Coluna

Coluna Fernando Calmon — Kicks, totalmente renovado, estreia novo motor e câmbio

Coluna Fernando Calmon nº 1.356 — 17/6/2025

Kicks, totalmente renovado, estreia novo motor e câmbio

O Kicks mudou de patamar em direção aos SUVs médios e deixou a versão atual Kicks Play para enfrentar os compactos de menores dimensões. O maior impacto visual vem da nova frente com imponente grade de elementos horizontais, acabamento em preto brilhante e faróis de LED. A traseira também impressiona com lanternas horizontais interligadas.

As dimensões: comprimento, 4.365 mm; entre-eixos, 2.655 mm; largura, 1.800 mm; altura, 1.620 mm. A altura livre do solo é de 200 mm e porta-malas acomoda 470 litros e inclui fundo móvel com dois compartimentos de 25 litros. As rodas de liga leve têm 19 pol.

O motor é o mesmo que equipa o Renault Kardian, de três cilindros, turbo, 999 cm3, 12 válvulas, 125 cv (E)/120 cv G), 22,4 kgf·m (E)/20,4 kgf·m (G). Consumo, homologado pelo Inmetro, de 11,7 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada com gasolina e de 8,3 km/l e 9,9 km/l, respectivamente, com etanol. O câmbio é sempre automático, seis marchas, dupla embreagem e o seletor não utiliza alavanca e sim botões no console. Suspensão dianteira McPherson e a traseira por eixo de torção, como sempre foi.

Há quatro versões: Sense, Advance, Exclusive e Platinum. A de topo é bem completa com itens de segurança, conforto e comodidade. Inclui teto solar panorâmico com abertura elétrica, ar-condicionado digital, quadro de instrumentos digital de 12,3 pol., tela multimídia também de 12,3 pol. (maior que a média deste segmento), sistema de auxílio à condução semiautônomo, alerta de tráfego transversal traseiro, assistente de centralização em faixa, monitoramento de ponto cego com intervenção e sistema de som Bose com 10 alto-falantes, inclusive nos apoios de cabeça.

Em primeira avaliação na estrada, todos os recursos de apoio ao motorista funcionaram bem, em especial o de manutenção do veículo na faixa de rodagem. Nível de ruído na cabine é baixo, porém dá para sentir certa limitação de potência do motor para lidar com uma massa total de 1.366 kg. Mesmo ao apresentar respostas boas na maioria das situações, é preciso dedicar cautela em ultrapassagem mais críticas e caso o carro esteja carregado com ocupantes e bagagem. Todavia, sem chegar a causar sustos.

O novo Nissan chegará às lojas em 3 de julho, mas a pré-vendas já começou. Os preços: R$ 164.990 (Sense), 175.990 (Advance), R$ 182.490 (Exclusive) e R$ 199.000 (Platinum). As três primeiras versões, no entanto, têm valores especiais de lançamento, respectivamente R$ 159.990, R$ 167.990 e R$ 177.990. A de topo de linha oferece um plano especial de 18 vezes com taxa zero e bônus de R$ 5.000 na troca de um veículo usado.

Balanço positivo do Festival Interlagos 2025 Automóveis

Balanço da organização apontou 125,9 mil visitantes e 27 marcas expositoras das quais 19 apresentaram 24 novidades. Área de exposição de 110.000 m², no autódromo de Interlagos, incluiu os boxes, seus mezaninos e a pista do circuito. Foram organizados cerca de 25.000 testes, contando os dias separados para automóveis e motocicletas.

Principais novidades na ordem em que foram apresentadas:

GWM

Picape média Poer P30 e o SUV grande de luxo Haval H9. A produção em Iracemápolis (SP) começa em agosto. Ambos têm motorização exclusivamente diesel de 186 cv/48,9 kgf·m, tração 4×4 e câmbio automático de nove marchas.

Honda

Civic Advanced Hybrid, sedã médio importado, teve avanços em sistemas de assistência à condução e conectividade continua como única versão do modelo que já foi fabricado no Brasil. Além do City Hatchback Touring Sport, estreou o HR-V 2026.

RAM

Novo motor Cummins V-6 turbodiesel, 6,7 L, 436 cv e 149 kgf·m e câmbio automático de 8 marchas para picapes 2500 e 3500. Mudanças também na grade, faróis de LED, lanternas e para-choque. Vendas em setembro.

BMW

Reestilização do i4 M50 com dois motores elétricos e 544 cv, novo M2 mais potente com 480 cv e M3 personalizado.

MINI

Novos modelos da família JCW (John Cooper Works), incluindo o conversível. Em breve chega a versão elétrica do hatch com 238 cv.

Fiat

Lançou Pulse e Fastback Abarth 2026 com mudanças na grade, para-choque, rodas de 18 pol. escurecidas, teto solar panorâmico elétrico, bancos redesenhados e motor turbo flex, 1,3 L, até 185 cv e 27,5 kgf·m.

Omoda/Jaecoo

Apresentou versão híbrida do Omoda 5 e lançou o SUV maior Omoda 7.

BYD

Revelou sua outra marca, Yangwang, para o nicho de supercarros de luxo. U8 é um SUV focado no desempenho fora de estrada, elétrico de 1.200 cv, alcance de 1.000 km (pelo padrão chinês) e pode até flutuar na água. O superesportivo U9, além do visual arrojado, tem quatro motores elétricos que somam impressionantes 1.305 cv.

Volvo

Estreia do novo XC60 híbrido plugável com 462 cv, grade redesenhada, rodas de 19 até 22 pol., suspensão pneumática, tela multimídia maior de 11,2 pol., além da versão Polestar Engineered. Já o elétrico EX30, na versão Cross Country, tem dois motores, 428 cv e alcance de 328 km.

Ford

Reestilização do SUV médio Territory, fabricado na China, com redesenho total da dianteira, mais alinhado à identidade global da marca. Sem mudanças no motor a gasolina e no câmbio automático de sete marchas.

Hyundai

Novo Kona Hybrid destaca o consumo de 18 km/l na cidade.

GAC

Mais nova marca chinesa, com cinco modelos: Hyptec HT, Aion Y, Aion V, GS4 híbrido e sedã Aion ES. Exibiu o Hyptec SSR, superesportivo elétrico que acelera de 0 a 100 km/h em incríveis 1,9 s.

BMW X2 xDrive 20i atrai pelo estilo moderno

Versão cupê do SUV X1 (modelo mais vendido de toda a linha da BMW entre os produzidos aqui e importados), o X2 destaca-se também pela imponência. Em particular o desenho do teto com uma caída suave e elegante, sem exageros. Além do corte vertical na altura da tampa do porta-malas, há um defletor que não fica no teto e sim na base do vidro sem função aerodinâmica. O conjunto óptico traseiro tem luzes delgadas e o para-choque recebeu extremidades robustas (meio exageradas).

Rodas de 20 pol. apresentam desenho discreto. Na dianteira a grade da marca alemã foi bem alargada e se distancia do duplo-rim tradicional com todos os elementos pintados de preto. Faróis são full-LED adaptativos e há iluminação de contorno na grade. Dimensões coerentes ao segmento médio-compacto: comprimento 4.567 mm; entre-eixos 2.692 mm; largura, 1.845 mm; altura, 1.575 mm, porta-malas, 560 L. Suspensões: McPherson, dianteira; multibraço, traseira.

Teto solar panorâmico fixo traz ótima sensação de amplitude interna. Volante é o tradicional, sem segmento reto e espessura típica de carro alemão. Quadro de instrumentos (10,4 pol.) integra-se à tela multimídia de 10,7 pol. Regulagem do ar-condicionado na tela desvia o olhar do motorista, contudo comando de voz resolve. Além da conexão sem fio para AndroidAuto e AppleCarPlay, celular fixado verticalmente para carregar por indução é prático, mas o aparelho fica exposto nestes tempos de insegurança urbana. Há bom espaço para pernas, cabeça e ombros no banco traseiro para dois adultos e uma criança.

Motor longitudinal, gasolina, 4 cilindros, turbo, 2-L, 204 cv e 30,6 kgf·m. Câmbio automatizado de dupla embreagem, sete marchas e tração integral automática. Dirigibilidade é destaque de todo BMW e o X2 mantém a regra, inclusive pelo muito conveniente diâmetro mínimo de giro (11,3 m). Durante avaliação por uma semana em uso urbano e rodoviário, a massa em ordem de marcha de 1.695 kg limitou aceleração de 0 a 100 km/h a 7,3 s. Fica dentro da média de uma marca premium, mas não é seu maior destaque.

Preço: R$ 406.950.

Coluna Fernando Calmon — Kicks, totalmente renovado, estreia novo motor e câmbio Read More »

Coluna Fernando Calmon — Frota brasileira de veículos continua a envelhecer

Coluna Fernando Calmon nº 1.351 — 13/5/2025

Frota brasileira de veículos continua a envelhecer
e sem melhora à vista

 

Sindipeças tem feito um trabalho bastante pormenorizado sobre a frota efetiva de veículos no Brasil. Como costumo comentar, os dados de veículos registrados oficialmente no País divulgados pela Senatran só têm certidão de nascimento, mas não de fim de vida. Pode ser até compreensível porque exigências burocráticas dificultam a baixa oficial do número do chassi. Também no fim da vida útil de qualquer veículo é difícil que o último proprietário tenha conhecimento ou enfrente a burocracia.

Em 2024, por exemplo, a frota oficial brasileira era de 123,97 milhões de unidades, um volume muito distante da realidade, embora incluam-se motocicletas, motonetas, ciclomotores, reboques e semirreboques, entre outros. Neste cenário o Sindipeças prepara todos anos seu próprio relatório de frota circulante por meio de critérios técnicos. Estes incluem taxa de sucateamento e estimativa de perda total de veículos em acidentes de trânsito, além de abandono em desmanches. O estudo norteia o volume de peças de reposição a serem fabricadas pelos mais de 500 associados de capital nacional e estrangeiro.

A soma de autoveículos e motocicletas em 2024 alcançou 62,1 milhões de unidades (48,1 milhões e 14 milhões, respectivamente), metade do que aponta a Senatran. Depois de um período de crescimento de apenas 0,8% ao ano entre 2016 e 2023, o aumento de 2023 para 2024 foi de 2,8%, sendo 2% para autoveículos e 5,7% para motos. Automóveis e motocicletas representaram 85,4% da frota total.

Chama mais atenção o envelhecimento da frota de autoveículos novos de 0 a 5 anos que encolheu de 38,5% para 22,3% entre 2015 e 2024. Em termos absolutos de 16,5 milhões para 10,7 milhões, recuo de 35,2%. Entre os veículos acima de 16 anos de uso, a representatividade subiu de 17,6% da frota em 2015 para 23,8% em 2024. Na média, a idade dos automóveis passou de 8 anos e 10 meses em 2015 para 11 anos e 2 meses no ano passado. Na mesma situação, as motos: em 2015, 85% tinham até 10 anos, caindo para 65% no ano passado.

Uma solução infalível seria um programa de reciclagem atrelado à renovação de frota e à Inspeção Técnica Veicular, esta hoje — pelo jeito, para sempre — no limbo. Trata-se de uma pauta impopular que nenhum político parece ter visão ou coragem de implantar com consequências graves para segurança de trânsito, poluição atmosférica e economia de combustível.

Brasil tem hoje 4,4 habitantes por veículo, ainda muito atrás da Argentina (2,6) e do México (2,4). Nada mudou.

Jeep terá série especial e confirma lançamento do Avenger

Depois de 10 anos e mais de 1,3 milhão de unidades produzidas na fábrica de Goiana (PE), a Jeep decidiu comemorar com uma edição especial de 1.010 unidades do SUV compacto que chegou a liderar este segmento. O Renegade teve participação decisiva nos 9,5% que a marca chegou a conquistar antes da avalanche de produtos de todos os portes, marcas e origens (nacionais e do exterior). SUVs representam, hoje, 54% de todas as vendas de veículos leves no Brasil.

A série especial do Renegade sairá por R$ 185.990 (mesmo valor do atual topo de linha). Será facilmente reconhecida pelos apliques no capô, para-lamas (inclusive alusão ao pioneiro modelo Willys, de 1953), na coluna traseira, novas rodas de 17 pol., bordados nos encostos dos bancos dianteiros e adesivos nas soleiras das portas. Faz parte do pacote kit de mochila e camiseta em alusão ao universo off-road e numeração da série em cada modelo.

Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul, confirmou R$ 13 bilhões para modernização de instalações e novos produtos na fábrica pernambucana de 2025 a 2030, cerca de 45% do total que o grupo investirá no Brasil. Três modelos Jeep são produzidos lá e outros três importados, além de Fiat Toro e Ram Rampage. A notícia mais aguardada: confirmação que o Jeep Avenger será o quarto produto nacionalizado, flagrado com camuflagem em testes, já a partir de 2026.

Cappellano ainda não informou em que fábrica o novo modelo (deverá ocupar espaço abaixo do Renegade) será produzido. Provavelmente em Porto Real (RJ), a unidade com maior capacidade ociosa, onde já estão C3, Aircross e Basalt. Avenger utiliza a mesma plataforma CMP destes três.

Produção, primeiro quadrimestre: a maior em seis anos

Nível de empregos na indústria é sustentado em especial pela produção. Vendas dependem do maior ou o menor avanço dos importados e as exportações ficam sujeitas aos mercados fora do País. O presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, apesar de destacar que as 811,2 mil unidades produzidas no primeiro quadrimestre foram o melhor resultado desde 2019, mantém a previsão de crescimento de 7,8% ao final de 2025 sobre 2024. A entidade também não alterou a estimativa de aumento das vendas internas, de 6,3% em relação ao ano passado, percentual marginalmente superior aos 5% previstos pela Fenabrave.

Hoje, há 109,5 mil funcionários nas fábricas de veículos leves e pesados: 7.500 postos de trabalho novos em um ano. Boa parte deste resultado animador (crescimento de 7,3%) deve-se ao aumento das exportações em 45%, puxadas pela reviravolta do mercado argentino que importou 151% a mais de produtos brasileiros.

Em contrapartida, Calvet demonstrou preocupação com o crescimento de 18,7% das importações de janeiro a abril, enquanto modelos nacionais só avançaram 0,2% no mesmo período. Chegaram 44.137 unidades da China, aumento de 28% em relação ao mesmo período do ano passado e que representaram 6% dos emplacamentos totais no primeiro quadrimestre.

Embora ele continue a cobrar do Governo Federal a volta das alíquotas históricas do imposto de importação (I.I.) para híbridos e elétricos, parece improvável que isso aconteça. Fato é que novas marcas chinesas continuam a chegar, embaladas por carga tributária (I.I.) bastante atraente, até julho de 2026, naqueles veículos específicos. Estreante GAC, no entanto, já anunciou produção no Brasil, em Catalão (GO), em provável parceria com a HPE (Mitsubishi), ainda sem confirmação. Pormenores, no próximo dia 23.

Apesar do falatório sobre a “realidade” de aceitação de carros 100% elétricos, as estatísticas confirmam outro fato no primeiro quadrimestre. Representam apenas 2,5% do mercado, exatamente o mesmo percentual de 2024. Para os demais: gasolina, 4,8%; híbridos, 3,7%; híbridos plugáveis, 3,7%; diesel, 11% e flex, 74,4%.

Apesar de juros altos, crescimento se mantém

Estas previsões foram confirmadas por Roger Corassa, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen, e Arnaud Mourebrun, diretor de vendas e rede da Renault, durante o Fórum AutoData Perspectivas Automóveis 2025. As vendas financiadas pelo CDC (Crédito Direto ao Consumidor) são diretamente impactadas pela taxa de juros, em torno de 30% ao ano, um dos patamares mais altos até hoje. Ainda assim, 55% dos modelos novos comercializados utilizam o CDC, percentual ainda inferior à participação histórica nas vendas, em torno de 2/3.

Estratégia das duas marcas tem sido usar seus próprios bancos para subsidiar parte dos juros e manter o crescimento dos segmentos de automóveis e comerciais leves. Corassa espera vender em ritmo acima do mercado graças ao lançamento do SUV compacto Tera, no próximo dia 25, em São Paulo (SP). Mourebrun prevê comercialização alinhada ao aumento de vendas previsto pela Fenabrave, mantido até agora em 5% sobre 2024. Este percentual foi confirmado pelo presidente da federação, Arcélio Junior, também participante do Fórum, porém poderá revisar para cima sua previsão em meados do ano.

Coluna Fernando Calmon — Frota brasileira de veículos continua a envelhecer Read More »

Coluna Fernando Calmon — Estímulos para menor consumo de combustíveis finalmente aprovados

Coluna Fernando Calmon nº 1.347 — 15/4/2025

 

Estímulos para menor consumo de combustíveis finalmente aprovados

Após demora de 10 meses, o Governo Federal finalmente assinou a regulamentação do programa Mover — Mobilidade Verde e Inovação. Trata-se de iniciativa importante para incentivar economia de combustíveis que os proprietários de veículos poderão sentir de forma paulatina. O Mover destaca-se por introduzir o conceito mais abrangente de “fonte à roda”, ou seja, controlar emissões de CO2 desde a geração de energia (elétrica ou de fonte fóssil) aos gases que saem do escapamento nos motores de combustão interna (MCI).

A meta exige grandes investimentos. Em 2031 os carros ficarão em média 12% mais econômicos, se comparados aos números de 2022. Pode parecer pouco, mas avanços nos MCI são custosos e difíceis. Dependem não apenas de turbocompressores e sim de diferentes graus de hibridização. Sem incentivos para pesquisa e desenvolvimento, os preços dos veículos iriam subir de forma imprevisível.

Especificamente em relação ao CO2, haverá redução obrigatória de 50% em 2030 sobre as emissões medidas em 2011. Incluirá a “pegada” de carbono de veículos elétricos desde a mineração de metais para baterias aos processos de produção, conceitos até agora deixados em segundo plano de forma equivocada. Neste caso, o Brasil sai à frente.

O Mover foca também em reciclagem e descarte correto de materiais. Em 2030, veículos leves deverão ter de usar 80% de material reutilizável ou reciclável. Este percentual sobe para 85% em novos projetos de modelos iniciados naquele ano.

Aspecto dos mais importantes: maior rigor em segurança passiva (estrutural) e segurança ativa (frenagem automática de emergência, câmeras 360° e alerta de mudança de faixa, entre outros). Primeiro ano de exigência será 2027, quando novos requisitos serão anunciados para 2031. Tudo isso servirá de suporte à rotulagem veicular que indicará origem de peças, níveis de segurança e eficiência energética.

Regulamentação do Mover inclui relatórios dos fabricantes sobre compromissos atendidos e enviados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para acompanhamento e fiscalização. A assinatura foi na cerimônia do início de produção do novo Kicks 2026, em Resende (RJ), previsto chegar ao mercado até junho.

Se tudo isso se implantará plenamente — o popular “sair do papel” — ninguém sabe. Contudo, é um alento saber que o Brasil, possivelmente, não ficará para trás em projetos tão abrangentes e necessários.

Calvet presidirá Anfavea com foco em grandes desafios

Fundada há 69 anos, a Anfavea reúne hoje 26 empresas associadas (inclui máquinas agrícolas e de construção) que representam cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial do Brasil ou 4% do PIB total (atualmente, 3%). Nas últimas décadas, as cinco corporações mais antigas (agora quatro) ocuparam a presidência em regime de rodízio. Em 2023, a chegada de Igor Calvet ao cargo de diretor-executivo já sinalizava mudanças. Graduado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, Calvet é mestre e doutorando em Ciências Políticas (assim, talhado ao cargo) e no dia 15 último assumiu a presidência da Anfavea.

Em entrevista exclusiva, atribuiu queda das vendas às mudanças do perfil econômico brasileiro. “É verdade que o mercado foi de 3,8 milhões de unidades em 2012 e de quase 2,8 milhões em 2019, anterior ao início da covid-19. Podemos voltar aos 2,8 milhões talvez já este ano, contudo os carros ficaram mais tecnológicos e caros, com consumo e emissões menores, renda média diminuiu, comprador mudou hábitos e exigências rumo a modelos de maior porte e preço”, ponderou.

Sobre o pleito da Anfavea de antecipar o escalonamento do imposto de importação de 35% sobre elétricos: “Não vejo viés de insegurança jurídica. Quando da regulamentação, ninguém imaginava a importação antecipada e predatória de cerca de 60.000 veículos elétricos e híbridos, como aconteceu em apenas 12 meses. O País não pode aceitar a pilhagem do seu mercado e dos empregos.”

Ele destaca investimentos já anunciados. “O conjunto de 26 empresas associadas planeja R$ 180 bilhões até 2030. O que preocupa demais é a sombra do imposto seletivo sobre automóveis, que outros países não têm e o consumidor é quem paga.” Calvet prevê que em 2040, veículos híbridos e elétricos representarão cerca 80% das vendas internas. Mas ainda tem dificuldade de apontar o percentual reservado aos elétricos.

Anfavea e RX confirmaram, no dia 16, o 31º Salão do Automóvel para 22 a 30 de novembro próximos, de volta ao Anhembi. Terá estandes padronizados, testes abertos aos visitantes e 16 marcas participantes até agora, com viés de expansão, inclusive de associados de importadores da Abeifa.

Espanha: acessório de apoio ao triângulo de segurança

Apesar de representar um dispositivo simples e de grande ajuda para a segurança de trânsito, os tempos modernos apontam para soluções mais eficientes e práticas do que o conhecido triângulo de sinalização de emergência. Fácil de usar e muito barato, sinaliza situações de risco de acidentes ou, simplesmente, panes que imobilizam o veículo por causas mecânicas e/ou elétricas. Porém, exige certo tempo até ser retirado do porta-malas e montado, além de sujeito a ventos mais fortes, inclusive o deslocamento de ar de veículos pesados.

Como complemento ao triângulo de pré-sinalização, a Espanha desenvolveu e tornou obrigatório o dispositivo eletrônico chamado V-16 que se tornará obrigatório em todo o país a partir de primeiro de janeiro próximo (ver foto). Fixado no teto, sinaliza pane ou acidente, tem luz forte e transmite, desde que acionada, a geolocalização do veículo para os órgãos de controle e segurança de trânsito.

A luz é alimentada por bateria que deve durar um mínimo de 18 meses de uso contínuo, resistir à poeira e pingos d’água. Veículos de outros países serão isentos de multas, se não usarem o V-16. 

Audi Q6 e-tron: elétrico com desempenho e estilo atraentes

Sentimento generalizado de que carro elétrico não precisa parecer elétrico, levou a Audi a trabalhar com sucesso no estilo do Q6 e-tron. Para-lamas abaulados, balanços dianteiro e traseiro curtos, grade marcante e traseira típica da marca completam este SUV cupê. Dimensões são típicas deste segmento e garantem espaço interno generoso: comprimento, 4.771 mm; entre-eixos, 2.889; largura, 1.939 mm; altura, 1.685 mm. Porta-malas volumoso: 526 L (mais 64 L na frente).

Chama atenção, logo ao sentar no banco do motorista, a imponente tela curva do multimídia de 14,5 pol. O passageiro ao lado dispõe de outra tela (10,9 pol.) cuja visão não é compartilhada com o motorista. Além do quase indispensável teto solar panorâmico, a pedaleira de aço inox dá o tom de acabamento superior. Pacote de segurança inclui nove airbags. Já o projetor de dados no para-brisa está disponível apenas no topo de linha Performance Black juntamente com rodas de 21 pol.

Disponibiliza dois motores, um para cada eixo, 194 cv/28 kgf·m, totalizando 387 cv e 54,5 kgf·m, tração integral sob demanda e acelera de 0 a 100 km/h em 5,9 s, exatamente o que se espera deste conjunto. E nada de zumbidos de alertas a pedestres que vazam para a cabine a exemplo de outros elétricos.

Comportamento em curvas de baixa, média e alta velocidades totalmente previsível, freios passam incondicional confiança porque sua massa, como todo modelo com essa motorização, chega a 2.350 kg em ordem de marcha. Ângulos de entrada (18°) e de saída (25,7°) de acordo com fora-de-estrada de até média dificuldade.

Bateria de 100 kW·h, potência de recarga de 270 kW (DC) e alcance médio de 411 km (padrão Inmetro). Tudo dentro do padrão médio atual.

Preço: R$ 529.990.

 

Coluna Fernando Calmon — Estímulos para menor consumo de combustíveis finalmente aprovados Read More »

Coluna Fernando Calmon – Renault avança ao confirmar acordo com Geely

Coluna Fernando Calmon nº 1.339 — 18/2/2025

Renault avança ao confirmar acordo com Geely no Brasil

A colaboração muito próxima entre o conglomerado chinês Geely (dono de várias marcas ocidentais como Volvo, Polestar, Lotus, smart, ZEEKR e Link &Co) e a Renault não vem de agora. Desde 1998 há grande proximidade entre as duas marcas, desde quando a empresa francesa comprou a Samsung Cars, na Coreia do Sul. A própria Geely vendeu seus produtos aqui entre 2014 e 2016. No ano passado, comercializou globalmente o total de 3,33 milhões de veículos, enquanto Renault (somadas Dacia e Alpine) 2,3 milhões, pois saiu da Rússia em 2022.

O acordo internacional anunciado, dia 17 último, entre os dois grupos mostra que o Brasil continua a atrair investimentos dos grandes grupos de fabricantes de veículos. Embora ainda precise receber aprovações de praxe de diferentes governos, o processo aqui deve ser bem rápido.

Bom lembrar que Renault e Geely são sócias em uma empresa para desenvolver mundialmente trens de força de automóveis e utilitários leves: Ampere (tração elétrica) e Horse (motores a combustão e câmbios). Esta última tem instalações modernas em São José dos Pinhais (PR), onde a Renault produz também veículos. Em 2024, a Horse foi identificada, separadamente, dentro deste complexo da grande Curitiba (PR).

Há previsão de o acerto ser rapidamente posto em prática no Brasil. Novos modelos híbridos e elétricos da Geely estarão nas concessionárias Renault, talvez já neste primeiro semestre. Geely terá ainda rede própria de concessionárias, quando o mercado nacional se expandir.

O movimento se assemelha ao anunciado recentemente pela Stellantis. O grupo confirmou o início das vendas aqui, em breve, dos produtos da marca chinesa Leapmotors, de sua total propriedade.

Apesar de a demanda por elétricos no mercado nacional ter tido queda maior do que a observada no exterior nos últimos meses, acredita-se que comece a se recuperar com início de produção local da GWM e BYD (também híbridos). Outra chinesa, GAC, igualmente se movimenta.

Fusão Honda-Nissan: novos e confusos desdobramentos

Instalou-se a luta de narrativas e em questão de horas a conturbada fusão entre as duas marcas japonesas para formar o terceiro maior conglomerado mundial de fabricantes de automóveis, continua em pauta. Informações mudam conforme vazam para diferentes fontes confiáveis como Financial Times (FT) e Bloomberg.

O que parece mais visível é a rápida deterioração de imagem do principal executivo da Nissan. Makoto Uchida, após assinar um primeiro acordo em que praticamente todas as posições-chave da possível futura empresa seriam ocupadas pela Honda, resolveu mudar de posição. Ele afirmou que não aceitaria a fabricante tornar-se simples subsidiária. Por sua vez, a Renault, que ainda detém 36% das ações da Nissan, defende a renúncia de Uchida, segundo o FT, embora Toshihiro Mibe, CEO da Honda, tenha preferido deixar de comentar este assunto.

Outros rumores apontaram que a poderosa taiwanesa Foxconn estaria cogitando investir na Nissan, embora sem objetivo de comprar suas ações bastante depreciadas na bolsa de valores de Tóquio. Talvez esse fato tenha animado Uchida. Por outro lado, a marca japonesa continua muita debilitada em meio a um severo plano de corte de empregos e de investimentos. As últimas notícias apontam a possibilidade de a Nissan fechar três fábricas, inclusive sua maior na Europa, no Reino Unido.

Agora se especula que a Honda teria concluído pela pouca consistência da escolha Nissan e-Power. Trata-se de um carro elétrico (Note), lançado em 2016, de conceito diferente. Em vez de volumosas e caras baterias de grande capacidade, energia é produzida a bordo por um gerador acionado por motor a combustão de baixa cilindrada em rotação constante, cuja corrente elétrica vai para uma pequena bateria (apenas como ponte) e desta ao motor elétrico. Também classificável de elétrico de recarga interna (independe de tomadas), continua a usar gasolina, mas com baixíssimo consumo.

A Nissan lançará dentro de dois anos uma nova geração deste tipo de modelo, nos EUA. Uma resposta às contínuas incertezas que cercam o ritmo de crescimento atual bem mais lento dos elétricos, até na China.

Prudente é esperar e assistir ao final dessa instigante novela.

Vêm aí nono e décimo airbags, agora para calcanhares

Automóveis caros ou de marcas premium dispõem de até oito airbags: dois frontais, dois laterais, dois de teto e dois de joelhos. Seus preços elevados garantem grande chance de escapar com vida — ou ferimentos leves — de acidentes de alta gravidade especialmente em estradas, onde velocidades médias são bem maiores do que no trânsito urbano. Por fim, os carros poderiam ter até 11 ou 12 airbags ao se incluírem os centrais, hoje já desenvolvidos.

A iniciativa partiu da ZF Lifetec, renomeada divisão para sistemas de segurança passiva da companhia alemã. Este inédito tipo de proteção para os pés fica debaixo do carpete e pode ser colocado tanto para o passageiro quanto para o motorista. Apresentado como Active Heel Airbag (Airbag Ativo para Calcanhares ou AAC, em tradução livre), garante um ponto de impacto estável nos calcanhares, mesmo quando o banco está recuado e os ocupantes adotam posição relaxada.

Nasceu das conclusões dos testes de colisão em laboratórios. Segundo Harald Lutz, chefe de desenvolvimento da empresa, “se o calcanhar não tiver um ponto de contato adequado, o joelho não conseguirá se apoiar corretamente no airbag de joelho, comprometendo sua eficácia. Há uma alta probabilidade de ferimentos graves nas pernas e nos pés, sem esta proteção”. Isso adicionalmente reduz o risco de lesões causadas pela torção dos pés do motorista ao baterem em estruturas como o pedal do freio.

Ainda não há data definida para esta nova proteção passiva estar disponível para fabricantes de veículos, nem previsão de preço. Fundada há 110 anos pelo conde alemão Ferdinand Adolf Heinrich August Graf von Zeppelin, inventor do famoso dirigível mais leve que o ar, a ZF atua também para indústrias marítima, ferroviária e aeroespacial. Espera oferecer o AAC, possivelmente, dentro de três anos.

Ram Rampage Rebel ganha fôlego com novo motor

Picape de porte médio e construção monobloco, mesma da Toro, tem conquistado uma parcela do mercado pela imponência e estilo arrojado. Não chega, claro, a abalar a liderança da Hilux, mas amplia as opções de escolha em um dos segmentos mais disputados e rentáveis do mercado brasileiro.

Na avalição do dia a dia, a exemplo todo modelo deste tipo e porte, apresenta restrições no uso urbano, principalmente ao se procurar uma vaga para estacionar e limitações de um diâmetro mínimo de giro de 11,9 m. O interior oferece acabamento muito bom, tela multimídia de boa definição, roteador wi-fi e carregador de celular por indução, entre outros.

Traz o novo motor 2,2 L turbodiesel que entrega potência e torque agora compatíveis com seu porte para arrancadas rápidas e enfrentar subidas. São 200 cv e 45,9 kgf·m, contra os 170 cv e 38,8 kgf·m da versão anterior. Os 30 cv e 7,1 kgf·m extras podem parecer pouco, mas fizeram a diferença no desempenho geral da Rampage 2025. Ganhou fôlego adicional para ultrapassagens seguras. Aceleração de 0 a 100 km/h em 9,8 s, já estimado erro do velocímetro.

Encarou bem o off-road em terrenos desafiadores, como lama, areia e trechos acidentados. Consumo médio de diesel foi um pouco melhor (entre 5% e 10%) que o padrão de homologação de 10,6 km/l, urbano e de 13,3 km/l, rodoviário. Alcance urbano e rodoviário supera 600 km e 800 km, respectivamente, graças ao eficiente câmbio automático de nove marchas e ao tanque de 60 litros.

Preço: R$ 265.990.

__________________________

Ressalva: Valor atual do Hyundai Creta Ultimate 2025, avaliado na coluna anterior: R$ 196.990,00

 

Coluna Fernando Calmon – Renault avança ao confirmar acordo com Geely Read More »

Coluna Fernando Calmon — Multa “herdada” pode ser cancelada

Coluna Fernando Calmon nº 1.337 — 4/2/2025

Multa “herdada” pode ser cancelada,se projeto
de lei for, afinal, aprovado

Uma das situações mais injustas que assolam o motorista brasileiro ganhou possibilidade de deixar de existir. Em sessão na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, em Brasília, no último dia 28 de janeiro, deu-se o primeiro passo para encerrar a controvérsia.

Você adquire um carro usado, não há multa de trânsito a pagar e depois é surpreendido por cobrança de infrações do proprietário anterior lançadas no sistema após a transferência legal.

Segundo a Agência Câmara de Notícias, o relator Gilberto Abramo (Republicanos-MG) defende que “o comprador não deve ser surpreendido com débitos anteriores, depois de quitar todas as dívidas relacionadas ao veículo. Questão de segurança jurídica em prol de quem age de boa-fé”. Detrans, na verdade, se acomodaram e processam multas com até meses de atraso. Só querem receber, não interessa de quem. O dono anterior tem endereço para ser cobrado, todavia nada se faz.

Porém, é bom não se animar. Ainda depende de aprovação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e depois pela Câmara e o Senado. Assim, sem previsão.

Por outro lado, um absurdo legislativo atenta de novo contra o bolso e a segurança do motorista. A volta de exigência (hoje opcional, mas nenhum fabricante de veículo leve o inclui, em praticamente todo o mundo) do extintor de princípio de incêndio. Desta vez apoiada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), não resiste a qualquer análise técnica. Até companhias de seguro reconhecem risco tão baixo que eventual seguro de incêndio fica embutido entre outras coberturas.

Técnicos do Corpo de Bombeiros também se opõem à proposta porque dos motoristas não se exige nenhum treinamento para manusear tal equipamento.

É provável que esta nova tentativa fracasse, pois só atende fabricantes de extintores.

Fusão Honda, Nissan e Mitsubishi em risco de azedar

Notícia vem da Nikei, prestigiosa publicação japonesa de negócios, porém o alcance terá que aguardar. A fusão estimada em US$ 60 bilhões, que criaria o terceiro grupo automobilístico mundial (atrás de Toyota e VW), teria azedado porque a Nissan não gostaria de ser tratada como simples subsidiária. Mitsubishi, por sua vez, entrou em compasso de espera. No meio do imbróglio, a Renault também quer ser ouvida, pois detém 36% do capital da Nissan. Honda já havia superado a Nissan no Japão (terceiro maior mercado doméstico do mundo).

Claro que há rusgas, todavia a Nissan permanece em posição bem frágil, inclusive passa por severo processo de enxugamento de atividades e corte de funcionários. Se for atingida de forma profunda pelas tarifas de importação que o novo governo americano colocou sobre o México, onde tem posição industrial muito forte, pode sofrer ainda mais.

Crescimento de marcas chinesas traz alertas

Situação que merece atenção é o que acontece na China. Difícil saber se a atual produção em torno de 30 milhões de unidades anuais (incluídos caminhões e ônibus) continuará a se expandir, como se projetava. Há previsão de que apenas sete grandes grupos fabricantes sobreviverão até 2035.

As portas se fecharam para exportações chinesas de automóveis aos EUA e à União Europeia com altas tarifas impostas pelos dois blocos econômicos. Nos EUA, nem produção interna de carros chineses, hoje, é possível. Quanto à Europa, não se sabe se a estratégia de produzir em países periféricos para escapar dos custos trabalhistas e industriais dos grandes mercados dará certo.

BYD é a empresa escolhida pelo governo centralizador e interventor chinês como campeã nacional e a marca mostrou crescimento exponencial ao se tornar a maior no mercado interno e de exportação. Basta a ver a frota de navios ro-ro (exclusivos para veículos) colocada à sua disposição, inclusive usados no Brasil para driblar o impacto do aumento (aliás, bem camarada) do imposto de importação sobre elétricos e híbridos.

Para complicar há rumores de que, possivelmente, a Anfavea iniciará ação antidumping por concorrência desleal de marcas chinesas. Assunto é delicado porque nem todas estas agem da mesma forma. Stellantis passará a importar (previsão abril) a marca chinesa Leapmotors, enquanto a GM escolheu a Baojun. No entanto, a primeira também anunciou 1.500 novos empregos no Brasil, 90% Betim (MG) e 10% Porto Real (RJ).

Kardian com câmbio manual acelera melhor

Embora a preferência por câmbios automáticos tenha subido em alto grau (70% das vendas totais em 2024, incluídos os comerciais leves), ainda há — e haverá por bom tempo — um mercado para modelos compactos com câmbio manual. Além de serem mais baratos, existe hoje quem valoriza a sensação de esportividade e de maior controle sobre o carro. Os automáticos gastavam muito combustível, mas isso diminuiu bastante com ajuda da eletrônica. No Brasil, a guinada de escolha dos compradores foi rápida: em modelos médios e grandes a preferência é de quase 100%.

Neste contexto está o SUV compacto Kardian com câmbio manual de seis marchas (R$ 106.990), cerca de 10% ou R$ 11.000 a menos que o automático. Como já avaliei o mesmo modelo automático (também de seis marchas), lançado em março do ano passado, o foco está agora no manual disponível desde outubro último. Engates precisos e macios agradam bastante e a ré sincronizada facilita seu engate. O sistema liga-desliga o motor em paradas exige acionar o pedal da embreagem para religá-lo. Porém, acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 s, cerca de 1 s melhor que o automático e isso sempre atrai.

Economia de combustível em uso urbano foi quase inexistente comparada à da versão automática, anteriormente testada, também com gasolina no tanque. Segundo números de homologação do Inmetro, o consumo em ciclo urbano padronizado com câmbio manual é até maior do que com o automático: 12,3 km/l contra 13,1 km/l. Diferença de 6% a favor deste sobre aquele, segundo o instituto aferidor. No ciclo rodoviário, a vantagem do manual não chega a 1%.

Consumo sempre traz variações em razão não apenas do conhecimento do motorista ao manusear a alavanca de câmbio. No trânsito pesado o cansaço aumenta e a tendência é retardar a troca de marchas. No automático a mudança independe da ação de quem está ao volante. Em vários destes modelos há ainda um modo selecionável de economia.

Assim, melhor esquecer o que já foi o automático no passado, salvo continuar, obviamente, mais caro que o manual.

Picape Ranger 4×2 foca em relação custo-benefício

A picape média da Ford, na versão “Black”, é boa opção de custo-benefício para quem pode dispensar a tração 4×4. Ao preço sugerido de R$ 219.990 mantém o câmbio automático, deu uma enxugada em itens de conforto e comodidade, no entanto manteve a boa tela multimídia vertical de 12 pol.

Essa nova versão da Ranger parece mirar mesmo na Toro que, apesar de dimensões menores (inclusive na caçamba com 313 litros a menos), perde em capacidade total de carga por apenas 21 kg em relação à picape americana. A “Black” ficou também sem bancos elétricos, abertura das portas por chave presencial e freio de estacionamento de imobilização automática (auto-hold).

Coluna Fernando Calmon — Multa “herdada” pode ser cancelada Read More »

Coluna Histórias & Estórias – Por Chico Lelis

A ideia dessa coluna começou quando ouvi duas histórias de compras de carros usados. Do sobrinho de um amigo e a neta de outro. Compraram carros usados sem verificar as condições dos mesmos. Só me procuraram depois que os problemas começaram a aparecer, como descobrir que um dos modelos era carro de leilão e o outro tinha sido envolvido em um acidente.

Expliquei que eu trabalhara em uma fábrica de automóveis e estava no ramo desde 1970, mas que isso não me qualificava para saber se um carro está em boas condições ou não. Por isso, fui buscar informações com o  Marcos Camargo, que coordena uma feira de automóveis, todo domingo, no Expo Center Norte e no Shopping ABC (www.autoshow.com.br).

Ele disse o que eu já dissera aos dois jovens: não se compra um carro sem antes verificar suas reais condições, começando por pedir o laudo cautelar ou levar o carro para fazer laudo. Este documento revela o histórico do carro e uma análise completa da estrutura do veículo. Ele tem validade jurídica e é o mesmo em qualquer local credenciado pelo Detran.

Mas, além disso, vale uma verificação por fora do carro, observando a uniformidade da pintura, nas cores e no alinhamento das portas, porta malas e capô. Marcos adverte para se dar atenção aos sinais de desgaste: carro com baixa quilometragem não pode ter volante, pomo do câmbio e pedais desgastados ou novos demais. Desgaste e quilometragem baixa são incompatíveis.

Também é preciso, acrescenta, desconfiar de anúncios que mostram “carro revisado”. Só que o anunciante não tem uma um único comprovante como as notas fiscais de revisão. Também é preciso pedir um histórico de manutenção, manual e chave reserva. 

Dentro do carro

Por dentro, aconselha Marcos, olhe com atenção os tecidos do bancos. Se eles estão muito desgastados e a quilometragem anunciada, é baixa, cuidado. Ficar de olho nos sinais de carpete removido e recolocado, que pode significar possível passagem por enchente.

Os vidros também devem ser observados com atenção. Eles devem ter a inscrição do número do chassi e logotipo do fabricante. Vidros trocados não tem gravação do chassi e nem o logotipo. Isso significa que em algum momento esse vidro foi trocado provavelmente após uma colisão.

É preciso observar também a fumaça aparente ao ligar ou dificuldade para ligar. Sempre dar a partida com o carro frio e verificar nível de óleo antes de dar a partida e ver se está no nível. Essa verificação só funciona com o motor frio.

Não deixar de testar todos os itens do carro com calma: som, ar condicionado, direção assistida, vidros elétricos, painel com todos os itens funcionando e reparar, com muito cuidado se alguma das luzes de alerta de mau funcionamento estão acesas.

O teste tem que ser bem feito. Dê uma volta no carro, não no trajeto determinado indicado pela loja, concessionária ou vendedor. Vale a pena colocar um pouco de combustível e andar em ruas, avenidas, paralelepípedo e até mesmo trecho de rodovia. Depois, estacionar em local silencioso e analisar o veículo com calma.

Coluna Histórias & Estórias – Por Chico Lelis Read More »

Coluna Fernando Calmon — Elétricos enfrentam dificuldades tanto na Europa como nos EUA

Coluna Fernando Calmon nº 1.314 — 12/8/2024

Elétricos enfrentam dificuldades tanto na Europa como nos EUA

Percalços de mercado para carros elétricos se aprofundaram no primeiro semestre deste ano. Um exemplo foi a queda brusca do Tesla Y que de automóvel mais vendido na Europa, caiu para oitavo no primeiro semestre deste ano. Segundo o especialista em análise de mercado Felipe Munoz, da JATO Dynamics, há três razões: “Sua linha de produtos limitada começa a envelhecer; a crescente concorrência de outras marcas; e estratégia de redução de preços que já não funciona com concorrentes chineses”.

Entretanto, há outras dificuldades em marcha que explicam por que houve a desaceleração tão rápida de venda na Europa e nos EUA. No segundo caso, a Automotive News aponta as panes em mais de um quarto dos postos públicos de carregamento e a dificuldade de informações precisas sobre localização que minam a confiança dos motoristas.

Na Alemanha as vendas caíram 37% em relação a dezembro com o fim dos subsídios do governo. E isso desanimou também a indústria de autopeças. A Schaeffler indicou que vai redirecionar sua produção para híbridos, numa guinada inesperada. Fabricante de chips, Infineon Technologies, afirmou que a recuperação em grande escala de veículos elétricos “ainda não está à vista” e pretende cortar 1.400 postos de trabalho.

Por fim, a Mercedes-Benz anunciou US$ 15 bilhões para voltar a investir em tecnologia de motores a combustão, seguindo a Toyota que desenvolve avanços significativos para surpreender o mercado nos próximos anos.

Novo polo de produção no Ceará suscita dúvidas

A iniciativa era esperada desde que a Ford decidiu encerrar as atividades industriais no Brasil em janeiro de 2021. As instalações em São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP) e em Camaçari (BA) já foram alienadas. Restava o terreno e uma pequena fábrica de onde saía o SUV raiz Troller já descontinuado. O governo cearense desapropriou a área em março, mas a marca levou o caso à Justiça e preferiu não se manifestar oficialmente.

O Grupo Comexport, de São Paulo (SP), que trabalha com exportação e importação, se interessou pelo projeto e reservou R$ 400 milhões (cerca de US$ 70 milhões). Trata-se de valor incompatível para investimentos que, segundo a empresa, “incluem seis modelos de nova energia (híbridos plugáveis em tomada e elétricos), para três marcas consagradas da indústria automobilística mundial”, afirmou o sócio e vice-presidente comercial, Rodrigo Teixeira.

Planos concretos serão anunciados em 2025. Trata-se de uma empresa de serviços e tem entre seus clientes Mercedes-Benz, Toyota e Volvo. No seu site identifica-se assim: “Fundada em 1973, a Comexport é a maior empresa de comércio exterior do Brasil com ampla experiência nos processos operacional, logístico, tributário, aduaneiro e financeiro”. Obviamente, nenhum dos três clientes se pronunciou. Planos industriais envolvem investimentos superiores àquele montante.

Por enquanto, apenas a Neta Auto anunciou produção no Brasil. A Toyota vai colocar à venda sua fábrica em Indaiatuba (SP), pois está transferindo produção do Corolla para Sorocaba (SP). Especula-se que esta chinesa poderia se interessar. Quanto às “três marcas consagradas” citadas é preciso esperar para ver.

2008 tem boa dirigibilidade e preços nem tanto

Agora importado da Argentina, o SUV compacto da Peugeot chega ao mercado nas versões Active (R$ 119.990), Allure (R$ 129.990) e GT (R$ 149.990) para o ano-modelo 2025. São preços de pré-venda bem interessantes, porém só válidos até o fim de agosto. Já em setembro vão aumentar em R$ 20.000, o que os tornam menos competitivos.

Permanece entre os mais atuais do segmento, por fora e por dentro. Posto de condução é o mesmo do hatchback 208, com visual bastante agradável, embora haja excesso de plástico comum. O volante ovalado permite visão privilegiada do quadro de instrumentos digital em sua inusitada posição elevada. A central multimídia de 10,3 pol. conta com suporte a Android Auto e Apple CarPlay sem fio e há carregador de bateria de celular por indução (menos na versão de entrada). No banco traseiro, largura razoável, mas o assoalho tem um túnel central.

Os faróis são de LED e as rodas de liga leve de 17 pol. apresentam desenho bem elaborado. Já o porta-malas de 374 litros, padrão VDA, deveria ser maior pois perde para o do VW Nivus (415 litros), por exemplo. Motor é sempre de 1 L turbo flex, 130 cv (E)/ 125 cv (G) e 20,4 kgf·m, associado ao câmbio automático CVT de sete marchas selecionáveis por borboletas atrás do volante. A Peugeot declara aceleração de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos.

Pacote de segurança ativa é de primeira linha e inclui, entre outros itens, a indispensável frenagem automática de emergência tão importante que passará a ser item de série em todos os carros e picapes novos nos EUA em 2029.

Primeiro contato foi breve por estradas bem pavimentadas em Alagoas, além de um pequeno trecho de terra. O 2008 mostrou bastante agilidade nas acelerações, especialmente no modo Sport. Rodar é confortável, mas o isolamento acústico na cabine é apenas regular e alguns ruídos surgem em piso irregular.

Festival Interlagos planeja crescer ainda mais

O balanço é da empresa organizadora que vislumbrou um mercado que estava adormecido e acaba de superar recorde de público no autódromo paulistano, nesta terceira edição, entre 8 e 11 de agosto últimos. No dia 8 para imprensa e nos três dias seguintes atraiu 118,7 mil visitantes e contabilizou 8,9 mil testes. No total entraram na pista 355 automóveis de 29 marcas, incluindo produtos de 19 fabricantes e importadores independentes.

Uma das novidades deste ano foi a participação da empresa gaúcha Super Carros, de Gramado (RS), especializada em aluguel para passeios curtos. Daí a diversidade de modelos no circuito como McLaren LT, Ferrari, Porsche 911 Turbo S, Lamborghini Gallardo, entre outros. Segundo a organização, a iniciativa se transformou no maior evento desse tipo no mundo com cerca de 50 expositores incluídos fabricantes de autopeças, pneus, acessórios e serviços.

Foram lançados este ano 12 modelos inéditos, entre 19 marcas, a exemplo do que acontece em tradicionais salões de automóveis. Até as mais novas chinesas, Omoda e Jaecoo, do Grupo Chery, estrearam. O empresário Márcio Saldanha, em sociedade com o jornalista Eduardo Bernasconi, criou o Festival Interlagos em 2019 apenas para motocicletas. E em 2022 estenderam-no para automóveis.

“Nunca um evento havia oferecido um pacote tão completo: oportunidade de conhecer e dirigir os carros na pista, além de possibilitar negociações de vendas”, afirma Saldanha, da Duas Rodas Mídia, do Rio de Janeiro. “Foram exatos 38.300 km rodados durante o evento, no asfalto do traçado e nas pistas (off-road e habilidade). Com zero de acidentes, saídas de pista e derrapagens”, acrescenta Bernasconi.

Já foram marcadas datas para 2025: Motos, 28 de maio a 1º de junho; Automóveis, 11 a 15 de junho. No caso de automóveis, com mais um dia de evento, há perspectiva de atrair até 200.000 pessoas.

Enquanto isso, o Salão do Automóvel, de acordo com a Anfavea, ainda enfrenta dificuldades de datas tanto no segundo semestre deste ano, quanto no primeiro de 2025. Nem a alternativa do remodelado pavilhão do Parque Anhembi apresenta disponibilidade.

 

Coluna Fernando Calmon — Elétricos enfrentam dificuldades tanto na Europa como nos EUA Read More »

Coluna Fernando Calmon — Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano

Coluna Fernando Calmon nº 1.311 — 24/7/2024

 

Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano

Na classificação entre os 16 segmentos do mercado brasileiro, estudo tradicional organizado desde 1999, a novidade é o desempenho dos híbridos e elétricos chineses. O elétrico Seal, por exemplo, dominou quase 90% entre os sedãs grandes. BYD emplacou 21% entre os híbridos com o Song Plus e 31% dos elétricos com o Dolphin. No entanto, todos os modelos elétricos somados representaram apenas 2,9% do total das vendas.

Outros modelos predominantes no mercado que alcançaram mais de 50% de participação foram Corolla (72%), BMW Séries 3/4 (68%), Strada (56%) e 911 (54%). Ainda merecem destaques os BMW M2 e M3/M4 que somados responderam por 55% entre os esportivos.

As disputas pela liderança continuaram muito fortes. Mas enquanto o Polo consolidou-se entre os compactos, outro produto da marca alemã por muito pouco deixou de seguir na ponta, pois o T-Cross somou 11,5% das vendas contra 11,2% do Creta. Foram apenas 987 unidades de diferença no semestre ou 164 unidades por mês em média.

Outras lutas equilibradas: Compass (31%) e Corolla Cross (30%) com uma diferença média de 157 unidades a cada mês. Os chineses por seu lado protagonizaram uma boa batalha entre os híbridos. Song Plus venceu o H6 por uma diferença mensal de 166 unidades. Dolphin Mini, entre os elétricos, ficou apenas dois pontos percentuais atrás do Dolphin ou 92 unidades por mês ao longo do semestre. Graças à chegada do Dolphin Mini de cinco lugares, agora em agosto, o compacto deve liderar no balanço final de 2024.

Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Sedãs de topo (baixo volume) e monovolumes (oferta reduzida) ficam de fora. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e de maior importância dentro do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.

Hatch subcompacto: Mobi, 48%; Kwid, 38%; Dolphin Mini, 14%. Elétrico entra na disputa.

Hatch compacto: Polo, 26%; Onix, 19,4%; HB20/X, 18,7%; Argo, 17,7%; Yaris, 6%; C3, 4,5%; 208, 4,4%; City, 3%. Líder Polo avançou.

Sedã compacto: Onix Plus, 30%; Cronos, 17%; Virtus, 15%; HB20S, 14,8%; Yaris, 10%; City, 6,2%; Versa, 6%; Logan, 1%. Onix Plus ainda firme.

Sedã médio-compacto: Corolla, 72%; Sentra,11%; Jetta, 7%. Corolla longe de ameaças.

Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 68%; Mercedes Classe C, 17%; Audi A5/S5/RS5, 5,5%. Mantida folga dos BMW.

Sedã grande: Seal, 87%; Panamera, 8%; Taycan, 3%. Elétrico Seal, amplo domínio.

Esportivo: BMW M2, 29%; BMW M3/M4, 26%; Mustang, 20%. BMW se impôs.

Esporte: 911, 54%; 718 Boxster/Cayman, 34%; Corvette, 4%. Território consolidado Porsche.

SUV compacto: T-Cross, 11,5%; Creta, 11,2%; Tracker, 10,6%; Kicks, 10,3%; Nivus, 9,5%; Renegade, 8,6%; HR-V, 8%; Fastback, 8%; Pulse, 7%; Tiggo 5x, 5%; Duster, 4%; T-Cross quase perde a ponta.

SUV médio-compacto: Compass, 31%; Corolla Cross, 30%; Tiggo 7, 13%. Compass sob ameaça.

SUV médio-grande: Song Plus, 19%; H6, 17%; SW4, 15%. Novo líder é híbrido plugável.

SUV grande: Cayenne, 21%; BMW X5/X6, 19%; XC90, 13%. Cayenne volta à ponta.

Picape pequena: Strada, 56%; Saveiro, 24%; Montana, 13%. Nada ameaça Strada.

Picape média (carga 1.000 kg): Toro, 23%; Hilux, 22%; Ranger, 13%. Toro por um fio.

Híbridos: Song Plus, 21%; H6, 19%; Corolla Cross, 15%. Liderança apertada.

Elétricos: Dolphin, 31%; Dolphin Mini, 29%; Ora 3%, 12%. Amplo domínio BYD.

 

Marcas no exterior desaceleram planos para elétricos

Não se trata de movimento generalizado ou muito profundo, porém denota prudência entre os fabricantes que se apegaram com grande ardor ao lançamento de vários modelos de VE (veículos elétricos) ao redor do mundo. O fato de desaceleração das vendas, que ocorre este ano, acendeu uma luz amarela com tendência para vermelho.

Mesmo na China, onde há a maior concentração de produção de VE no mundo, já se conclui que há marcas demais apostando todas as fichas. O suporte do governo com subsídios explícitos ou ocultos pode arrefecer sem aviso prévio. A ordem agora é exportar a qualquer custo. Pode ser um sinal de que o mercado interno não permaneceria tão exuberante e a atual guerra de preços pode dizimar muitos fabricantes estimados em mais de 100.

Cautela parece ser palavra de ordem e não faltam exemplos. A Ford foi uma das primeiras a comunicar mudança de planos tanto nos EUA quanto na Europa. No continente europeu a empresa americana admitiu que as ações eram ambiciosas demais. Marin Gjaja, CEO de eletrificação, disse que os clientes da marca deixaram antever este cenário. Nos EUA, já se tinha anunciado que uma fábrica projetada para veículos elétricos irá produzir mesmo picapes com motor a combustão.

A Porsche reconheceu seu otimismo além da conta. Agora admitiu um ajuste às respostas sinalizadas pelos compradores. No semestre recém-encerrado a queda nas vendas do Taycan, seu primeiro elétrico, foi de 51% na Europa, EUA e China. Aqui, vendeu apenas 69 unidades no primeiro semestre, apesar de que em 2021 tornou-se o primeiro modelo elétrico a liderar um segmento (sedãs grandes) no ranking da coluna.

Mercedes-Benz, altamente entusiasmada com VE, também mudou de ideia e decidiu olhar para híbridos plugáveis. BMW sempre disse continuar a fornecer o que o mercado pede e isso inclui modelos com motores de combustão interna (MCI).

A GM igualmente voltou atrás e decidiu investir em modelos híbridos plugáveis em tomada nos EUA. A filial brasileira pegou o gancho da matriz e anunciou híbridos convencionais para os mercados interno e externo. Stellantis e VW já seguiam a mesma diretriz. Elétricos, claro, estão nos planos das três maiores, embora nenhuma acene uma previsão de data.

Neste cenário confuso quem se destaca positivamente é a Renault que criou a divisão Horse específica para MCI. CEO do grupo francês, Luca de Meo, tem insistido junto à União Europeia que o ano de 2035 fixado para o fim das vendas de MCI necessita de “flexibilidade”.

Polo GTS resgata clássico modo de dirigir com alma

Refinamento do Polo GTS é parte do sucesso do hatch que assumiu e manteve a liderança neste segmento (21% do total do mercado) que só perde em importância para os SUVs compactos (25%). Esta versão tem preço de R$ 153.790, realmente salgado, e se torna um limitador em suas vendas para algo em torno de 5% da linha.

Para começar, o motor turbo flex, 1,4-L, 150 cv e 25,5 kgf·m (ambos os combustíveis) é suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 8,3 s, mais rápido entre os hatches. O câmbio é automático epicíclico de seis marchas e trocas por borboletas no volante. Câmbio manual descartado reflete os tempos atuais. Não chega a colar as costas no banco, porém garante uma diferenciação frente aos outros hatches. Instigante mesmo, o ronco do motor.

As suspensões mais firmes com molas, amortecedores e barra antirrolagem específicas para esta versão dão conta do recado, sem que chegue a incomodar quanto ao conforto de marcha. Necessário ter algum cuidado adicional com buracos em razão dos pneus de perfil baixo 205/45 R18. Velocidade máxima declarada de 205 km/h.

Coluna Fernando Calmon — Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano Read More »

Coluna Fernando Calmon — Recarga agrava obstáculos ao crescimento de carros elétricos

Coluna Fernando Calmon nº 1.307 — 25/6/2024

Rede de recarga agrava obstáculos ao crescimento de carros elétricos

O problema é universal e não tem sido valorizado como deveria não só no Brasil como nos países de maior grau de desenvolvimento econômico, onde há maior poder aquisitivo e, portanto, a maior frota de veículos elétricos. Um alerta neste sentido acaba de ganhar força por meio de uma informação da Acea (Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis, em francês).

“A União Europeia precisa instalar quase oito vezes mais pontos de recarga de veículos elétricos por ano do que em 2023 para atender à demanda prevista. Estamos muito preocupados com o fato de que a implantação da infraestrutura não acompanhou o ritmo das vendas de carros elétricos a bateria nos últimos anos. Essa ‘lacuna de infraestrutura’ corre o risco de aumentar em um grau muito maior do que as estimativas da Comissão Europeia”.

Outro problema é que apenas um em cada oito carregadores na Europa são de carga rápida, o que atrapalha viagens por estradas.

Nos EUA o cenário se repete. A proporção ideal, segundo o Ministério de Energia do país, é uma porta de carregamento para cada 25 veículos elétricos. Mas isso depende da composição da malha rodoviária de cada país. Alguns estudos apontam que deve haver um carregador para cada 10 veículos. O governo americano pretende ver instalados 500.000 carregadores até 2030, ou seja, cerca de 200 por dia. Mas até agora o ritmo está muito abaixo do esperado.

No Brasil, os números são pouco precisos porque há conflito de informações. Como nos EUA, a concentração de carregadores está nas cidades, quando já deveria ter avançado nas estradas.

Outro percalço começa a atingir veículos elétricos. Teve início na Nova Zelândia e agora em um estado no Canadá. Ambos passaram a taxar carros elétricos pelo uso de estrada e ruas, pois não utilizam combustíveis e, portanto, não pagam impostos que os governos precisam para manutenção. Há tempos antecipei nessa coluna que isso iria acontecer, pois os governos dependem dessas e outras receitas.

Aqui no Brasil o preço do kW.h nos postos de carregamento começou a subir, antes mesmo de o governo aumentar os impostos. E agora há uma proposta do Governo Federal para elétricos também pagarem o “imposto do pecado” sobre automóveis por sua pegada de carbono. Neste caso pela mineração dos metais e produção das baterias. Esse imposto tornaria todos os carros mais caros, mas ainda não foi aprovado.

Ainda mais rápido: Porsche Cayenne Turbo E-Hybrid

Primeiro modelo SUV de um fabricante de carros esporte, o Cayenne nasceu há 22 anos e foi responsável pela Porsche recuperar seu fôlego financeiro. O modelo teve uma versão híbrida em paralelo ainda em 2010, quando esta solução estava muito pouco difundida. Agora a linha inclui nada menos de 11 versões, somando as carrocerias SUV e SUV cupê, com preços entre R$ 770.000 e R$ 1.410.000, das quais cinco são híbridas plugáveis e as demais com motores a combustão V-6 e V-8.

O visual da linha 2025 mudou pouco, mas dá para reconhecer modificações nos faróis, grade e lanternas, novas rodas, além de lanternas traseiras e nova tampa do porta-malas de 539 litros. Não tem estepe, mas a fábrica fornece um sob pedido protegido por uma capa. No interior, mudanças na alavanca de câmbio que saiu do console para o painel totalmente novo de ponta a ponta, além de um novo botão de partida acionado pela mão esquerda como todo Porsche. Carregamento do celular por indução recebeu refrigeração. Há um senão: regulagem de distância do volante não é elétrica. Acabamento de alto nível, padrão da marca.

Coube-me a versão Turbo E-Hybrid na viagem de teste entre São Paulo e Itu (SP). O renovado V-8 biturbo, 4-litros, 599 cv e o motor elétrico de 176 cv entregam a potência combinada de 739 cv e torque combinado de incríveis 96,6 kgf·m. Mais surpreendente é aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 3,7 segundos para um carro de tração integral sob demanda e massa em ordem de marcha de impressionantes 2.490 kg.

O Cayenne apresentou-se sempre sob controle total, direção bastante precisa, equilíbrio surpreendente em curvas (comportamento neutro a levemente subesterçante quando muito exigido) e freios de grande potência típicos da marca. Nem parece tratar-se de um carro com quase 2,5 toneladas.

BYD King para fazer frente ao Corolla

Primeiro híbrido plugável em tomada da categoria dos médios-compactos, King chega com força ao mercado. Sedãs deste porte estão em declínio pelo forte avanço dos SUVs. O principal concorrente e atual líder do segmento, Corolla híbrido, não é plugável.

O King tem distância entre eixos de 2.718 mm quase a mesma do modelo japonês (2.700 mm), mas a diferença no comprimento é marcante: 4.780 mm contra 4.630 mm. Também é mais largo (1.837 mm) e mais alto (1.495 mm), porém ainda assim perde no porta-malas: 450 L contra 470 L. Diferença pequena, mas desvantajosa pois dispensou o estepe e o Corolla, não.

Interior inclui materiais de boa qualidade e tela giratória de 12,8 pol. que, no fundo, não faz diferença. Pode espelhar (com fio) Android Auto e Apple CarPlay. Para cortar preço, a BYD dispensou itens de segurança como frenagem autônoma de emergência e alertas de pontos cegos, entre outros, presentes no Corolla.

O modelo chinês combina motor 1,5 L aspirado de 110 cv com um elétrico de 180 cv, 32,2 kgf·m na versão GL e 197 cv, 33,1 kgf·m na GS. Potência somada de 209 cv e 235 cv, respectivamente. Acelerações de 0 a 100 km/h em 7,9 s e 7,3 s bem melhores que o Corolla. Alcance de 80 km (ciclo Inmetro) no modo elétrico e no total 806 quilômetros na cidade e 720 quilômetros na estrada.

Avaliação no estacionamento de shopping center foi muito limitada. Apenas deu para sentir posição de dirigir e comportamento em curvas de baixa velocidade muito bons.

Preço também atrai: R$ 175.800 (GL) e R$ 187.800 (GS).

Coluna Fernando Calmon — Recarga agrava obstáculos ao crescimento de carros elétricos Read More »

Coluna Histórias & Estórias – Por Chico Lelis

Como foi bom ter estudado francês e latim

Nos meus tempos de ginásio (qual é o nome equivalente hoje?) tive dois professores dos quais me lembrei muito quando fiz duas viagens: uma para a Itália e outra para a França, nos anos 82 e 83, respectivamente. Um deles, Antonio Vietti, que ensinava Latim e a professora Chiquita (querida mestra, cujo nome completo eu nunca soube), que lecionava Francês, o idioma de De Gaulle, no qual me inspirei para criar um mal-estar em um hotel parisiense.

Convidado pela Fiat, quando trabalhava em O Globo (Sucursal de São Paulo), aproveitei a viagem para fazer um prolongamento após visita à fábrica e à pista de testes. De Turim, voei para Roma, a Cidade Aberta (filme de Roberton Rosselini, 1945 com Ana Magnani). Ao descer, uma grata surpresa. Havia “sciopero” (a pronúncia é chópero) e não tive que enfrentar fila na Imigração.

Tomei um táxi para o hotel, bem simples, como pedi na avenida Santa Croce in Gerusalemme, indicado pelo pessoal de Imprensa da Fiat.

Falante, o motorista começou perguntando se eu conhecia essa “bela macchina”, o modelo Fiat, claro. Falou da performance do carro, não lembro o modelo (só sei que era branco), da economia e do conforto, ainda bem porque foram quase duas horas dentro dele. Perguntou de onde eu vinha, o que ia fazer em Roma, blá, blá, blá blá.

– Conheço essa língua, pensei eu.

E, imediatamente, me veio à memória a figura do estimado professor Vietti, um perfeito “oriundi”, sempre elegante, com seus ternos de linho, montado em sua moto preta, uma Norton.

Pedi ao motorista que falasse mais devagar: “per favore, parli lentamente”.E começamos a conversar, com ele contando que havia uma manifestazionne de vecchios (que nunca pararam pois, como aqui, na Itália a aposentadoria é pouca) no caminho e iria atrasar a fazer a corrida mais cara.

Fazer o que, mas comecei a falar com ele, que me perguntou qual dialeto eu falava. Expliquei que estudei Latim na escola e logo entendeu. Afinal, Latim é a língua da qual se originam os idiomas falados aqui e pelo motorista italiano.Chegando ao hotel (em cujos corredores, à noite, se ouviam “ais e uis” em profusão, que me fez crer tratar-se de um “daqueles”) o motorista me disse, para minha alegria e surpresa, que me daria um desconto no valor da corrida, pelo meu “Latim” e em homenagem a Pelé, que ele citou várias vezes no caminho que durou quase uma hora.

Sem perguntar nada, cheguei!

Na manhã seguinte, tomei café em uma cafeteria distante duas quadras do hotel (os “ais e “uis” pararam lá pelas 23 horas e dormi tranquilo). Me surpreendi porque a casa não era aberta como nossos café, bares e restaurantes, mas fechadas com portas de vidro.Tomada o desjejum, um belo caffèlate, pane e burro. (Não preciso traduzir, certo?) resolvi ir ao Coliseu.

Quando ia chegando perto de uma pessoa, resolvi seguir meus instintos e nada perguntar. Primeira à direita, fui reto por três ou quatro quadras, entrei à esquerda, mais um trecho em frente e, ao entrar na primeira à esquerda, eis que surge, majestosamente desgastada pelo tempo, o belo Coliseu. Sentei na calçada e chorei de emoção.Fiz a visita, senti todas as vibrações que os cristãos deixaram para o tempo; ouvi os gritos da multidão condenando à morte os gladiadores vencidos. Emoção pura.

Depois andei à vontade, sem me preocupar com a volta. Na hora do almoço, entrei em um restaurante e pedi um peixe. O garçom, muito solicito me advertiu que o peixe bom só chegaria no dia seguinte: “oggi é gioverdi e il pesce buno arriverà solo domani”. Era quinta-feira e o peixe bem só viria no dia seguinte.E sugeriu uma pasta. Ótima!!!No dia seguinte, usando meu “largo conhecimento” das ruas romanas, decidi ir ao Vaticano, sem nada perguntar. Tal e qual no dia anterior.

E cheguei à maravilhosa praça São Pedro, com poucas pessoas circulando por ali. Visitei a Capela Sistina. É impossível não olhar apenas para a decoração do seu teto, com afrescos de Michelangelo, Rafael, Perugino e Sandro Botticelli. Algo que mais me encantou e emocionou foi visitar os túmulos dos Papas, principalmente quando cheguei até o de Pio XII, o primeiro do qual ouvir falar na minha vida.

Lembro dele e do frei José Mojica, ex ator de Hollywood, que me serviu a hóstia na missa celebrada no aterro do Flamengo, em 1955, quando eu lá tinha meus nove anos. (Só descobri isso quando vi a capa da revista Manchete e lá estava ele, servindo a hóstia para meus colegas do Colégio de Religiosas onde estudava no Rio de Janeiro, no bairro do Grajaú).  Fui no Google para ver se o hino que tinha na memória era mesmo o do Congresso. Não contive a emoção quando consegui acompanhar parte da letra.

No centro “vecchio” de Roma andei por Trastevere, o mais antigo bairro da cidade, com suas viela estreitas, ruas em paralelepípedos (muitas ruas em São Paulo eram assim e, carros V8 e V6, de tração traseira, quando acelerados com força, iam se perder no muro mais próximo) e muitas casas tinham suas paredes sustentadas por tapumes (pelo mesmo era assim quando passei por elas).Depois, peguei o meu primeiro modelo Abarth, um Fiat Ritmo, cuja história já contei aqui (https://autoentusiastas.com.br/2022/12/o-primeiro-abarth-a-gente-nunca-esquece/) e fomos para Veneza, para o Hotel Walter, que reservei pelo telefone, pois já “dominava” o meu Latim/Italiano.

Em Paris, lembrando da professora Chiquita

Ela era muito enérgica, dona Chiquita. O menor deslize e ela mandava esperar lá fora, debaixo da escada. Eu nunca fui castigado. Eu gostava e gosto do Francês (principalmente dos números: 40 é quatre-vingts: 90 é quatr-vingt-dix) apesar do problema que enfrentei, certa vez, no Hotel Mèridien, em Paris. (Abro um parêntese aqui para dizer que os melhores dias de hotel que passei na vida, foi no Mèridien, aquele de Salvador, no Rio Vermelho, dirigido por Fernando Chabert e gerenciado por Ernesto Sousa; e onde meu querido amigo, Paulinho Brandão), promovia a melhor feijoada do mundo, todo carnaval. E eu ia em todas!.

Mas em Paris, nada de cassoulet, a feijoada francesa.Bem, eu nem lembro qual foi a fábrica que me convidou para ir a Paris, sei que não foi nenhuma francesa. Sorry! Mas ela me hospedou em um dos   Mèridien da capital francesa. Bem, eu tinha que ir até a Cité Universitaire (Cidade Universitária) para encontrar amigos, no dia em que nada estava programado pelo meu anfitrião.Do apartamento tentei falar com o telefone da Citè, mas não conseguia linha.

Na terceira vez desci até a Recepção e fiz uma reclamação, usando o Francês que aprendi nas aulas da dona Chiquita.Desci duas vezes mais e nada de solução para o problema com o telefone do meu apartamento. Na quarta descida, cheguei calmamente e, o mesmo recepcionista, sorridente me perguntou o que eu desejava.

Dei um tapa no balcão que estremeceu o hotel e, num tom mais elevado que o meu normal:- Ce n’est pa un hotel sérieux! (*)Todos no saguão, assustados,  olhavam para mim e o funcionário da casa. Ele sabia o que eu queria e estava arrependido pelo seu atendimento falando “Je suis désolé, pardon monsieur. Je sui désolé”.Foi a maior correria. Imediatamente surgiu um funcionário com um telefone nas mãos, pedindo que eu o seguisse.

Como era um português, não precisei gastar o meu Francês com ele. Era apenas um problema com o cabo e, com o telefone trocado, falei com a Citè e fui encontrar os amigos para tomar um delicioso panaché (cerveja com soda-limonada)  às 20;30 horas, na ainda ensolarada Paris naquele verão.

Baseado em De Gaulle

(*) Essa frase, trocando “hotel” por “país”, é atribuída ao estadista francês, Charles De Gaulle, quando de uma de suas visitas ao Brasil. Ele nega, mas eu acho que foi resultado de uma das inaugurações da aciaria da Cosipa (foram duas ou três), quando ele se deparou com um pedido inusitado do fotógrafo de A Tribuna, José Dias Herrera.

Apesar de estar em Santos, ao lado de Cubatão, onde ficava a então Cosipa, hoje Usina Presidente Vargas, do grupo Arcelo Mittar, o “Zezinho”, como era conhecido entre nós, chegou atrasado, depois que De Gaulle já havia apertado o botão acionando os novos fornos da siderúrgica.

Mas “Zezinho” não se abalou. Aproximou-se da autoridade francesa e, apesar de ser muito mais baixo, pelo menos 20 cm que ele, esforçou-se e tocou no seu ombro e disse:

– Monsiuer, s’il vous plait.

Gentil, De Gaulle “reinaugurou” mais uma etapa da aciaria da então Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista).

O líder francês negou ser de sua autoria essa frase, mas, depois desta ação do querido “Zezinho” Dias Herrera, não seria difícil que De Gaulle tenha, pelo menos pensado, em algo assim. Certo?

Coluna Histórias & Estórias – Por Chico Lelis Read More »

Rolar para cima
https://www.bnnp-jateng.com/ https://disdukcapil-kotasorong.com/ https://www.springfieldstreetchoir.org/ https://www.sudagroindustries.com/