistema após a transferência legal.

Segundo a Agência Câmara de Notícias, o relator Gilberto Abramo (Republicanos-MG) defende que “o comprador não deve ser surpreendido com débitos anteriores, depois de quitar todas as dívidas relacionadas ao veículo. Questão de segurança jurídica em prol de quem age de boa-fé”. Detrans, na verdade, se acomodaram e processam multas com até meses de atraso. Só querem receber, não interessa de quem. O dono anterior tem endereço para ser cobrado, todavia nada se faz.

Porém, é bom não se animar. Ainda depende de aprovação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e depois pela Câmara e o Senado. Assim, sem previsão.

Por outro lado, um absurdo legislativo atenta de novo contra o bolso e a segurança do motorista. A volta de exigência (hoje opcional, mas nenhum fabricante de veículo leve o inclui, em praticamente todo o mundo) do extintor de princípio de incêndio. Desta vez apoiada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), não resiste a qualquer análise técnica. Até companhias de seguro reconhecem risco tão baixo que eventual seguro de incêndio fica embutido entre outras coberturas.

Técnicos do Corpo de Bombeiros também se opõem à proposta porque dos motoristas não se exige nenhum treinamento para manusear tal equipamento.

É provável que esta nova tentativa fracasse, pois só atende fabricantes de extintores.

Fusão Honda, Nissan e Mitsubishi em risco de azedar

Notícia vem da Nikei, prestigiosa publicação japonesa de negócios, porém o alcance terá que aguardar. A fusão estimada em US$ 60 bilhões, que criaria o terceiro grupo automobilístico mundial (atrás de Toyota e VW), teria azedado porque a Nissan não gostaria de ser tratada como simples subsidiária. Mitsubishi, por sua vez, entrou em compasso de espera. No meio do imbróglio, a Renault também quer ser ouvida, pois detém 36% do capital da Nissan. Honda já havia superado a Nissan no Japão (terceiro maior mercado doméstico do mundo).

Claro que há rusgas, todavia a Nissan permanece em posição bem frágil, inclusive passa por severo processo de enxugamento de atividades e corte de funcionários. Se for atingida de forma profunda pelas tarifas de importação que o novo governo americano colocou sobre o México, onde tem posição industrial muito forte, pode sofrer ainda mais.

Crescimento de marcas chinesas traz alertas

Situação que merece atenção é o que acontece na China. Difícil saber se a atual produção em torno de 30 milhões de unidades anuais (incluídos caminhões e ônibus) continuará a se expandir, como se projetava. Há previsão de que apenas sete grandes grupos fabricantes sobreviverão até 2035.

As portas se fecharam para exportações chinesas de automóveis aos EUA e à União Europeia com altas tarifas impostas pelos dois blocos econômicos. Nos EUA, nem produção interna de carros chineses, hoje, é possível. Quanto à Europa, não se sabe se a estratégia de produzir em países periféricos para escapar dos custos trabalhistas e industriais dos grandes mercados dará certo.

BYD é a empresa escolhida pelo governo centralizador e interventor chinês como campeã nacional e a marca mostrou crescimento exponencial ao se tornar a maior no mercado interno e de exportação. Basta a ver a frota de navios ro-ro (exclusivos para veículos) colocada à sua disposição, inclusive usados no Brasil para driblar o impacto do aumento (aliás, bem camarada) do imposto de importação sobre elétricos e híbridos.

Para complicar há rumores de que, possivelmente, a Anfavea iniciará ação antidumping por concorrência desleal de marcas chinesas. Assunto é delicado porque nem todas estas agem da mesma forma. Stellantis passará a importar (previsão abril) a marca chinesa Leapmotors, enquanto a GM escolheu a Baojun. No entanto, a primeira também anunciou 1.500 novos empregos no Brasil, 90% Betim (MG) e 10% Porto Real (RJ).

Kardian com câmbio manual acelera melhor

Embora a preferência por câmbios automáticos tenha subido em alto grau (70% das vendas totais em 2024, incluídos os comerciais leves), ainda há — e haverá por bom tempo — um mercado para modelos compactos com câmbio manual. Além de serem mais baratos, existe hoje quem valoriza a sensação de esportividade e de maior controle sobre o carro. Os automáticos gastavam muito combustível, mas isso diminuiu bastante com ajuda da eletrônica. No Brasil, a guinada de escolha dos compradores foi rápida: em modelos médios e grandes a preferência é de quase 100%.

Neste contexto está o SUV compacto Kardian com câmbio manual de seis marchas (R$ 106.990), cerca de 10% ou R$ 11.000 a menos que o automático. Como já avaliei o mesmo modelo automático (também de seis marchas), lançado em março do ano passado, o foco está agora no manual disponível desde outubro último. Engates precisos e macios agradam bastante e a ré sincronizada facilita seu engate. O sistema liga-desliga o motor em paradas exige acionar o pedal da embreagem para religá-lo. Porém, acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 s, cerca de 1 s melhor que o automático e isso sempre atrai.

Economia de combustível em uso urbano foi quase inexistente comparada à da versão automática, anteriormente testada, também com gasolina no tanque. Segundo números de homologação do Inmetro, o consumo em ciclo urbano padronizado com câmbio manual é até maior do que com o automático: 12,3 km/l contra 13,1 km/l. Diferença de 6% a favor deste sobre aquele, segundo o instituto aferidor. No ciclo rodoviário, a vantagem do manual não chega a 1%.

Consumo sempre traz variações em razão não apenas do conhecimento do motorista ao manusear a alavanca de câmbio. No trânsito pesado o cansaço aumenta e a tendência é retardar a troca de marchas. No automático a mudança independe da ação de quem está ao volante. Em vários destes modelos há ainda um modo selecionável de economia.

Assim, melhor esquecer o que já foi o automático no passado, salvo continuar, obviamente, mais caro que o manual.

Picape Ranger 4×2 foca em relação custo-benefício

A picape média da Ford, na versão “Black”, é boa opção de custo-benefício para quem pode dispensar a tração 4×4. Ao preço sugerido de R$ 219.990 mantém o câmbio automático, deu uma enxugada em itens de conforto e comodidade, no entanto manteve a boa tela multimídia vertical de 12 pol.

Essa nova versão da Ranger parece mirar mesmo na Toro que, apesar de dimensões menores (inclusive na caçamba com 313 litros a menos), perde em capacidade total de carga por apenas 21 kg em relação à picape americana. A “Black” ficou também sem bancos elétricos, abertura das portas por chave presencial e freio de estacionamento de imobilização automática (auto-hold).

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Coluna Histórias & Estórias – Por Chico Lelis

A ideia dessa coluna começou quando ouvi duas histórias de compras de carros usados. Do sobrinho de um amigo e a neta de outro. Compraram carros usados sem verificar as condições dos mesmos. Só me procuraram depois que os problemas começaram a aparecer, como descobrir que um dos modelos era carro de leilão e o outro tinha sido envolvido em um acidente.

Expliquei que eu trabalhara em uma fábrica de automóveis e estava no ramo desde 1970, mas que isso não me qualificava para saber se um carro está em boas condições ou não. Por isso, fui buscar informações com o  Marcos Camargo, que coordena uma feira de automóveis, todo domingo, no Expo Center Norte e no Shopping ABC (www.autoshow.com.br).

Ele disse o que eu já dissera aos dois jovens: não se compra um carro sem antes verificar suas reais condições, começando por pedir o laudo cautelar ou levar o carro para fazer laudo. Este documento revela o histórico do carro e uma análise completa da estrutura do veículo. Ele tem validade jurídica e é o mesmo em qualquer local credenciado pelo Detran.

Mas, além disso, vale uma verificação por fora do carro, observando a uniformidade da pintura, nas cores e no alinhamento das portas, porta malas e capô. Marcos adverte para se dar atenção aos sinais de desgaste: carro com baixa quilometragem não pode ter volante, pomo do câmbio e pedais desgastados ou novos demais. Desgaste e quilometragem baixa são incompatíveis.

Também é preciso, acrescenta, desconfiar de anúncios que mostram “carro revisado”. Só que o anunciante não tem uma um único comprovante como as notas fiscais de revisão. Também é preciso pedir um histórico de manutenção, manual e chave reserva. 

Dentro do carro

Por dentro, aconselha Marcos, olhe com atenção os tecidos do bancos. Se eles estão muito desgastados e a quilometragem anunciada, é baixa, cuidado. Ficar de olho nos sinais de carpete removido e recolocado, que pode significar possível passagem por enchente.

Os vidros também devem ser observados com atenção. Eles devem ter a inscrição do número do chassi e logotipo do fabricante. Vidros trocados não tem gravação do chassi e nem o logotipo. Isso significa que em algum momento esse vidro foi trocado provavelmente após uma colisão.

É preciso observar também a fumaça aparente ao ligar ou dificuldade para ligar. Sempre dar a partida com o carro frio e verificar nível de óleo antes de dar a partida e ver se está no nível. Essa verificação só funciona com o motor frio.

Não deixar de testar todos os itens do carro com calma: som, ar condicionado, direção assistida, vidros elétricos, painel com todos os itens funcionando e reparar, com muito cuidado se alguma das luzes de alerta de mau funcionamento estão acesas.

O teste tem que ser bem feito. Dê uma volta no carro, não no trajeto determinado indicado pela loja, concessionária ou vendedor. Vale a pena colocar um pouco de combustível e andar em ruas, avenidas, paralelepípedo e até mesmo trecho de rodovia. Depois, estacionar em local silencioso e analisar o veículo com calma.

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Coluna Fernando Calmon — Elétricos enfrentam dificuldades tanto na Europa como nos EUA

Coluna Fernando Calmon nº 1.314 — 12/8/2024

Elétricos enfrentam dificuldades tanto na Europa como nos EUA

Percalços de mercado para carros elétricos se aprofundaram no primeiro semestre deste ano. Um exemplo foi a queda brusca do Tesla Y que de automóvel mais vendido na Europa, caiu para oitavo no primeiro semestre deste ano. Segundo o especialista em análise de mercado Felipe Munoz, da JATO Dynamics, há três razões: “Sua linha de produtos limitada começa a envelhecer; a crescente concorrência de outras marcas; e estratégia de redução de preços que já não funciona com concorrentes chineses”.

Entretanto, há outras dificuldades em marcha que explicam por que houve a desaceleração tão rápida de venda na Europa e nos EUA. No segundo caso, a Automotive News aponta as panes em mais de um quarto dos postos públicos de carregamento e a dificuldade de informações precisas sobre localização que minam a confiança dos motoristas.

Na Alemanha as vendas caíram 37% em relação a dezembro com o fim dos subsídios do governo. E isso desanimou também a indústria de autopeças. A Schaeffler indicou que vai redirecionar sua produção para híbridos, numa guinada inesperada. Fabricante de chips, Infineon Technologies, afirmou que a recuperação em grande escala de veículos elétricos “ainda não está à vista” e pretende cortar 1.400 postos de trabalho.

Por fim, a Mercedes-Benz anunciou US$ 15 bilhões para voltar a investir em tecnologia de motores a combustão, seguindo a Toyota que desenvolve avanços significativos para surpreender o mercado nos próximos anos.

Novo polo de produção no Ceará suscita dúvidas

A iniciativa era esperada desde que a Ford decidiu encerrar as atividades industriais no Brasil em janeiro de 2021. As instalações em São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP) e em Camaçari (BA) já foram alienadas. Restava o terreno e uma pequena fábrica de onde saía o SUV raiz Troller já descontinuado. O governo cearense desapropriou a área em março, mas a marca levou o caso à Justiça e preferiu não se manifestar oficialmente.

O Grupo Comexport, de São Paulo (SP), que trabalha com exportação e importação, se interessou pelo projeto e reservou R$ 400 milhões (cerca de US$ 70 milhões). Trata-se de valor incompatível para investimentos que, segundo a empresa, “incluem seis modelos de nova energia (híbridos plugáveis em tomada e elétricos), para três marcas consagradas da indústria automobilística mundial”, afirmou o sócio e vice-presidente comercial, Rodrigo Teixeira.

Planos concretos serão anunciados em 2025. Trata-se de uma empresa de serviços e tem entre seus clientes Mercedes-Benz, Toyota e Volvo. No seu site identifica-se assim: “Fundada em 1973, a Comexport é a maior empresa de comércio exterior do Brasil com ampla experiência nos processos operacional, logístico, tributário, aduaneiro e financeiro”. Obviamente, nenhum dos três clientes se pronunciou. Planos industriais envolvem investimentos superiores àquele montante.

Por enquanto, apenas a Neta Auto anunciou produção no Brasil. A Toyota vai colocar à venda sua fábrica em Indaiatuba (SP), pois está transferindo produção do Corolla para Sorocaba (SP). Especula-se que esta chinesa poderia se interessar. Quanto às “três marcas consagradas” citadas é preciso esperar para ver.

2008 tem boa dirigibilidade e preços nem tanto

Agora importado da Argentina, o SUV compacto da Peugeot chega ao mercado nas versões Active (R$ 119.990), Allure (R$ 129.990) e GT (R$ 149.990) para o ano-modelo 2025. São preços de pré-venda bem interessantes, porém só válidos até o fim de agosto. Já em setembro vão aumentar em R$ 20.000, o que os tornam menos competitivos.

Permanece entre os mais atuais do segmento, por fora e por dentro. Posto de condução é o mesmo do hatchback 208, com visual bastante agradável, embora haja excesso de plástico comum. O volante ovalado permite visão privilegiada do quadro de instrumentos digital em sua inusitada posição elevada. A central multimídia de 10,3 pol. conta com suporte a Android Auto e Apple CarPlay sem fio e há carregador de bateria de celular por indução (menos na versão de entrada). No banco traseiro, largura razoável, mas o assoalho tem um túnel central.

Os faróis são de LED e as rodas de liga leve de 17 pol. apresentam desenho bem elaborado. Já o porta-malas de 374 litros, padrão VDA, deveria ser maior pois perde para o do VW Nivus (415 litros), por exemplo. Motor é sempre de 1 L turbo flex, 130 cv (E)/ 125 cv (G) e 20,4 kgf·m, associado ao câmbio automático CVT de sete marchas selecionáveis por borboletas atrás do volante. A Peugeot declara aceleração de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos.

Pacote de segurança ativa é de primeira linha e inclui, entre outros itens, a indispensável frenagem automática de emergência tão importante que passará a ser item de série em todos os carros e picapes novos nos EUA em 2029.

Primeiro contato foi breve por estradas bem pavimentadas em Alagoas, além de um pequeno trecho de terra. O 2008 mostrou bastante agilidade nas acelerações, especialmente no modo Sport. Rodar é confortável, mas o isolamento acústico na cabine é apenas regular e alguns ruídos surgem em piso irregular.

Festival Interlagos planeja crescer ainda mais

O balanço é da empresa organizadora que vislumbrou um mercado que estava adormecido e acaba de superar recorde de público no autódromo paulistano, nesta terceira edição, entre 8 e 11 de agosto últimos. No dia 8 para imprensa e nos três dias seguintes atraiu 118,7 mil visitantes e contabilizou 8,9 mil testes. No total entraram na pista 355 automóveis de 29 marcas, incluindo produtos de 19 fabricantes e importadores independentes.

Uma das novidades deste ano foi a participação da empresa gaúcha Super Carros, de Gramado (RS), especializada em aluguel para passeios curtos. Daí a diversidade de modelos no circuito como McLaren LT, Ferrari, Porsche 911 Turbo S, Lamborghini Gallardo, entre outros. Segundo a organização, a iniciativa se transformou no maior evento desse tipo no mundo com cerca de 50 expositores incluídos fabricantes de autopeças, pneus, acessórios e serviços.

Foram lançados este ano 12 modelos inéditos, entre 19 marcas, a exemplo do que acontece em tradicionais salões de automóveis. Até as mais novas chinesas, Omoda e Jaecoo, do Grupo Chery, estrearam. O empresário Márcio Saldanha, em sociedade com o jornalista Eduardo Bernasconi, criou o Festival Interlagos em 2019 apenas para motocicletas. E em 2022 estenderam-no para automóveis.

“Nunca um evento havia oferecido um pacote tão completo: oportunidade de conhecer e dirigir os carros na pista, além de possibilitar negociações de vendas”, afirma Saldanha, da Duas Rodas Mídia, do Rio de Janeiro. “Foram exatos 38.300 km rodados durante o evento, no asfalto do traçado e nas pistas (off-road e habilidade). Com zero de acidentes, saídas de pista e derrapagens”, acrescenta Bernasconi.

Já foram marcadas datas para 2025: Motos, 28 de maio a 1º de junho; Automóveis, 11 a 15 de junho. No caso de automóveis, com mais um dia de evento, há perspectiva de atrair até 200.000 pessoas.

Enquanto isso, o Salão do Automóvel, de acordo com a Anfavea, ainda enfrenta dificuldades de datas tanto no segundo semestre deste ano, quanto no primeiro de 2025. Nem a alternativa do remodelado pavilhão do Parque Anhembi apresenta disponibilidade.

 

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Coluna Fernando Calmon — Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano

Coluna Fernando Calmon nº 1.311 — 24/7/2024

 

Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano

Na classificação entre os 16 segmentos do mercado brasileiro, estudo tradicional organizado desde 1999, a novidade é o desempenho dos híbridos e elétricos chineses. O elétrico Seal, por exemplo, dominou quase 90% entre os sedãs grandes. BYD emplacou 21% entre os híbridos com o Song Plus e 31% dos elétricos com o Dolphin. No entanto, todos os modelos elétricos somados representaram apenas 2,9% do total das vendas.

Outros modelos predominantes no mercado que alcançaram mais de 50% de participação foram Corolla (72%), BMW Séries 3/4 (68%), Strada (56%) e 911 (54%). Ainda merecem destaques os BMW M2 e M3/M4 que somados responderam por 55% entre os esportivos.

As disputas pela liderança continuaram muito fortes. Mas enquanto o Polo consolidou-se entre os compactos, outro produto da marca alemã por muito pouco deixou de seguir na ponta, pois o T-Cross somou 11,5% das vendas contra 11,2% do Creta. Foram apenas 987 unidades de diferença no semestre ou 164 unidades por mês em média.

Outras lutas equilibradas: Compass (31%) e Corolla Cross (30%) com uma diferença média de 157 unidades a cada mês. Os chineses por seu lado protagonizaram uma boa batalha entre os híbridos. Song Plus venceu o H6 por uma diferença mensal de 166 unidades. Dolphin Mini, entre os elétricos, ficou apenas dois pontos percentuais atrás do Dolphin ou 92 unidades por mês ao longo do semestre. Graças à chegada do Dolphin Mini de cinco lugares, agora em agosto, o compacto deve liderar no balanço final de 2024.

Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Sedãs de topo (baixo volume) e monovolumes (oferta reduzida) ficam de fora. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e de maior importância dentro do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.

Hatch subcompacto: Mobi, 48%; Kwid, 38%; Dolphin Mini, 14%. Elétrico entra na disputa.

Hatch compacto: Polo, 26%; Onix, 19,4%; HB20/X, 18,7%; Argo, 17,7%; Yaris, 6%; C3, 4,5%; 208, 4,4%; City, 3%. Líder Polo avançou.

Sedã compacto: Onix Plus, 30%; Cronos, 17%; Virtus, 15%; HB20S, 14,8%; Yaris, 10%; City, 6,2%; Versa, 6%; Logan, 1%. Onix Plus ainda firme.

Sedã médio-compacto: Corolla, 72%; Sentra,11%; Jetta, 7%. Corolla longe de ameaças.

Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 68%; Mercedes Classe C, 17%; Audi A5/S5/RS5, 5,5%. Mantida folga dos BMW.

Sedã grande: Seal, 87%; Panamera, 8%; Taycan, 3%. Elétrico Seal, amplo domínio.

Esportivo: BMW M2, 29%; BMW M3/M4, 26%; Mustang, 20%. BMW se impôs.

Esporte: 911, 54%; 718 Boxster/Cayman, 34%; Corvette, 4%. Território consolidado Porsche.

SUV compacto: T-Cross, 11,5%; Creta, 11,2%; Tracker, 10,6%; Kicks, 10,3%; Nivus, 9,5%; Renegade, 8,6%; HR-V, 8%; Fastback, 8%; Pulse, 7%; Tiggo 5x, 5%; Duster, 4%; T-Cross quase perde a ponta.

SUV médio-compacto: Compass, 31%; Corolla Cross, 30%; Tiggo 7, 13%. Compass sob ameaça.

SUV médio-grande: Song Plus, 19%; H6, 17%; SW4, 15%. Novo líder é híbrido plugável.

SUV grande: Cayenne, 21%; BMW X5/X6, 19%; XC90, 13%. Cayenne volta à ponta.

Picape pequena: Strada, 56%; Saveiro, 24%; Montana, 13%. Nada ameaça Strada.

Picape média (carga 1.000 kg): Toro, 23%; Hilux, 22%; Ranger, 13%. Toro por um fio.

Híbridos: Song Plus, 21%; H6, 19%; Corolla Cross, 15%. Liderança apertada.

Elétricos: Dolphin, 31%; Dolphin Mini, 29%; Ora 3%, 12%. Amplo domínio BYD.

 

Marcas no exterior desaceleram planos para elétricos

Não se trata de movimento generalizado ou muito profundo, porém denota prudência entre os fabricantes que se apegaram com grande ardor ao lançamento de vários modelos de VE (veículos elétricos) ao redor do mundo. O fato de desaceleração das vendas, que ocorre este ano, acendeu uma luz amarela com tendência para vermelho.

Mesmo na China, onde há a maior concentração de produção de VE no mundo, já se conclui que há marcas demais apostando todas as fichas. O suporte do governo com subsídios explícitos ou ocultos pode arrefecer sem aviso prévio. A ordem agora é exportar a qualquer custo. Pode ser um sinal de que o mercado interno não permaneceria tão exuberante e a atual guerra de preços pode dizimar muitos fabricantes estimados em mais de 100.

Cautela parece ser palavra de ordem e não faltam exemplos. A Ford foi uma das primeiras a comunicar mudança de planos tanto nos EUA quanto na Europa. No continente europeu a empresa americana admitiu que as ações eram ambiciosas demais. Marin Gjaja, CEO de eletrificação, disse que os clientes da marca deixaram antever este cenário. Nos EUA, já se tinha anunciado que uma fábrica projetada para veículos elétricos irá produzir mesmo picapes com motor a combustão.

A Porsche reconheceu seu otimismo além da conta. Agora admitiu um ajuste às respostas sinalizadas pelos compradores. No semestre recém-encerrado a queda nas vendas do Taycan, seu primeiro elétrico, foi de 51% na Europa, EUA e China. Aqui, vendeu apenas 69 unidades no primeiro semestre, apesar de que em 2021 tornou-se o primeiro modelo elétrico a liderar um segmento (sedãs grandes) no ranking da coluna.

Mercedes-Benz, altamente entusiasmada com VE, também mudou de ideia e decidiu olhar para híbridos plugáveis. BMW sempre disse continuar a fornecer o que o mercado pede e isso inclui modelos com motores de combustão interna (MCI).

A GM igualmente voltou atrás e decidiu investir em modelos híbridos plugáveis em tomada nos EUA. A filial brasileira pegou o gancho da matriz e anunciou híbridos convencionais para os mercados interno e externo. Stellantis e VW já seguiam a mesma diretriz. Elétricos, claro, estão nos planos das três maiores, embora nenhuma acene uma previsão de data.

Neste cenário confuso quem se destaca positivamente é a Renault que criou a divisão Horse específica para MCI. CEO do grupo francês, Luca de Meo, tem insistido junto à União Europeia que o ano de 2035 fixado para o fim das vendas de MCI necessita de “flexibilidade”.

Polo GTS resgata clássico modo de dirigir com alma

Refinamento do Polo GTS é parte do sucesso do hatch que assumiu e manteve a liderança neste segmento (21% do total do mercado) que só perde em importância para os SUVs compactos (25%). Esta versão tem preço de R$ 153.790, realmente salgado, e se torna um limitador em suas vendas para algo em torno de 5% da linha.

Para começar, o motor turbo flex, 1,4-L, 150 cv e 25,5 kgf·m (ambos os combustíveis) é suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 8,3 s, mais rápido entre os hatches. O câmbio é automático epicíclico de seis marchas e trocas por borboletas no volante. Câmbio manual descartado reflete os tempos atuais. Não chega a colar as costas no banco, porém garante uma diferenciação frente aos outros hatches. Instigante mesmo, o ronco do motor.

As suspensões mais firmes com molas, amortecedores e barra antirrolagem específicas para esta versão dão conta do recado, sem que chegue a incomodar quanto ao conforto de marcha. Necessário ter algum cuidado adicional com buracos em razão dos pneus de perfil baixo 205/45 R18. Velocidade máxima declarada de 205 km/h.

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Coluna Fernando Calmon — Recarga agrava obstáculos ao crescimento de carros elétricos

Coluna Fernando Calmon nº 1.307 — 25/6/2024

Rede de recarga agrava obstáculos ao crescimento de carros elétricos

O problema é universal e não tem sido valorizado como deveria não só no Brasil como nos países de maior grau de desenvolvimento econômico, onde há maior poder aquisitivo e, portanto, a maior frota de veículos elétricos. Um alerta neste sentido acaba de ganhar força por meio de uma informação da Acea (Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis, em francês).

“A União Europeia precisa instalar quase oito vezes mais pontos de recarga de veículos elétricos por ano do que em 2023 para atender à demanda prevista. Estamos muito preocupados com o fato de que a implantação da infraestrutura não acompanhou o ritmo das vendas de carros elétricos a bateria nos últimos anos. Essa ‘lacuna de infraestrutura’ corre o risco de aumentar em um grau muito maior do que as estimativas da Comissão Europeia”.

Outro problema é que apenas um em cada oito carregadores na Europa são de carga rápida, o que atrapalha viagens por estradas.

Nos EUA o cenário se repete. A proporção ideal, segundo o Ministério de Energia do país, é uma porta de carregamento para cada 25 veículos elétricos. Mas isso depende da composição da malha rodoviária de cada país. Alguns estudos apontam que deve haver um carregador para cada 10 veículos. O governo americano pretende ver instalados 500.000 carregadores até 2030, ou seja, cerca de 200 por dia. Mas até agora o ritmo está muito abaixo do esperado.

No Brasil, os números são pouco precisos porque há conflito de informações. Como nos EUA, a concentração de carregadores está nas cidades, quando já deveria ter avançado nas estradas.

Outro percalço começa a atingir veículos elétricos. Teve início na Nova Zelândia e agora em um estado no Canadá. Ambos passaram a taxar carros elétricos pelo uso de estrada e ruas, pois não utilizam combustíveis e, portanto, não pagam impostos que os governos precisam para manutenção. Há tempos antecipei nessa coluna que isso iria acontecer, pois os governos dependem dessas e outras receitas.

Aqui no Brasil o preço do kW.h nos postos de carregamento começou a subir, antes mesmo de o governo aumentar os impostos. E agora há uma proposta do Governo Federal para elétricos também pagarem o “imposto do pecado” sobre automóveis por sua pegada de carbono. Neste caso pela mineração dos metais e produção das baterias. Esse imposto tornaria todos os carros mais caros, mas ainda não foi aprovado.

Ainda mais rápido: Porsche Cayenne Turbo E-Hybrid

Primeiro modelo SUV de um fabricante de carros esporte, o Cayenne nasceu há 22 anos e foi responsável pela Porsche recuperar seu fôlego financeiro. O modelo teve uma versão híbrida em paralelo ainda em 2010, quando esta solução estava muito pouco difundida. Agora a linha inclui nada menos de 11 versões, somando as carrocerias SUV e SUV cupê, com preços entre R$ 770.000 e R$ 1.410.000, das quais cinco são híbridas plugáveis e as demais com motores a combustão V-6 e V-8.

O visual da linha 2025 mudou pouco, mas dá para reconhecer modificações nos faróis, grade e lanternas, novas rodas, além de lanternas traseiras e nova tampa do porta-malas de 539 litros. Não tem estepe, mas a fábrica fornece um sob pedido protegido por uma capa. No interior, mudanças na alavanca de câmbio que saiu do console para o painel totalmente novo de ponta a ponta, além de um novo botão de partida acionado pela mão esquerda como todo Porsche. Carregamento do celular por indução recebeu refrigeração. Há um senão: regulagem de distância do volante não é elétrica. Acabamento de alto nível, padrão da marca.

Coube-me a versão Turbo E-Hybrid na viagem de teste entre São Paulo e Itu (SP). O renovado V-8 biturbo, 4-litros, 599 cv e o motor elétrico de 176 cv entregam a potência combinada de 739 cv e torque combinado de incríveis 96,6 kgf·m. Mais surpreendente é aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 3,7 segundos para um carro de tração integral sob demanda e massa em ordem de marcha de impressionantes 2.490 kg.

O Cayenne apresentou-se sempre sob controle total, direção bastante precisa, equilíbrio surpreendente em curvas (comportamento neutro a levemente subesterçante quando muito exigido) e freios de grande potência típicos da marca. Nem parece tratar-se de um carro com quase 2,5 toneladas.

BYD King para fazer frente ao Corolla

Primeiro híbrido plugável em tomada da categoria dos médios-compactos, King chega com força ao mercado. Sedãs deste porte estão em declínio pelo forte avanço dos SUVs. O principal concorrente e atual líder do segmento, Corolla híbrido, não é plugável.

O King tem distância entre eixos de 2.718 mm quase a mesma do modelo japonês (2.700 mm), mas a diferença no comprimento é marcante: 4.780 mm contra 4.630 mm. Também é mais largo (1.837 mm) e mais alto (1.495 mm), porém ainda assim perde no porta-malas: 450 L contra 470 L. Diferença pequena, mas desvantajosa pois dispensou o estepe e o Corolla, não.

Interior inclui materiais de boa qualidade e tela giratória de 12,8 pol. que, no fundo, não faz diferença. Pode espelhar (com fio) Android Auto e Apple CarPlay. Para cortar preço, a BYD dispensou itens de segurança como frenagem autônoma de emergência e alertas de pontos cegos, entre outros, presentes no Corolla.

O modelo chinês combina motor 1,5 L aspirado de 110 cv com um elétrico de 180 cv, 32,2 kgf·m na versão GL e 197 cv, 33,1 kgf·m na GS. Potência somada de 209 cv e 235 cv, respectivamente. Acelerações de 0 a 100 km/h em 7,9 s e 7,3 s bem melhores que o Corolla. Alcance de 80 km (ciclo Inmetro) no modo elétrico e no total 806 quilômetros na cidade e 720 quilômetros na estrada.

Avaliação no estacionamento de shopping center foi muito limitada. Apenas deu para sentir posição de dirigir e comportamento em curvas de baixa velocidade muito bons.

Preço também atrai: R$ 175.800 (GL) e R$ 187.800 (GS).

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Coluna Histórias & Estórias – Por Chico Lelis

Como foi bom ter estudado francês e latim

Nos meus tempos de ginásio (qual é o nome equivalente hoje?) tive dois professores dos quais me lembrei muito quando fiz duas viagens: uma para a Itália e outra para a França, nos anos 82 e 83, respectivamente. Um deles, Antonio Vietti, que ensinava Latim e a professora Chiquita (querida mestra, cujo nome completo eu nunca soube), que lecionava Francês, o idioma de De Gaulle, no qual me inspirei para criar um mal-estar em um hotel parisiense.

Convidado pela Fiat, quando trabalhava em O Globo (Sucursal de São Paulo), aproveitei a viagem para fazer um prolongamento após visita à fábrica e à pista de testes. De Turim, voei para Roma, a Cidade Aberta (filme de Roberton Rosselini, 1945 com Ana Magnani). Ao descer, uma grata surpresa. Havia “sciopero” (a pronúncia é chópero) e não tive que enfrentar fila na Imigração.

Tomei um táxi para o hotel, bem simples, como pedi na avenida Santa Croce in Gerusalemme, indicado pelo pessoal de Imprensa da Fiat.

Falante, o motorista começou perguntando se eu conhecia essa “bela macchina”, o modelo Fiat, claro. Falou da performance do carro, não lembro o modelo (só sei que era branco), da economia e do conforto, ainda bem porque foram quase duas horas dentro dele. Perguntou de onde eu vinha, o que ia fazer em Roma, blá, blá, blá blá.

– Conheço essa língua, pensei eu.

E, imediatamente, me veio à memória a figura do estimado professor Vietti, um perfeito “oriundi”, sempre elegante, com seus ternos de linho, montado em sua moto preta, uma Norton.

Pedi ao motorista que falasse mais devagar: “per favore, parli lentamente”.E começamos a conversar, com ele contando que havia uma manifestazionne de vecchios (que nunca pararam pois, como aqui, na Itália a aposentadoria é pouca) no caminho e iria atrasar a fazer a corrida mais cara.

Fazer o que, mas comecei a falar com ele, que me perguntou qual dialeto eu falava. Expliquei que estudei Latim na escola e logo entendeu. Afinal, Latim é a língua da qual se originam os idiomas falados aqui e pelo motorista italiano.Chegando ao hotel (em cujos corredores, à noite, se ouviam “ais e uis” em profusão, que me fez crer tratar-se de um “daqueles”) o motorista me disse, para minha alegria e surpresa, que me daria um desconto no valor da corrida, pelo meu “Latim” e em homenagem a Pelé, que ele citou várias vezes no caminho que durou quase uma hora.

Sem perguntar nada, cheguei!

Na manhã seguinte, tomei café em uma cafeteria distante duas quadras do hotel (os “ais e “uis” pararam lá pelas 23 horas e dormi tranquilo). Me surpreendi porque a casa não era aberta como nossos café, bares e restaurantes, mas fechadas com portas de vidro.Tomada o desjejum, um belo caffèlate, pane e burro. (Não preciso traduzir, certo?) resolvi ir ao Coliseu.

Quando ia chegando perto de uma pessoa, resolvi seguir meus instintos e nada perguntar. Primeira à direita, fui reto por três ou quatro quadras, entrei à esquerda, mais um trecho em frente e, ao entrar na primeira à esquerda, eis que surge, majestosamente desgastada pelo tempo, o belo Coliseu. Sentei na calçada e chorei de emoção.Fiz a visita, senti todas as vibrações que os cristãos deixaram para o tempo; ouvi os gritos da multidão condenando à morte os gladiadores vencidos. Emoção pura.

Depois andei à vontade, sem me preocupar com a volta. Na hora do almoço, entrei em um restaurante e pedi um peixe. O garçom, muito solicito me advertiu que o peixe bom só chegaria no dia seguinte: “oggi é gioverdi e il pesce buno arriverà solo domani”. Era quinta-feira e o peixe bem só viria no dia seguinte.E sugeriu uma pasta. Ótima!!!No dia seguinte, usando meu “largo conhecimento” das ruas romanas, decidi ir ao Vaticano, sem nada perguntar. Tal e qual no dia anterior.

E cheguei à maravilhosa praça São Pedro, com poucas pessoas circulando por ali. Visitei a Capela Sistina. É impossível não olhar apenas para a decoração do seu teto, com afrescos de Michelangelo, Rafael, Perugino e Sandro Botticelli. Algo que mais me encantou e emocionou foi visitar os túmulos dos Papas, principalmente quando cheguei até o de Pio XII, o primeiro do qual ouvir falar na minha vida.

Lembro dele e do frei José Mojica, ex ator de Hollywood, que me serviu a hóstia na missa celebrada no aterro do Flamengo, em 1955, quando eu lá tinha meus nove anos. (Só descobri isso quando vi a capa da revista Manchete e lá estava ele, servindo a hóstia para meus colegas do Colégio de Religiosas onde estudava no Rio de Janeiro, no bairro do Grajaú).  Fui no Google para ver se o hino que tinha na memória era mesmo o do Congresso. Não contive a emoção quando consegui acompanhar parte da letra.

No centro “vecchio” de Roma andei por Trastevere, o mais antigo bairro da cidade, com suas viela estreitas, ruas em paralelepípedos (muitas ruas em São Paulo eram assim e, carros V8 e V6, de tração traseira, quando acelerados com força, iam se perder no muro mais próximo) e muitas casas tinham suas paredes sustentadas por tapumes (pelo mesmo era assim quando passei por elas).Depois, peguei o meu primeiro modelo Abarth, um Fiat Ritmo, cuja história já contei aqui (https://autoentusiastas.com.br/2022/12/o-primeiro-abarth-a-gente-nunca-esquece/) e fomos para Veneza, para o Hotel Walter, que reservei pelo telefone, pois já “dominava” o meu Latim/Italiano.

Em Paris, lembrando da professora Chiquita

Ela era muito enérgica, dona Chiquita. O menor deslize e ela mandava esperar lá fora, debaixo da escada. Eu nunca fui castigado. Eu gostava e gosto do Francês (principalmente dos números: 40 é quatre-vingts: 90 é quatr-vingt-dix) apesar do problema que enfrentei, certa vez, no Hotel Mèridien, em Paris. (Abro um parêntese aqui para dizer que os melhores dias de hotel que passei na vida, foi no Mèridien, aquele de Salvador, no Rio Vermelho, dirigido por Fernando Chabert e gerenciado por Ernesto Sousa; e onde meu querido amigo, Paulinho Brandão), promovia a melhor feijoada do mundo, todo carnaval. E eu ia em todas!.

Mas em Paris, nada de cassoulet, a feijoada francesa.Bem, eu nem lembro qual foi a fábrica que me convidou para ir a Paris, sei que não foi nenhuma francesa. Sorry! Mas ela me hospedou em um dos   Mèridien da capital francesa. Bem, eu tinha que ir até a Cité Universitaire (Cidade Universitária) para encontrar amigos, no dia em que nada estava programado pelo meu anfitrião.Do apartamento tentei falar com o telefone da Citè, mas não conseguia linha.

Na terceira vez desci até a Recepção e fiz uma reclamação, usando o Francês que aprendi nas aulas da dona Chiquita.Desci duas vezes mais e nada de solução para o problema com o telefone do meu apartamento. Na quarta descida, cheguei calmamente e, o mesmo recepcionista, sorridente me perguntou o que eu desejava.

Dei um tapa no balcão que estremeceu o hotel e, num tom mais elevado que o meu normal:- Ce n’est pa un hotel sérieux! (*)Todos no saguão, assustados,  olhavam para mim e o funcionário da casa. Ele sabia o que eu queria e estava arrependido pelo seu atendimento falando “Je suis désolé, pardon monsieur. Je sui désolé”.Foi a maior correria. Imediatamente surgiu um funcionário com um telefone nas mãos, pedindo que eu o seguisse.

Como era um português, não precisei gastar o meu Francês com ele. Era apenas um problema com o cabo e, com o telefone trocado, falei com a Citè e fui encontrar os amigos para tomar um delicioso panaché (cerveja com soda-limonada)  às 20;30 horas, na ainda ensolarada Paris naquele verão.

Baseado em De Gaulle

(*) Essa frase, trocando “hotel” por “país”, é atribuída ao estadista francês, Charles De Gaulle, quando de uma de suas visitas ao Brasil. Ele nega, mas eu acho que foi resultado de uma das inaugurações da aciaria da Cosipa (foram duas ou três), quando ele se deparou com um pedido inusitado do fotógrafo de A Tribuna, José Dias Herrera.

Apesar de estar em Santos, ao lado de Cubatão, onde ficava a então Cosipa, hoje Usina Presidente Vargas, do grupo Arcelo Mittar, o “Zezinho”, como era conhecido entre nós, chegou atrasado, depois que De Gaulle já havia apertado o botão acionando os novos fornos da siderúrgica.

Mas “Zezinho” não se abalou. Aproximou-se da autoridade francesa e, apesar de ser muito mais baixo, pelo menos 20 cm que ele, esforçou-se e tocou no seu ombro e disse:

– Monsiuer, s’il vous plait.

Gentil, De Gaulle “reinaugurou” mais uma etapa da aciaria da então Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista).

O líder francês negou ser de sua autoria essa frase, mas, depois desta ação do querido “Zezinho” Dias Herrera, não seria difícil que De Gaulle tenha, pelo menos pensado, em algo assim. Certo?

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Coluna Fernando Calmon — Primeiro trimestre fecha com bons resultados de vendas

Coluna Fernando Calmon nº 1.295 — 2/4/2024

Primeiro trimestre fecha com bons resultados de vendas

O crescimento dos licenciamentos de veículos leves e pesados de janeiro a março deste ano foi de 9,1% com destaque para automóveis e comerciais leves, a faixa principal do mercado, que avançou 10,7% sobre o primeiro trimestre de 2023. Foram vendidas no total 514.517 unidades. Informações são da Fenabrave, entidade que reúne concessionárias de todos os segmentos.

José Andreta Jr., seu presidente, manteve previsão de aumento na comercialização de 12% frente ao ano passado, patamar superior ao esperado pela Anfavea (6%). “O crédito vem se expandindo em razão da tendência de estabilização da inadimplência. Ainda não chegamos à normalidade de 60 a 70% de vendas financiadas, o que depende de maior redução de atrasos nas prestações. No entanto, ainda poderemos rever para cima as nossas previsões”, destacou.

O executivo lembra que se o primeiro semestre consolidar a recuperação, o crescimento maior em 2024 se confirmaria porque em média o segundo semestre historicamente aponta resultados 30% maiores em relação ao primeiro. O Marco de Garantias prosperou depois que o Congresso derrubou o veto presidencial ao processo acelerado de retomada do bem financiado, mas ainda por honrar.

Este Marco terá efeito a médio prazo com a oferta de juros de financiamento menores para os bons pagadores, um instrumento há muito tempo aplicado no exterior e que, obviamente, deu certo.

Porsche demonstra no Brasil a opção da gasolina sintética

O projeto começou em 2022 no Chile, na usina de Haru Oni, localizada no extremo sul do país andino. Ali continua se produzindo em escala pré-industrial a gasolina sintética, em inglês denominada e-fuel (em tradução livre, combustível pró-ambiente). A iniciativa envolve a Porsche e outros parceiros a partir de água que pode ser salgada (retirada do mar ou fonte subterrânea) e energia elétrica de fonte eólica que no local apresenta ventos bastante fortes e contínuos.

CO2 ou dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa que está elevando a temperatura do planeta, é capturado da atmosfera. Eletricidade gerada pelo vento separa hidrogênio do oxigênio contido na água (H2O) no processo chamado eletrólise. Então combina-se hidrogênio e CO2 para criar combustível líquido 100% neutro em carbono.

Combustível obtido ao fim do processo tem exatamente as mesmas características físico-químicas da Super E10 (mistura de 90% de gasolina e 10% de etanol), amplamente utilizada na Europa e EUA em motores a combustão interna (MCI) de ciclo Otto. O processo é complexo e caro, viável apenas em regiões de ventos fortes e constantes a exemplo da costa do Nordeste brasileiro.

A fabricante alemã tem interesse em autorizar e-fuel em seus carros com MCI. Pode depender do preço ao consumidor regulado pela carga fiscal que os governos impuserem à gasolina “ecológica” frente ao produto de origem petrolífera. Hoje a planta-piloto produz 130.000 litros por ano. No longo prazo, 550 milhões de litros/ano.

Para comprovar a viabilidade técnica do produto a Porsche Brasil importou do Chile 600 litros desta gasolina e convidou jornalistas para dirigir seis de seus modelos (do 911 ao Cayenne) abastecidos exclusivamente com este e-fuel. Entre São Paulo (SP) e Mairiporã (SP), ida e volta, foram quase 100 km, incluída subida de serra. Nenhuma hesitação ao acelerar ou qualquer mudança perceptível de desempenho neste trajeto, em impressões ao dirigir sem cronometragem ou aferição de consumo.

Numa pequena amostra fornecida do combustível, cheiro e aspecto são quase iguais aos das bombas nos postos, pois aqui o teor de etanol na gasolina varia entre 25% e 27% (gasolina Premium e comum, respectivamente).

Honda CR-V Advanced Hybrid só não atrai mais pelo preço alto

A primeira boa impressão do híbrido pleno CR-V é o seu estilo de acordo com a proposta de um SUV moderno. Na frente, nenhuma peça cromada. No teto, as indefectíveis barras longitudinais são tão discretas que não fariam falta, se eliminadas. Rodas de 19 pol. têm desenho elaborado, mas pintadas de preto escondem um pouco do seu aspecto. E na traseira as lanternas de desenho sinuoso agradam, embora lembrem as da Volvo. A saída de escapamento do lado esquerdo está lá apenas para compor o visual (funcional só a do lado direito).

Com distância entre eixos 40 mm maior (agora 2.700 mm) satisfaz também quem viaja no banco traseiro que desliza longitudinalmente, ajusta ângulo do encosto e tem assoalho quase plano apesar da tração 4×4 permanente. Na melhor condição o volume do porta-malas chega a ótimos 581 litros (VDA). Na frente os dois bancos têm regulagens elétricas e adequada sustentação lateral. Controle do ar-condicionado é feito de modo correto por botões e uma grelha no painel substitui as saídas de ar convencionais.

Tela multimídia de 9 pol. espelha navegadores Android Auto e Apple CarPlay. Ao acionar o comando de seta para o lado direito uma câmera amplia a retrovisão, superpondo-se ao mapa de navegação, mas basta apertar um botão na própria alavanca para desligá-la. É preciso certa concentração para não perder uma informação relevante.

Em segurança passiva o CR-V destaca-se pelos 10 airbags, sendo dois de joelho (motorista e acompanhante).

Ponto de destaque é a dinâmica do CR-V. Motor a combustão interna (MCI), gasolina, 2-litros, aspiração natural, 147 cv, 19,4 kgf·m e um elétrico de 184 cv, 34,2 kgf·m, além de um motor de partida/gerador integrado para carregar a pequena bateria de 1,1 kW·h. Potência combinada de 207 cv (torque combinado tecnicamente não pode ser medido).

O SUV arranca com o motor elétrico, mas de forma automática. A Unidade de Controle de Potência administra o funcionamento coordenado dos três motores. Ao motorista cabe escolher entre três modos de condução (Econômico, Normal e Esporte).

Preço: R$ 352.900. Difícil concorrer com produtos chineses, mas a japonesa tem a força de sua marca.

Ituran aposta em IA para agilizar combate a roubo e furto

No tradicional balanço de atividades no Brasil, a multinacional israelense Ituran apresentou um plano de negócios estruturado em etapas sucessivas. Para 2024 prevê crescimento de 13% da base de clientes que procuram os serviços de rastreamento contra roubo e furto. Seu produto agregado de rastreamento e seguro agora inclui modelos elétricos e híbridos, além de uma nova oferta voltada ao público das classes C e D que possuem carros mais antigos e de menor valor.

Vai investir em expansão do uso de Inteligência Artificial (IA) para melhorar a detecção de ocorrências e agilizar a recuperação de diferentes tipos de veículos: carros, picapes, motos, caminhões, barcos e maquinário agrícola. Opera com três tecnologias: comunicação por satélite, radiofrequência (imune a aplicação de bloqueios por parte de criminosos) e rede de telefonia celular (ideal para aéreas urbanas).

Com ajuda da rede de telefonia 5G a Ituran montou um sistema avançado de telemetria em tempo real para os 911 da Porsche Carrera Cup. A solução brasileira é considerada a de maior eficiência entre os 27 países que organizam estas competições monomarca.

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Coluna Fernando Calmon — Spin 2025 ganha atualização estética, itens de segurança e consome menos

Coluna Fernando Calmon nº 1.294 — 26/3/2024

Spin 2025 ganha atualização estética, itens de
segurança e consome menos

 

Único monovolume em produção no Brasil, o Spin recebeu o maior número de modificações desde seu lançamento em junho de 2012. Esse mercado tem encolhido em razão do avanço dos SUVs. No ano passado foram vendidas 20.316 unidades e a Chevrolet detectou que esse volume pode ser mantido ou até um pouco aumentado com as mudanças. Não será missão fácil porque o Citroën C3 Aircross também oferece versões de cinco e sete lugares, embora tenha proposta diferente.

A frente totalmente redesenhada deu uma boa rejuvenescida no conjunto (capô elevado chama atenção) e na parte traseira as lanternas estão maiores, além da nova tampa do porta-malas. Este, aliás, manteve-se imbatível: 162 litros (sete lugares) e 553 litros (5 lugares). Faróis e lanternas de LED são de série, algo impensável 10 anos atrás em carros de volume.

No interior o destaque é a central multimídia de 11 pol. (inclui Wi-Fi nativo e espelhamento sem fio dos aplicativos de navegação) com boa resolução e integrada ao quadro de instrumentos de 8 pol. Este tem um ícone que aponta a distância em segundos do carro à frente. Celular esquenta menos durante carregamento por indução graças a um pequeno fluxo de ar-condicionado.

Chevrolet Spin – 2025

Alerta de colisão frontal com detector de pedestre e a frenagem autônoma de emergência são opcionais, assim como o sistema OnStar de assistência remota em acidentes e outros serviços mediante assinatura.

Materiais de acabamento estão melhores. Nos dois descansa-braços dianteiros é possível encaixar telefones celulares. Agora são seis airbags e os de cortina alcançam a terceira fileira. No banco traseiro espaço para pernas, ombros e cabeças continua muito bom e o acesso à terceira fileira de bancos (rebatíveis) é razoável.

O motor de aspiração natural tem projeto antigo: nasceu no Corsa 1,6 L de 1995 como Família 1 e mais adiante passou para 1,8 L. Contudo recebeu agora central eletrônica de última geração. Manteve os mesmos números de potência e torque: 116(E)/106 (G) cv e 17,7 (E)/16,8 (G) kgf·m, respectivamente. Ficou até 11% mais econômico com os dois combustíveis para se enquadrar nas exigências da legislação. A versão de entrada tem câmbio manual de seis marchas, enquanto na intermediária e de topo o câmbio é o automático epicíclico de seis marchas.

Durante a primeira avaliação, entre São Paulo e Ibiúna (SP), notei que o desempenho não mudou. Quando totalmente carregado, o Spin certamente exigirá cautela maior nas ultrapassagens. O vão livre do solo aumentou para melhorar ângulos de entrada e saída. Porém, as bitolas foram alargadas mediante mudança no off-set das rodas e também aumento de tala de 6,5 pol. para 7 pol., boas soluções de compromisso para o comportamento em curvas.

Preços: R$ 119.990 (LT manual), R$ 126.990 (LT automático), R$ 137.990 (LTZ automático) e R$ 144.990 (Premier automático).

Mustang GT 2025 mais adequado ao mercado brasileiro

No ano em que comemora seis décadas de lançamento do icônico modelo americano, a Ford lança a versão GT Performance em substituição à Mach 1. O carro está em pré-venda e as primeiras unidades serão entregues em junho por R$ 529.000, cerca de 8% menos que a versão anterior.

Uma das características marcantes desta sétima geração continua sendo o vistoso aerofólio traseiro. Há mudanças nos faróis, no capô e nas clássicas lanternas traseiras. A grade do radiador ficou maior. Uma modificação feita na linha do teto facilita a entrada e a saída do cupê de quatro lugares, em especial quando o motorista estiver com capacete num autódromo. São novos os painéis externos da carroceria.

No interior, o quadro de instrumentos (12,4 pol.) e a tela multimídia (13,2 pol.) integram-se em uma única peça. Android Auto e Apple CarPlay podem ser espelhados sem fio e há carregador de celular por indução. São cinco modos de condução e quatro para o som do escapamento. De modo remoto é possível ligar o motor e até dar algumas aceleradas a distância.

Motor V-8 de aspiração natural, 5-litros, entrega 488 cv (mais 5 cv) e 58 kgf·m. Aceleração de 0 a 100 km/h permaneceu em 4,3 s. Suspensão adaptativa tem quatro opções de ajustes com sistema de detecção automática de buracos muito útil no Brasil para diminuir impactos sobre rodas e pneus (255/40 R19, na dianteira e 275/40 R19, na traseira). No Mach 1 só havia freios a disco Brembo nas rodas da frente (atrás, discos comuns) e no GT a marca italiana também está nas rodas traseiras.

Permanece o sistema exclusivo de travamento apenas nas rodas dianteiras, enquanto as traseiras “queimam” o asfalto para pré-aquecer os pneus. Não convém abusar, pois pneus são bem caros.

Trinta anos da Audi no Brasil

Ao comemorar três décadas no mercado a Audi relembrou a iniciativa do tricampeão mundial de F-1, Ayrton Senna, que importou as primeiras unidades antes da instalação oficial da marca alemã no Brasil 30 anos atrás. Em 1999 inaugurou a fábrica em São José dos Pinhais (PR), construída em parceria com a VW, onde produziu primeiramente o A3 até 2006, quando encerrou as atividades industriais.

Em 2015 voltou à atividade fabril com o A3 sedã e, no ano seguinte, o Q3. Em 2020, nova interrupção em razão do fim de incentivos do programa federal Inovar-Auto que, na verdade, não honrou os compromissos anteriores. Em 2022 decidiu montar kits CKD, no Paraná, do Q3 e Q3 Sportback.

Agora, no trigésimo aniversário de atuação no País, anunciou nova parceria com a Senna Brands, exibiu o F-1 que marcará sua volta às pistas em 2026 (já esteve nos anos 1930 como Auto Union), importará uma série específica de apenas 15 unidades da incrível station RS 6 Avant Legacy (4-litros, V-8 biturbo, 630 cv, 0 a 100 km/h em 3,4 s) e mostrou o protótipo do SUV elétrico Audi Q6 e-tron.

BYD ampliará sua rede de recarga de elétricos

A indústria automobilística ao redor do mundo continua a investir em carros elétricos. Porém, sabe que sem uma infraestrutura bastante robusta de recarga as dificuldades de aceitação do produto serão maiores. E em um país de dimensões continentais, como o Brasil, esse entrave torna-se ainda mais sensível.

Por isso, a BYD decidiu ampliar sua oferta de recarregadores em evento que reuniu em São Paulo (SP) empresas também interessadas em investir no segmento, como Raízen Gera, Shell Recharge e Tupinambá entre outras. A novidade apresentada pela marca chinesa é o modelo batizado de Grid Zero.

Este equipamento está acoplado a uma bateria de alta capacidade que armazena energia do grid (rede elétrica comum) e administra durante a recarga de um veículo o uso combinado dos dois sistemas. A BYD não informou o preço do Grid Zero, porém lançou um aplicativo grátis para localização de estações de recarga por todo o País.

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Coluna Fernando Calmon – Mercedes admite que não alcançará meta de elétricos

Coluna Fernando Calmon nº 1.290 — 27/2/2024

 

Mercedes admite, pela primeira vez, que não
alcançará meta de elétricos

“Por favor, levante a mão se você previu isso.” Assim começa o texto da versão global do site Motor 1. O ar de surpresa tem razão de ser, pois a marca premium alemã se classificava como uma das mais otimistas em uma rápida “virada de chave” ao prever, em 2021, que a soma de híbridos plugáveis (PHEV, na sigla em inglês) e elétricos (EV, em inglês) representariam 50% de suas vendas mundiais até 2030.

E foi mais longe: até 2030 pretendia ser “totalmente elétrica, onde as condições de mercado permitissem”. Apesar de ressalvar que isso estaria condicionado à aceitação dos compradores, significava que nem mesmo o PHEV, cujo motor a combustão oferece protagonismo claro sobre o elétrico em termos de alcance máximo na prática, resistiria. No entanto, a empresa agora está bem mais cautelosa.

A soma dos Mercedes-Benz PHEV (que não é elétrico e sim híbrido) com a de EV subiu de 16,2% em 2022 para 19,7% das vendas mundiais da marca em 2023. Porém, a luz amarela acendeu em Stuttgart, sede da empresa, ao prever que os números para 2024 apontam para 19,1% (pouco inferior a 2023) ou até 21% (visão otimista).

Agora, o presidente do Conselho de Administração e também executivo-chefe (CEO, em inglês) do conglomerado germânico, o sueco Ola Kallenius, decidiu ser mais prudente. Para ele, “a paridade de custos entre os carros apenas com motores a combustão e os EV está a muitos anos de distância”, em declaração à Bloomberg Television. Não se comprometeu com metas nem datas, uma posição bem mais próxima à sua principal rival no mundo, a BMW.

O assunto esteve também em alta durante a abertura do Salão de Genebra (26/2 a 3/3/2024), evento tradicional que está bem esvaziado, mais curto e com pouco expositores, a maioria chineses. Luca de Meo, presidente do Grupo Renault e da Acea (Anfavea europeia), esclareceu que “a indústria não vai contestar a regulamentação que bane carros a combustão a partir de 2035”. No entanto, de Meo faz uma importante observação: “O banimento é potencialmente viável, mas as condições corretas para isso têm que ser alcançadas antes.”

Estas condições são muito conhecidas e sempre citadas: continuidade dos subsídios aos compradores e expansão das redes de recarga. A guerra Rússia-Ucrânia vem abalando as finanças dos países europeus que têm de investir em defesa, dificultando bastante os subsídios.

De Meo chegou a sugerir que as marcas europeias se associassem inspiradas na Airbus, fabricante de aviões, como forma de reduzir custos. Em seguida anunciou as tratativas – já falando como Renault – de uma parceria com a VW para produção de carros elétricos pequenos. Enfrentar concorrência chinesa é um grande problema, pois não há transparência sobre subsídios ocultos ou indiretos.

Por aqui, a Audi lançou um novo aplicativo que integra 240 pontos de recarga próprios e de parceiros pelo País, sem custos para seus donos. O app gratuito pode ser usado por qualquer interessado. Os não proprietários da marca pagarão R$ 3,50 em média por kW.

Dolphin Mini estreia com valor acima do esperado

Depois da trajetória do Dolphin que já oferece um modelo elétrico e completo por preço bastante competitivo, esperava-se o mesmo do Dolphin Mini, cujo nome original Seagull não soa bem em português. Na realidade há semelhanças, principalmente internas como a tela multimídia rotacionável e o pouco prático seletor de marchas no centro do painel.

Não dá para afirmar que o novo compacto tem preço pouco atraente. Porém, ficou quase 30% acima dos especulados R$ 90.000. A BYD anunciou a tabela inicial de R$ 115.800. Há uma promoção com desconto de R$ 10.000 para os primeiros 6.600 compradores (só até 29/2) e um “brinde” em forma de carregador de parede que custa R$ 7.000. Estas primeiras unidades são ano-modelo 2023/2024. O diretor comercial da marca chinesa Henrique Antunes afirmou que precisou recolher os 10% de Imposto de Importação para elétricos, em vigor desde de 1º de janeiro último.

Seu estilo é até mais atraente que o Dolphin, porém com interior bem menos espaçoso e apenas quatro lugares. Distância entre eixos, 2.500 mm; comprimento, 3.780 mm; largura, 1.715 mm e altura, 1.580 mm. Na prática há uma boa posição de guiar e bom espaço para dois passageiros no banco de trás. O porta-malas é um ponto fraco: apenas 230 litros.

Esqueça a agilidade de um típico automóvel elétrico. Com apenas 75 cv e 14 kgf·m não se pode esperar desempenho superior a qualquer motor a combustão de 1 litro de outros compactos. Massa relativamente elevada de 1.239 kg limita a aceleração de 0 a 100 km/h a 14,9 s e velocidade máxima a 130 km/h. Alcance médio de 280 km (Inmetro).

Tiggo 7 Sport tem bom preço e simplificações

Caoa Chery desenvolveu uma solução para enfrentar o concorrido segmento dos SUVs médios. O Tiggo 7 Sport foi lançado ainda em fevereiro como ano-modelo 2025 e por preço inicial bastante atraente: R$ 134.990. Porém só chegará às concessionárias na segunda quinzena de março. A estratégia centrou-se em manter o visual igual ao Tiggo 7 Hybrid, incluindo a grade do radiador. Esta série “7” lançada em 2019 acumula 24.000 unidades vendidas.

Item externo mais evidente: eliminação do teto solar panorâmico. Mas na mecânica também houve simplificações. A mais sentida foi a substituição do motor 1,6 L turbo gasolina (187 cv e 28 kgf·m) e da caixa automatizada de duas embreagens pelo motor 1,5 L flex turbo (150 cv/E; 147 cv/G e 21,4 kgf·m) compartilhado com o Tiggo 5X e câmbio automático CVT de 9 marchas. Queda de desempenho é percebível.

Todo o conjunto ficou 20 kg mais leve atribuídos ao teto de aço (no lugar do de vidro) e outras mudanças pontuais: supressão de motorização da tampa traseira e da caixa organizadora no fundo do porta-malas, o que ampliou seu volume útil para 525 litros (padrão VDA). Visualmente o interior ficou igual. No entanto, para oferecer o preço acima saíram três assistentes ao motorista e a câmera 360°.

A Caoa estuda projeto de um modelo próprio, passo bastante ousado. Já o Tiggo 8 Pro PHEV será produzido no próximo semestre, em Anápolis (GO).

Mais espaço e desempenho no CR-V Advanced Hybrid

O SUV médio da Honda (2.700 mm de entre-eixos), CR-V Advanced Hybrid importado da Tailândia, está na sexta geração desde 1995. Dispõe de tração 4×4 permanente, o que ajuda a explicar o preço alto agravado pelo recente Imposto de Importação de 12%: R$ 352.900.

Ao motor a gasolina de 2 litros, aspiração natural, de 147 cv/19,4 kgf·m junta-se o elétrico de 184 cv e 34,2 kgf·m. Potência total combinada é de 206 cv. Torque combinado não é tecnicamente possível de medir. O câmbio automático e-CVT agora tem duas marchas. O sistema trabalha em perfeita harmonia e nível de ruído bastante baixo, numa primeira e rápida avaliação.

Espaço interno muito bom para cinco ocupantes e quem viaja atrás conta com assoalho plano e encosto regulável em oito posições. Ótimo porta-malas de 581 litros. A bordo há quatro entradas para carregar celular e mais sistema por indução de alto desempenho. Mesmo com rodas de 19 pol. de diâmetro o conforto de marcha e estabilidade estão bem adequados às condições brasileiras de rodagem.

Destaque especial para o silêncio a bordo graças ao para-brisa acústico, aos vidros de dupla camada e ao sistema de cancelamento ativo de ruídos.

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