Fenabrave

Coluna Fernando Calmon — Frota brasileira de veículos continua a envelhecer

Coluna Fernando Calmon nº 1.351 — 13/5/2025

Frota brasileira de veículos continua a envelhecer
e sem melhora à vista

 

Sindipeças tem feito um trabalho bastante pormenorizado sobre a frota efetiva de veículos no Brasil. Como costumo comentar, os dados de veículos registrados oficialmente no País divulgados pela Senatran só têm certidão de nascimento, mas não de fim de vida. Pode ser até compreensível porque exigências burocráticas dificultam a baixa oficial do número do chassi. Também no fim da vida útil de qualquer veículo é difícil que o último proprietário tenha conhecimento ou enfrente a burocracia.

Em 2024, por exemplo, a frota oficial brasileira era de 123,97 milhões de unidades, um volume muito distante da realidade, embora incluam-se motocicletas, motonetas, ciclomotores, reboques e semirreboques, entre outros. Neste cenário o Sindipeças prepara todos anos seu próprio relatório de frota circulante por meio de critérios técnicos. Estes incluem taxa de sucateamento e estimativa de perda total de veículos em acidentes de trânsito, além de abandono em desmanches. O estudo norteia o volume de peças de reposição a serem fabricadas pelos mais de 500 associados de capital nacional e estrangeiro.

A soma de autoveículos e motocicletas em 2024 alcançou 62,1 milhões de unidades (48,1 milhões e 14 milhões, respectivamente), metade do que aponta a Senatran. Depois de um período de crescimento de apenas 0,8% ao ano entre 2016 e 2023, o aumento de 2023 para 2024 foi de 2,8%, sendo 2% para autoveículos e 5,7% para motos. Automóveis e motocicletas representaram 85,4% da frota total.

Chama mais atenção o envelhecimento da frota de autoveículos novos de 0 a 5 anos que encolheu de 38,5% para 22,3% entre 2015 e 2024. Em termos absolutos de 16,5 milhões para 10,7 milhões, recuo de 35,2%. Entre os veículos acima de 16 anos de uso, a representatividade subiu de 17,6% da frota em 2015 para 23,8% em 2024. Na média, a idade dos automóveis passou de 8 anos e 10 meses em 2015 para 11 anos e 2 meses no ano passado. Na mesma situação, as motos: em 2015, 85% tinham até 10 anos, caindo para 65% no ano passado.

Uma solução infalível seria um programa de reciclagem atrelado à renovação de frota e à Inspeção Técnica Veicular, esta hoje — pelo jeito, para sempre — no limbo. Trata-se de uma pauta impopular que nenhum político parece ter visão ou coragem de implantar com consequências graves para segurança de trânsito, poluição atmosférica e economia de combustível.

Brasil tem hoje 4,4 habitantes por veículo, ainda muito atrás da Argentina (2,6) e do México (2,4). Nada mudou.

Jeep terá série especial e confirma lançamento do Avenger

Depois de 10 anos e mais de 1,3 milhão de unidades produzidas na fábrica de Goiana (PE), a Jeep decidiu comemorar com uma edição especial de 1.010 unidades do SUV compacto que chegou a liderar este segmento. O Renegade teve participação decisiva nos 9,5% que a marca chegou a conquistar antes da avalanche de produtos de todos os portes, marcas e origens (nacionais e do exterior). SUVs representam, hoje, 54% de todas as vendas de veículos leves no Brasil.

A série especial do Renegade sairá por R$ 185.990 (mesmo valor do atual topo de linha). Será facilmente reconhecida pelos apliques no capô, para-lamas (inclusive alusão ao pioneiro modelo Willys, de 1953), na coluna traseira, novas rodas de 17 pol., bordados nos encostos dos bancos dianteiros e adesivos nas soleiras das portas. Faz parte do pacote kit de mochila e camiseta em alusão ao universo off-road e numeração da série em cada modelo.

Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul, confirmou R$ 13 bilhões para modernização de instalações e novos produtos na fábrica pernambucana de 2025 a 2030, cerca de 45% do total que o grupo investirá no Brasil. Três modelos Jeep são produzidos lá e outros três importados, além de Fiat Toro e Ram Rampage. A notícia mais aguardada: confirmação que o Jeep Avenger será o quarto produto nacionalizado, flagrado com camuflagem em testes, já a partir de 2026.

Cappellano ainda não informou em que fábrica o novo modelo (deverá ocupar espaço abaixo do Renegade) será produzido. Provavelmente em Porto Real (RJ), a unidade com maior capacidade ociosa, onde já estão C3, Aircross e Basalt. Avenger utiliza a mesma plataforma CMP destes três.

Produção, primeiro quadrimestre: a maior em seis anos

Nível de empregos na indústria é sustentado em especial pela produção. Vendas dependem do maior ou o menor avanço dos importados e as exportações ficam sujeitas aos mercados fora do País. O presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, apesar de destacar que as 811,2 mil unidades produzidas no primeiro quadrimestre foram o melhor resultado desde 2019, mantém a previsão de crescimento de 7,8% ao final de 2025 sobre 2024. A entidade também não alterou a estimativa de aumento das vendas internas, de 6,3% em relação ao ano passado, percentual marginalmente superior aos 5% previstos pela Fenabrave.

Hoje, há 109,5 mil funcionários nas fábricas de veículos leves e pesados: 7.500 postos de trabalho novos em um ano. Boa parte deste resultado animador (crescimento de 7,3%) deve-se ao aumento das exportações em 45%, puxadas pela reviravolta do mercado argentino que importou 151% a mais de produtos brasileiros.

Em contrapartida, Calvet demonstrou preocupação com o crescimento de 18,7% das importações de janeiro a abril, enquanto modelos nacionais só avançaram 0,2% no mesmo período. Chegaram 44.137 unidades da China, aumento de 28% em relação ao mesmo período do ano passado e que representaram 6% dos emplacamentos totais no primeiro quadrimestre.

Embora ele continue a cobrar do Governo Federal a volta das alíquotas históricas do imposto de importação (I.I.) para híbridos e elétricos, parece improvável que isso aconteça. Fato é que novas marcas chinesas continuam a chegar, embaladas por carga tributária (I.I.) bastante atraente, até julho de 2026, naqueles veículos específicos. Estreante GAC, no entanto, já anunciou produção no Brasil, em Catalão (GO), em provável parceria com a HPE (Mitsubishi), ainda sem confirmação. Pormenores, no próximo dia 23.

Apesar do falatório sobre a “realidade” de aceitação de carros 100% elétricos, as estatísticas confirmam outro fato no primeiro quadrimestre. Representam apenas 2,5% do mercado, exatamente o mesmo percentual de 2024. Para os demais: gasolina, 4,8%; híbridos, 3,7%; híbridos plugáveis, 3,7%; diesel, 11% e flex, 74,4%.

Apesar de juros altos, crescimento se mantém

Estas previsões foram confirmadas por Roger Corassa, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen, e Arnaud Mourebrun, diretor de vendas e rede da Renault, durante o Fórum AutoData Perspectivas Automóveis 2025. As vendas financiadas pelo CDC (Crédito Direto ao Consumidor) são diretamente impactadas pela taxa de juros, em torno de 30% ao ano, um dos patamares mais altos até hoje. Ainda assim, 55% dos modelos novos comercializados utilizam o CDC, percentual ainda inferior à participação histórica nas vendas, em torno de 2/3.

Estratégia das duas marcas tem sido usar seus próprios bancos para subsidiar parte dos juros e manter o crescimento dos segmentos de automóveis e comerciais leves. Corassa espera vender em ritmo acima do mercado graças ao lançamento do SUV compacto Tera, no próximo dia 25, em São Paulo (SP). Mourebrun prevê comercialização alinhada ao aumento de vendas previsto pela Fenabrave, mantido até agora em 5% sobre 2024. Este percentual foi confirmado pelo presidente da federação, Arcélio Junior, também participante do Fórum, porém poderá revisar para cima sua previsão em meados do ano.

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Coluna Fernando Calmon — Previsões para o ano continuam boas

Coluna Fernando Calmon nº 1.350 — 6/5/2025

Feriados em abril impactaram vendas, mas previsões
no ano continuam boas

De fato, como observou a Bright Consulting, pela primeira vez desde o fim da pandemia da covid-19 houve recuo na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que também afetou o crescimento acumulado de vendas este ano: de 7,1% baixou para 3,6%. A razão foram dois dias úteis a menos sobre abril de 2024 e um dia a menos sobre março de 2025. Na soma dos quatro primeiros meses deste ano a comercialização de veículos leves e pesados subiu de 735.200 para apenas 760.288 unidades.

Apesar deste crescimento modesto, a Fenabrave mantém inalterada sua previsão inicial, anunciada em janeiro último, de vendas em torno de mais 5% sobre 2024, embora admita uma revisão ao final do primeiro semestre. Um recorte sobre o número de automóveis e comerciais leves elétricos e híbridos vendidos no período de janeiro a abril deste ano mostra um cenário de certa forma surpreendente, quando comparado ao primeiro quadrimestre de 2024.

Enquanto os veículos elétricos a bateria caíram 15% — 20.820 para 17.691 unidades — os três tipos de híbridos somados (básico, pleno e plugável) cresceram 73% — 30.449 para 52.776 unidades. Quando se somam híbridos e elétricos o resultado fica positivo em 37%. Essa distorção ocorre porque um híbrido básico (ou semi-híbrido, em uma classificação rigorosa) é bem mais barato que o pleno e o plugável, além de muito mais em conta que um elétrico. Por isso, o termo “eletrificado” acaba por gerar distorções estatísticas, sem refletir o que ocorre de fato no mercado.

Segundo os números oficiais liberadas pela Abeifa (associação de importadores) e também tabulados pela Bright, os modelos mais vendidos por categoria no mês passado foram, em unidades: elétrico, BYD Dolphin Mini, 2.177, menos 10%; híbrido plugável, BYD Song Plus, 3.140, mais 13%; híbrido básico, Fiat Fastback, 2.447 e híbrido pleno, Toyota Corolla Cross, 951.

A BYD tem lançado campanhas agressivas de descontos para sustentar as vendas. E já anunciou outra partida da China do seu novo supernavio com cerca de 7.000 modelos importados. O sindicato de metalúrgicos de Camaçari (BA) vem expressando dúvidas sobre as contratações prometidas, mas ainda longe de se tornarem realidade pelo cenário visto até agora.

Nivus GTS na medida certa e estilo correto

Foi bater o olho e logo descobrir o que agradava mais no visual do Nivus GTS. Quer saber? A providencial retirada das barras longitudinais no teto que se transformaram num modismo e nada ou pouco acrescentam ao estilo de qualquer carro. Mesmo porque quantas vezes se vê nas estradas alguém transportando qualquer volume ou bagagem no teto? A decoração externa também é atraentemente discreta com destaque para as bonitas rodas opcionais de 18 pol., sutis filetes vermelhos, carcaças dos retrovisores em preto, assim como o teto e seu defletor traseiro que conjuga forma e função sem exageros.

O SUV cupê compacto substitui o Polo GTS e recebeu o mesmo motor turbo de 1,4 L, 150 cv e 25,5 kgf·m (com etanol ou gasolina), sempre com câmbio automático epicicloidal de seis marchas e troca manual por borboletas. Apesar de não aproveitar as características de maior resistência à detonação do etanol para entregar um pouco mais de potência e torque, acelera de 0 a 100 km/h em 8,4 s, suficiente para facilitar ultrapassagens e retomadas no dia a dia, em uso urbano ou rodoviário.

Mesmo sem faróis matrix do Polo GTS, ainda se trata de um conjunto moderno que dispensa os faróis específicos de neblina, contudo mantendo igual eficiência. No interior, destacam-se filetes vermelhos discretos, bancos dianteiros do tipo concha, carregador de celular por indução com saída de ar-condicionado regulável por botão que também estará no novo Tera, no final de maio. Central multimídia tem nova interface e internet 4G a bordo.

Particularmente muito bom o trabalho de engenharia nas suspensões desde coxins até molas, amortecedores e barra estabilizadora (antirrolagem), além de 2 mm de redução na altura. No primeiro contato no autódromo Capuava, em Indaiatuba (SP), as respostas em curvas surpreenderam positivamente por se tratar de um SUV e seu centro de gravidade mais alto. Para aumentar o nível de esportividade seria ideal um escapamento com sonoridade mais condizente com a grife GTS. Deve ter sido desconsiderado por questão de custos. Preço (sem opcionais): R$ 174.990.

Mustang com câmbio manual chega em julho

Focado em entusiastas que apreciam a direção esportiva, o Mustang GT Performance Manual está limitado a uma importação de apenas 200 unidades. Motor é o mesmo Coyote V-8, 5 litros, da versão automática, porém recebe nova calibração, 9 cv a mais, agora 492 cv, e mesmo torque de 58 kgf·m com 80% já a 2.000 rpm. Relação massa-potência de apenas 3,67 kg/cv permite acelerar de 0 a 100 km/h em 4,3 s e velocidade máxima de 250 km/h limitada eletronicamente.

A caixa manual de seis marchas permite trocas sem tirar o pé do acelerador, sempre que o motor está a mais de 5.000 rpm e o pedal do acelerador pressionado a mais de 40%. Outro destaque, o Rev Match, simula automaticamente a aceleração momentânea nas reduções tornando-as mais suaves, rápidas e sem trancos.

Há ainda recursos como Drift Brake (freio de estacionamento eletrônico para derrapagem controlada das rodas traseiras) e Line Lock (travamento das rodas dianteiras para “queimar” pneus traseiros como nas provas de arrancada), além de indicadores de tempo de volta, aceleração, frenagem, força G lateral e longitudinal e medidores de temperatura do motor, temperatura e pressão do óleo e temperatura do diferencial. Internamente, destacam-se bancos esportivos Recaro e emblema com número de série de cada exemplar. Preço: R$ 600.000. 

Motul vê diversificação como aposta certa

A empresa francesa de lubrificantes teve origem, curiosamente, nos EUA em 1853. No início, se chamava Swan & Finch, especializada em lubrificantes. De acordo com a Wikepedia, em 1932 Ernst Zaug negociou a distribuição na França de produtos da marca Motul originalmente da empresa americana. Em 1953, o centenário da companhia foi comemorado com o lançamento mundial do primeiro óleo multiviscoso no mercado europeu. No entanto, a Swan & Finch suspendeu suas atividades em 1957. No entanto continuou na França e a marca se consolidou ao longo das décadas seguintes, em nível global como Motul S.A.

Óleos sintéticos são os produtos de ponta da empresa, que se expandiu para atender a vários mercados. No Brasil tem fábrica há 33 anos, além de duas nos EUA e uma no México. O cenário brasileiro é desafiador, pois se estima que duas centenas de empresas produzam lubrificantes, a partir do óleo básico, embora as 12 principais detenham 80% de participação. O envolvimento histórico com as competições internacionais tornou a marca conhecida mundialmente.

Presidente da filial brasileira, o argentino Marino Perez afirma que a companhia mantém um pé no presente e outro no futuro. “Motores a combustão estão em 1,4 bilhão de veículos ao redor do mundo e, portanto, ainda serão relevantes por décadas à frente. Pretendemos continuar a crescer no País de 15% a 20% ao ano e em 2030 almejamos duplicar nossa cota atual. No entanto, diversificar é uma boa estratégia. Desenvolvemos uma linha completa de produtos para conservação e limpeza aplicáveis em qualquer tipo de carro, caminhão ou moto”, afirmou.

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Coluna Fernando Calmon — Juro alto persistente segura aumento potencial de vendas

Coluna Fernando Calmon nº 1.343 — 18/3/2028

 

Juro alto persistente segura aumento potencial de vendas

Vendas, produção e exportações mostraram bons números no primeiro bimestre, segundo o balanço apresentado pela Anfavea. Mercado interno com 356,2 mil unidades (automóveis e veículos comerciais) atingiu o maior patamar desde 2020. Produção somou 392,9 mil unidades, alta de 14,8% sobre 2024. Exportações alcançaram 76,7 mil unidades, aumento de 55% pela extraordinária recuperação da Argentina.

Contudo, as importações deram um grande salto: 26% contra 9% de crescimento do mercado interno. A participação nas vendas internas de 21% foi a maior desde 2012. Em 2021 chegaram do exterior, no primeiro bimestre, 30.000 unidades e em 2025, 75.000 (mais 150%).

O País perdeu relevância em mercados latino-americanos. Em 2013, China, 5% e Brasil, 22%; em 2024, 28% e 14%, respectivamente. “Estamos entregando empregos para fora do País”, afirma Márcio Leite, presidente da Anfavea.

Marcas chinesas produzirão aqui, mas no futuro com que vigor exportarão aos nossos vizinhos? Só o tempo dará a resposta.

A associação dos fabricantes mantém previsão de crescimento de 6,3% este ano (Fenabrave estima 5%) para 2,8 milhões de unidades. Anfavea desconsiderou atingir otimistas três milhões em 2025, pois juros continuam a subir, afetando demanda atual e futura. Em janeiro passado, estavam em 29,5% ao ano para o crédito de veículos, recorde histórico desde 2011. O Marco de Garantias ainda não ajuda porque só contratos recentes incluem cláusula de retomada do veículo, em caso de inadimplência.

Em 2012, venderam-se 3,8 milhões de unidades graças aos artificialismos da época. Se o mercado brasileiro crescer 4% de 2026 em diante, só igualaria 2012 daqui a sete anos, em 2032. Vinte anos depois.

No último dia 14, Igor Calvet assumiu o cargo de presidente executivo da Anfavea em uma transição até se encerrar o mandato de Márcio Leite (Stellantis), em abril. Calvet é um nome experiente e independente dos fabricantes, já atuava na associação desde 2023 e antes no Governo Federal. Dessa forma, a entidade fundada em 15 de maio de 1956 descarta agora o sistema de rodízio entre executivos ligados às cinco fábricas pioneiras: Fiat, Ford, GM, Mercedes-Benz e VW. Isso gerava rusgas internas.

Anfavea congrega atualmente 26 associadas que representam 34 marcas.

 Fenabrave comemora 60 anos de fundação

Concessionárias de veículos já foram conhecidas como revendedoras, autorizadas ou simplesmente agências, o que não expressava exatamente a sua função. Além de representarem uma marca e sua comercialização organizada, prestam assistência técnica, honram a garantia em nome dos fabricantes e disponibilizam peças originais.

Em 1920, surgiram os primeiros revendedores autorizados de marcas importadas. Novos contratos de concessão, em 1950 e, 11 anos depois, a Associação dos Concessionários de Veículos de SP, embrião da Abrave (Associação Brasileira de Revendedores Autorizados de Veículos), fundada em 18 de março de 1965. Só em 1972, formaram-se as primeiras associações de marcas e, em 1977, o Congresso Nacional aprovou a Lei do Setor Automotivo, todavia realmente sacramentada em 1979. Porém, só uma década depois, consagrou-se Fenabrave.

Arcélio Alceu dos Santos Júnior é o atual presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, que reúne 57 associações de marca de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, implementos rodoviários, motocicletas e máquinas agrícolas. No evento comemorativo, em São Paulo (SP), lembrou que são mais de 7.800 concessionárias e 315.000 empregos diretos. Como estão na ponta final de uma longa cadeia econômica, movimentam 5,65% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

O dirigente lembrou ainda que a Fenabrave lidera, desde o início deste ano, o grupo de coalizão do Programa de Renovação da Frota ligado à segurança no trânsito. “Isso demonstra nosso envolvimento e anseio pela modernização do parque circulante nacional”, enfatizou. E concluiu: “A conexão entre o passado e o presente é que torna possível o nosso futuro.”

Proteção também no banco traseiro ganha ênfase

IIHS (Instituto de Seguradoras para Segurança Rodoviária, na sigla em inglês), fundada nos EUA por três seguradoras em 1959 e hoje de atuação independente, decidiu apertar as exigências em suas premiações anuais para automóveis, SUVs e picapes. Apenas 48 modelos, até agora, estão pré-qualificados para a premiação de 2025 contra 71 na mesma época, ano passado.

Preocupação histórica sempre foi com motorista e passageiro dianteiro. A partir de agora, a segurança deve aumentar também para quem viaja no banco traseiro. Para se destacar no teste original, fortaleceram-se as estruturas dos veículos, melhoraram os airbags e desenvolveram-se cintos de segurança avançados, capazes de absorver as forças do impacto. Mas muitos desses avanços foram aplicados apenas nos bancos dianteiros.

Inclui-se agora um manequim adicional representando uma mulher de menor estatura ou uma criança de 12 anos atrás do motorista. Novas métricas concentram-se nos ferimentos mais frequentes em ocupantes do banco traseiro. Independentemente do desempenho no teste atualizado, a segunda fileira continua sendo a posição mais segura para crianças menores de 13 anos.

Nenhum minicarro, sedã, minivan ou picape pequena estão entre os possíveis vencedores. Por suas grandes dimensões, apenas duas picapes de maior porte, Rivian R1T e Toyota Tundra, se qualificam ao prêmio, além de quase todos os SUVs.

Mais potência e novo visual no Song Plus Premium

O híbrido plugável da BYD ganhou presença com as modificações estéticas da linha 2025. Destaque para a dianteira, em especial desenho dos faróis e entradas de ar. Rodas de liga leve bonitas, de 19 pol. Na traseira a placa subiu do para-choque (onde não deveria estar) para a tampa do porta-malas e as novas lanternas interligadas integram-se com harmonia ao estilo do carro.

Dimensionalmente é um típico SUV médio de cinco lugares, no entanto mais encorpado: 4.775 mm de comprimento, 2.765 mm de entre-eixos (apenas 29 mm a menos que o Jeep Commander, por exemplo, de sete lugares), 1.890 mm de largura, 1.670 mm de altura, porta-malas 574 litros (164 litros a mais que o Compass).

Um bom avanço está na estreia da tração integral e do conjunto de três motores: o principal, 1,5 L a gasolina, entrega modestos 129 cv e 22,4 kgf·m, mais os dois elétricos (dianteiro, 204 cv/30,6 kgf·m e traseiro, 163 cv/30,6 kgf·m). No total são 325 cv (torque combinado tecnicamente não pode ser medido).

Resultado final é positivo com aceleração de 0 a 100 km/h em 5,2 s, um resultado muito bom para uma massa total de 2.020 kg. Mas se a bateria de 18,3 kW·h descarregar, o que não aconteceu durante a avaliação, o desempenho com certeza cai bastante. Tempo de recarga de 1h40m, de 20% a 80%, mas somente em AC (não aceita carga rápida em DC). Para mitigar a possível situação, há o recurso de economia para a bateria que pode e deve ser acionado.

O interior é bem-acabado, bancos com a firmeza necessária e destaque para grande tela giratória de 15,6 pol. (na realidade não gira, se o motorista escolhe usar a navegação por Waze ou Google Maps). Um ponto desagradável é o acesso às entradas USB-C, escondidas no console, que exigem contorcionismo. Em viagens um pouco mais longas recarga por indução é insuficiente para manter o celular operante.

Preço: R$ 299.800. 

 

 

 

 

 

 

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Coluna Fernando Calmon — Estratégia de provocação parece pouco inteligente

Coluna Fernando Calmon nº 1.342 — 11/3/2025

Estratégia de provocação parece pouco inteligente

 

Pela segunda vez, a BYD fez questão de mostrar seu magnífico navio ro-ro (específico para transporte de veículos que entram e saem rodando), de última geração, que nada mais é que um “presente” do governo da China, desembarcando 5.524 carros desta vez no porto de Aracruz (ES). Ao mesmo tempo em que procura demonstrar uma posição de força junto ao mercado, fica claro que nenhum outro importador em qualquer época pôde ou pode se dar a essa ostentação.

Como a empresa vem formando estoques enormes a fim de driblar o aumento gradativo do imposto de importação sobre elétricos e híbridos, está sendo obrigada a dar descontos generosos para continuar sua escalada de vendas. Quem comprou seus carros antes, deve estar pouco feliz com o futuro valor de revenda. Seus planos de produção em Camaçari (BA) continuam envoltos em mistério e, tudo indica, que a etapa de simples SKD (agregação de conjuntos semidesmontados) de veículos importados vindos praticamente prontos da China será longa ou, no mínimo, pouco animadora.

Sinal disso, no mesmo tom da Anfavea, foi a crítica do Sindipeças que reúne produtores de componentes, em grande parte de capital nacional, até agora nem ao menos sondados sobre possíveis contratos de fornecimento. O presidente do sindicato, Cláudio Sahad, disse que “países com indústria automobilística instalada não praticam imposto tão baixo para importações de elétricos e híbridos, tornando o mercado brasileiro um alvo fácil”.

GWM, segunda marca chinesa em vendas aqui, que adquiriu a fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis (SP), evidencia transparência. Começará a operação local no próximo trimestre apenas comprando de fornecedores locais rodas, pneus, bancos e vidros (para-brisa continuará importado, a exemplo do restante do carro).

BYD serve à estratégia de “campeã nacional” do governo central chinês e isso fica longe de surpreender. De fato, fora de tom é rufar tambores de novo para o desembarque numeroso de veículos importados, quando em contraste exportar se enquadra em algo mais digno de atenção. Faltou sensibilidade para compreender coisa tão simples. Soa como provocação e iniciativa nada a agregar.

Bom bimestre não muda projeções 2025 da Fenabrave

Os dois primeiros meses do ano somaram 332,5 mil unidades vendidas entre automóveis e comerciais leves e pesados, crescimento de 8% sobre o mesmo período de 2024. É um bom resultado, contudo influenciado pelo número de dias úteis de fevereiro que este ano não teve Carnaval, embora as duas últimas quinta e sexta-feira tenham sido às vésperas da longa festa nacional, responsável por afastar compradores das concessionárias.

De acordo com Arcelio dos Santos Jr., presidente da Fenabrave, os números são animadores — melhor primeiro bimestre desde 2014, se somadas também as motocicletas —, entretanto ainda cedo para pensar em revisão. A federação espera em 2025 crescimento de 5% sobre o ano passado para automóveis e veículos comerciais. Anfavea projeta praticamente o mesmo resultado: aumento de vendas de 6%.

Automóveis cresceram 9% em fevereiro sobre janeiro, acima dos comerciais leves (picapes e furgões, basicamente), cujo resultado foi de 7%. Permanece também o avanço nas vendas de modelos híbridos que progrediram 69% em relação ao primeiro bimestre de 2024, sem esquecer de que percentuais elevados refletem uma base comparativa muito baixa. Quanto aos 100% elétricos, houve quase estagnação — apenas mais 2% sobre o mesmo período do ano passado. Reflete exatamente o cenário externo atual de acomodação ou recuo da demanda.

A observar os próximos meses e sentir quanto inflação e juros, ambos ainda em ascensão, poderão mudar o humor e em especial pesar no bolso daqueles que ambicionam comprar ou trocar de carro.

Segurança impõe volta aos botões físicos tradicionais

As telas de toque pareciam uma solução elegante e atraente, sem volta aos tradicionais botões que nasceram juntamente com os automóveis há 140 anos. A influência de celulares e tabletes chegou de forma avassaladora e exagerada. Entretanto, logo ficaram claras as sérias limitações ao desviar o olhar e/ou a atenção dos motoristas. Há de se reconhecer que também o fator custo, em geral mais baixo, pode ter levado aos exageros observados quase como regra.

Isso começou a ser mais bem pesquisado. A entidade Euro NCAP que executa testes de colisão desde 1997 e classificação por estrelas, ampliou os estudos para outros aspectos da segurança veicular. E vai limitar a quatro estrelas, do máximo de cinco, os modelos que por critérios objetivos exagerem nos comandos por toque e não apenas em telas.

Renault foi uma das primeiras, no final de 2024, a reconhecer que certas funções não podem depender de tato ou de desvio do olhar. Nos próximos lançamentos vai mudar. Por outro lado, a VW acaba de anunciar uma revisão total dos conceitos atuais em vários de seus modelos que incorporam controles deslizantes e comandos táteis. O chefe de projetos, Andreas Mindt, foi taxativo à Autocar inglesa:

“Nunca mais cometeremos esse erro. Volume de multimídia, pisca-alerta e controles de ar-condicionado central e laterais terão apenas botões. No volante e na coluna de direção só botões e alavancas. Acabará a adivinhação. Honestamente, carro não é telefone”, reconheceu.

Taycan Turbo GT tem aceleração quase de F-1

Com a gama 2025 de 10 opções, inclusive de carrocerias, o primeiro carro elétrico da Porsche lançado em 2019 demonstra como um mero sedã de quatro portas pode surpreender. Aceleração de 0 a 100 km/h (com controle de largada) começa em 4,8 s (408 cv) e vai à estonteante versão de topo (e pacote Weissach) que entrega até 1.034 cv, 126 kgf·m e acelera de 0 a 100 km/h em 2,2 s. Em certas condições este tempo pode baixar de 2 s, o que ocorreu no teste da revista americana Car and Driver.

Um dos destaques, o novo motor elétrico traseiro entrega 109 cv a mais que a geração anterior e ainda é 10,4 kg mais leve. No pacote Sport Chrono, ao toque de um botão a potência aumenta até 95 cv durante 10 s (como referência um ótimo motor a combustão de 1 litro produz 80 cv). O desempenho máximo é garantido pelo pacote Weissach. Este inclui a redução da massa total em 75 kg pela utilização de compósito de fibra de carbono e substituição do banco traseiro por uma tampa bem desenhada, o que melhora a relação massa-potência.

No modelo de primeira geração, o tempo de carregamento de 10 a 80%, a 15° C, era de 37 minutos. Sob as mesmas condições, o Taycan atualizado leva apenas 18 minutos, apesar de sua maior capacidade de bateria (passou de 93 para 105 kW·h), um grande avanço. Porém, é bom lembrar, que a recarga até 100% pode levar o dobro do tempo ou mais em função de temperaturas muito altas ou muito baixas. Sem esquecer: só em raras estações de recarga DC, de 800 V, muito caras.

Também recebeu retoques de estilo nos para-lamas dianteiros, faróis de matriz HD, lanternas e novas rodas em todas as versões. Segue a filosofia da marca alemã de evoluir continuamente ao longo das gerações, sem romper com aspecto geral do modelo cujo exemplo (incomparável) é o 911.

Uma experiência impressionante: a volta completa no autódromo Velocittà, em Mogi Guaçu (SP). Além da nova suspensão pneumática evoluída que controla rolagem da carroceria de modo surpreendente, a capacidade de acelerar é quase indescritível em especial nas saídas de curvas e na reta principal relativamente curta, porém em descida. A potência dos freios faz até “esquecer” dos 2.305 kg de massa.

Em Interlagos, o piloto Felipe Nasr, com o Turbo GT, conseguiu baixar agora em 7,7 s o tempo de volta anterior (2022).

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Coluna Fernando Calmon — Salão do Automóvel, no Anhembi, volta em 2025

Coluna Fernando Calmon nº 1.322 — 8/10/2024

Salão do Automóvel, no Anhembi, volta em 2025 ao local tradicional

Sete anos depois, o tradicional Salão do Automóvel acaba de ter sua data confirmada. Será de 22 de novembro a 1º de dezembro do próximo ano e confirma informação que adiantei seis meses atrás sobre onde se realizaria. Ao longo do tempo, surgiram dúvidas sobre o local exato em razão de negociações. Desta vez, porém, prevaleceu a óbvia escolha do Distrito Anhembi, o pavilhão no centro de São Paulo agora totalmente reformado do piso ao teto.

Desapareceram aquelas grandes colunas metálicas internas em diagonal que enfeavam o visual, mas era a tecnologia disponível à época, quando o pavilhão foi inaugurado em 20 de novembro de 1970. Ar-condicionado levou décadas para instalação: apenas em 2016. O Distrito Anhembi é privilegiado pela localização, infraestrutura de transporte e estacionamento para cerca de 6.000 veículos.

O local anterior, São Paulo Expo, era menos central e sem mais necessidade de uma área tão grande. Salões de automóveis internacionais encolheram e o de Genebra desapareceu. Organização continuará de responsabilidade da empresa inglesa Reed Exhibitions, rebatiza de RX Brasil. Anfavea, no entanto, assumirá maior protagonismo. Possivelmente, poderá haver comercialização nos estandes, antes vetada, mas que o Festival Interlagos demonstrou como nova tendência. Em 2018 o Salão do Automóvel atraiu 742.000 visitantes.

Mercado terá 2024 bem melhor; Fenabrave previu já em abril

Balanço de vendas de setembro e do acumulado do ano permite projetar que haverá crescimento além do previsto pela Anfavea. A Fenabrave tinha detectado desde o início do segundo trimestre a movimentação acima do esperado nos salões de exposição das concessionárias.

O mês passado contabilizou 236,3 mil veículos leves e pesados vendidos. A alta foi de 19,5% em relação ao mesmo mês do ano passado e é recorde para o nono mês do ano nos últimos 10 anos. Perde, entretanto, para as 245 mil unidades de dezembro de 2023. No acumulado de 2024, as vendas totalizaram 1,86 milhão de unidades: 14,1% superiores ao mesmo período de 2023.

Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, reafirmou o bom momento e continuará até dezembro. Já a Anfavea admitiu que o mercado subiu além do previsto com a média diária de vendas 13,8% superior a setembro do ano passado. Márcio Leite, presidente da associação dos fabricantes, disse que os números ainda poderão mudar até o final de 2024 em razão do aumento previsto das taxas de juro ao consumidor puxadas pelos aumentos da Selic.

Realmente, os compradores podem estar se antecipando aos juros maiores previstos para os próximos meses e o início de 2025. Contudo ainda falta assegurar uma normalidade de 70% de vendas financiadas e 30% à vista. Hoje, cerca de 50% ainda são à vista.

Anfavea apontou que o acumulo de importação chinesa nos portos “atrapalhou a logística no fluxo de peças do exterior para produção local”. Na realidade só a BYD trouxe carros em massa para fugir do aumento do imposto de importação sobre elétricos, agora em “suaves” saltos até 2026. Afinal, um erro de avaliação do governo federal: cronograma acabou sob medida para apenas uma marca.

Basalt, terceiro novo produto Citroën, afinado ao mercado

SUVs cupês têm atraído atenção e o Basalt atende a este segmento. Não se trata exatamente de um SUV e sim crossover. Mas consegue se diferenciar do Fiat Fastback, ambos produtos da Stellantis. Há equilíbrio de linhas com destaque para as grandes lanternas traseiras que se estendem às laterais, o conjunto ótico dianteiro e a curvatura do teto. Distância entre-eixos, 2.645 mm (garante bom espaço interno, em especial para cabeças no banco traseiro); comprimento, 4.343 mm; largura, 1,821 mm e altura, 1.585 mm. Porta-malas de 490 L também muito bom, ligeiramente inferior ao do Fastback (516 L).

Motor é o mesmo de origem Fiat, 1 L turbo, 130 cv, 20,4 kgf·m (etanol ou gasolina) e também igual câmbio CVT de sete marchas. A fábrica indica aceleração de 0 a 100 km/h em 8,4 s. Esse conjunto se revelou bem adequado ao uso urbano e rodoviário, respostas imediatas ao acelerador, freios bem dimensionados e direção precisa durante primeira avaliação entre São Paulo e a Fazenda Capoava, em Itu (SP). Posição do volante, com boa definição de centro, peca pela falta de regulagem de distância e a de altura sem amortecimento (queda-livre). Suspensões são firmes, mantêm conforto em pisos irregulares, nem muito dura e nem macia em excesso, dentro do alto padrão da engenharia brasileira em geral.

O pacote de segurança, embora razoável, deixa de fora itens caros como faróis de LEDs e alerta de colisão frontal. Em contrapartida apresenta preços competitivos entre R$ 89.900 e R$ 107.390.

Creta 2025 recebe primeira atualização mais profunda

Harmonia de linhas marca a primeira grande mudança estética da segunda geração, surgida três anos atrás. Grade, para-choque, faróis e um filete de LED de um lado ao outro mostram uma frente inteiramente nova. Na traseira o Creta 2025 recebeu lanternas interligadas de ótimo efeito visual, que se completam com para-choque também redesenhado. Há novas rodas de liga leve diamantadas. No interior destaque para duas telas integradas de 10,25 pol. Versões Ultimate e N-Line foram lançadas simultaneamente.

Mantiveram-se as dimensões externas com simbólica mudança de 20 mm no comprimento. Mecanicamente, novo motor 1.6 turbo e injeção direta substituiu em boa hora o anterior 2-litros de aspiração natural. Agora entrega 193 cv e 27 kgf·m, apenas na versão a gasolina. Câmbio é automático de sete marchas com duas embreagens.

Na primeira avaliação em Itu (SP), apenas com o motor mais potente entre todos os SUVs compactos do mercado, a mudança é muito marcante com respostas imediatas e aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 7,8 s. Ótima estabilidade em curvas. Nível de ruído, outro destaque do novo motor do Creta. Sistemas de segurança (ADAS, em inglês), testados à parte, corresponderam ao esperado.

Preços mantidos: R$ 141.890 a R$ 182.090. Só na versão de topo Ultimate, com o novo motor, mais R$ 2.000 (R$ 189.990)

Ranger Black tem o preço mais competitivo do mercado

Picape média na versão de entrada da Ford recebeu pequenas melhorias de acabamento, especialmente no interior, além de itens de decoração externa. Substitui a versão anterior XLS e o preço de R$ 219.990 coloca a Ranger Black numa posição privilegiada frente aos concorrentes diretos. Manteve inalteradas as especificações de tração 4×2, câmbio automático de seis marchas e o mesmo motor diesel de 170 cv e 41,2 kgf·m, agora também fabricado na Argentina, o que costuma ajudar na redução de custos.

No interior o volante é revestido em couro. Os bancos não recebem esse material, mas melhorou bem o seu aspecto e a resistência da forração. Com um pormenor bem-humorado nas laterais dos bancos dianteiros da famosa frase em inglês de Henry Ford: “So long as it’s black”. Ele se referia a que o cliente poderia escolher qualquer cor de carroceria desde que fosse o preto, no começo do século 20. Além da padronização, a tinta secava mais rápido.

Apesar do nome Black, as cores da carroceria não se limitam ao preto: também pode em branco, prata e azul.

BMW investe R$ 1,1 bilhão e confirma híbrido plugável

Em abril último, a fabricante alemã já havia anunciado que produziria aqui o primeiro híbrido plugável premium do País, ao iniciar a comemoração de 10 anos de instalação da fábrica de Araquari (SC). Agora, além de revelar o investimento de R$ 1,1 bilhão de reais, entre 2025 e 2028, confirmou o início de fabricação do X5 híbrido plugável na versão a gasolina. Atualmente importado dos EUA, a produção nacional do SUV médio-grande deve se iniciar em novembro. Milan Nedeljković, responsável pela produção e membro da administração mundial da BMW, na sede em Munique, veio ao Brasil para o anúncio do desembolso e do início das vendas nas próximas semanas.

O diretor também não descartou uma futura versão híbrida flex que estaria nos planos, se houver demanda. A BMW já reúne experiência com este desenvolvimento desde seus primeiros motores do tipo, ao projetar o sensor de etanol junto ao sistema de injeção, bem mais preciso e confiável que o utilizado comumente após o catalisador.

Há ainda intensão de produzir outros modelos no País e também híbridos, como confirmou a presidente da operação local Maru Escobedo. Uma vantagem competitiva da marca da Bavária alemã é utilizar a mesma carroceria para oferecer carros com motores a combustão, híbridos e elétricos. Isso foi reconhecido até pelo jornal americano The New York Times, ao afirmar que a estratégia surtiu efeito nas vendas, algo de que os concorrentes duvidavam.

Entretanto, a BMW já exibiu protótipos de um sedã e um crossover específicos para motorização elétrica. Devem estrear até 2026, em alemão a Neue Klasse (Nova Classe).

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Coluna Fernando Calmon — Híbridos mereciam ter incentivos maiores

Coluna Fernando Calmon nº 1.317 — 3/9/2024

Híbridos mereciam ter incentivos maiores do que os 100% elétricos

“Pressa é inimiga da perfeição”. Frase atribuída ao escritor Machado de Assis, que a cunhou de uma forma mais culta, pode se aplicar ao atual cenário mundial. Os carros elétricos despertaram atenções, programas apetitosos de incentivos governamentais e ocuparam parte relevante (em torno de 40%) do maior mercado de veículos do planeta, o chinês, do alto de seu 1,4 bilhão de habitantes.

Entretanto, há claros sinais de recuo em vários países da Europa e uma “meia-trava” nos EUA, segundo maior mercado mundial. A maioria dos fabricantes parece ter concluído, somente agora, que a transição precisa ser feita com menos açodamento. Alguns deles foram pegos de surpresa aos apostaram tudo numa rápida transição e sem terem dado a devida atenção aos semi-híbridos, híbridos e híbridos plugáveis.

Boa parte dessa falha estratégica foi patrocinada por um regime de estímulos inadequado. Países europeus refizeram as contas por afetar o equilíbrio fiscal. O Brasil até que não errou tanto, embora isso se deva em parte à oferta de motores flex que diminuem as emissões de CO2, quando se abastece o tanque com etanol. Embora estes respondam por 80% das vendas, apenas 30% usam regularmente o combustível de origem vegetal. Ainda falta, portanto, avançar e os híbridos deveriam receber uma atenção maior.

De qualquer forma os semi-híbridos e híbridos crescerão aqui a partir de lançamentos neste e nos próximos anos. É preciso dar tempo até a chegada dos híbridos plugáveis. E investir em uma rede de recarga rodoviária para elétricos, o que exige altos investimentos e um retorno financeiro muito baixo em um país de grande extensão territorial como o Brasil.

GM anuncia investimentos de R$ 5,5 bilhões em São Paulo

Este montante responde por quase 80% do total que a empresa desembolsará entre 2024 e 2028. Dois executivos da matriz, em Detroit (EUA), Rory Harvey e Shilpan Amin, vieram ao País para confirmar o investimento no Estado. Para completar os R$ 7 bilhões já anunciados, R$ 1,2 bilhão vai para a fábrica de Gravataí (RS) e R$ 300 milhões para a unidade de motores em Joinville (SC). Santiago Chamorro, presidente da GM do Brasil, confirmou que dois modelos híbridos “leves” (tecnicamente semi-híbridos) estrearão em breve, sem citar datas.

É possível que pelo menos o primeiro deles estreie em janeiro de 2025, quando a fabricante completa um século de atuação no País. Provavelmente caberá ao Tracker e ao Onix, nesta ordem, a primazia. Também um novo SUV compacto está previsto para Gravataí. Ainda em 2024 é esperada a importação do México do elétrico Equinox, em outubro próximo, que complementará o Blazer VE apresentado em julho passado e com preço a ser anunciado nos próximos dias.

Também chegará a vez dos híbridos flex, uma tecnologia mais cara, ainda sem previsão de data. Híbridos plugáveis a gasolina ficarão para o final do atual ciclo de investimentos ou do próximo.

Agosto apontou leve queda de vendas em cenário ainda bom

Estatísticas de comercialização do mês passado foram afetadas por um dia útil a menos do que julho. Foi um recuo de apenas 1,6%. Ainda assim, o acumulado de vendas de janeiro a agosto de veículos leves e pesados atingiu 1,622 milhão de unidades ou 13,4% a mais que o mesmo período de 2023. José Andreta Jr., presidente da Fenabrave, apesar de manter o otimismo ressalva que “alguns fatores ainda podem movimentar o setor, como as taxas de juros, que se aumentarem podem impactar nos financiamentos de veículos como automóveis e comerciais leves”.

A consultoria brasileira Bright, em relatório apresentado no recente Congresso Fenabrave, apontou algumas tendências em curso com uma visão geral positiva. Algumas delas:

  • Atrasos na definição da reforma fiscal e no programa Mover geram insegurança nos fabricantes quanto ao rumo tecnológico, com a definição do imposto seletivo sobre automóveis tendo sido novamente adiada​.
  • Depois de fortes aumentos nos últimos anos, o preço médio deve crescer de forma mais lenta de agora em diante.
  • Maior adoção de semi-híbridos prevista para 2025, à medida que o mercado brasileiro se ajusta a novas tecnologias sustentáveis.
  • Devido à preferência mercadológica e capacidade de absorver o custo incremental de equipamentos regulatórios, SUVs continuam em ascensão.
  • Sedãs em tendência de descontinuação, com poucas opções disponíveis no mercado.
  • Picapes correspondem a um em cada cinco veículos vendidos.
  • Por conta das dimensões continentais do Brasil, híbridos plugáveis passam a ter relevância.

Primeiro Kia elétrico, EV5, tem estilo e bom espaço

Primeiro modelo 100% elétrico da Kia no Brasil acaba de estrear. Com dimensões externas para se posicionar como um SUV familiar (4.615 mm de comprimento, 1.875 mm de largura, 1.715 mm de altura e cômodo entre-eixos de 2.750 mm), o EV5 dispõe de predicados técnicos apreciáveis, como alcance médio de 402 km, padrão Inmetro. Seu estilo é contemporâneo e o pacote ADAS incorpora nada menos do que 14 dispositivos de segurança ativa. Outros destaques: amplo espaço interno e bom acabamento. Ótimo porta-malas: 513 litros.

EV5 utiliza um único motor com potência de 217,5 cv e torque máximo de 31,6 kgf·m, alimentado por bateria de fosfato de ferro e lítio, montada com módulos em lâminas, de capacidade máxima de 88,16 kWh. Pode ser recarregado em corrente contínua (DC) de 360 kW, o que garante carga de 20% a 80% em apenas 27 minutos. Já em corrente alternada (AC) de 7 kW, precisa de 9h40m. Acelera de 0 a 100 km/h em 8,9 s.

O consumidor que adquiri-lo receberá um carregador residencial de emergência de 7 kW e gratuidade nas três primeiras revisões (20.000, 40.000 e 60.000 km). Por dentro, painel e multimídia formam uma tela única de 29,9 polegadas de ótima resolução. Chama atenção o banco do passageiro com extensor lateral em direção ao motorista, sobre o console, que tem a função lúdica de criar um “lounge interno”.

Num primeiro contato em trecho de estrada nos arredores de Itu (SP), mostrou dirigibilidade virtuosa. Tudo isso herdado principalmente do bom acerto de suspensão e desempenho impactante de todo elétrico, embora alguns concorrentes ofereçam motor mais potente, quase sempre desnecessário.
Preço: R$ 399.990.

Seminário aponta oportunidades para hidrogênio

A transição energética representa uma chance única para o Brasil se posicionar entre os líderes mundiais nos próximos anos. Afirmação de Thiago Lopes, coordenador de projetos no RCGI (sigla em inglês para Centro de Pesquisas de Inovações sobre Gases de Efeito Estufa) e professor da Poli-USP, no seminário organizado pela Carcon/Global Data, em São Bernardo do Campo (SP).

Gás carbônico (CO2) em níveis elevados demais tornou-se inimigo público mundial. Representa o principal vetor para o chamado efeito estufa, fenômeno de aquecimento atmosférico e suas consequências como derretimento de calotas polares e subida do nível dos mares. Automóveis e veículos comerciais não são os maiores responsáveis, porém, têm peso estimado em até 25% quando se calcula da fonte à roda.

Principal alternativa é o hidrogênio (H2), considerado combustível do futuro. Para Lopes, “a relevância do H2 produzido a partir do etanol atingirá um preço competitivo e no ciclo fonte à roda se tornará um combustível com intensidade negativa de carbono”.

Entretanto, torna-se muito difícil prever quando a era do hidrogênio realmente se tornará realidade, pois depende da matriz energética de cada país. Da eletrólise da água (H2O) também se obtém hidrogênio, mas exige enorme consumo de energia elétrica e esta precisa ser obtida de forma limpa como em hidroelétricas ou a partir do sol e vento.

Lopes citou o projeto da USP que testa um ônibus movido a H2, obtido a partir do etanol, em alternativa ao diesel com redução significativa de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, além de alcançar o dobro de eficiência. No mundo, o Toyota Mirai é o único modelo com motor a combustão interna abastecido com H2, porém sua venda é simbólica e o reabastecimento, bastante limitado.

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Financiamento de veículos tem melhor resultado desde dezembro de 2013

O mês de julho registrou crescimento das vendas financiadas de veículos. Ao todo, 626 mil unidades, entre veículos usados e zero quilômetro, foram adquiridas por meio de financiamentos. O crescimento foi de 27,2% em relação a julho de 2023 e de 7,2% em relação a junho deste ano. Esse desempenho foi o melhor desde dezembro de 2013, segundo o levantamento feito pela B3 (Bolsa de Valores).

A pesquisa apontou que, no segmento de veículos leves, o aumento dos financiamentos foi de 26% na comparação com julho do ano passado e de 11,3% em relação a junho deste ano.

No caso de veículos pesados, de utilização no segmento logístico do país, os financiamentos cresceram 28,1% em julho deste ano em relação a igual período de 2023. Na comparação com o mês de junho, a alta foi de 10,8%.

Já o financiamento de motocicletas teve expansão de 32% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Porém, houve queda de 5% dos financiamentos em relação a junho.

As vendas financiadas de veículos no acumulado do ano totalizam 4 milhões de unidades, número 24,3% superior ao de igual período do ano passado, o equivalente a 793 mil unidades a mais. Essa marca não havia sido igualada desde 2011.

“Os resultados de julho tiveram um ritmo forte. Fechamos o mês com o maior número de veículos financiados desde dezembro de 2013. O mercado de financiamento de veículos continua aquecido, e o destaque fica por conta do segmento de automóveis e comerciais leves novos, que registrou um crescimento de quase 20%, com mais de 100 mil veículos financiados”, disse o gerente de Planejamento e Inteligência de Mercado na B3, Gustavo de Oliveira Ferro.

A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), a maior base privada do país que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo território nacional.

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Coluna Fernando Calmon — Dia do Automóvel passou quase em branco no Brasil

Coluna Fernando Calmon nº 1.301 — 14/5/2024

Dia do Automóvel passou quase em branco no Brasil

Sem a menor dúvida, o automóvel está entre as paixões dos brasileiros e, por que não, também de boa parte das brasileiras. No mundo todo, aliás, com seus 1,3 bilhão de veículos leves em circulação a data se refere ao dia 13 de maio de 1886. Neste dia foi patenteado pelo alemão Karl Benz o primeiro automóvel “útil” do mundo, embora seu compatriota Gottlieb Daimler no mesmo ano e sem se conhecerem concluiu o que depois se identificaria como motocicleta.

Ainda que essa história de pioneirismo seja a mais aceita, há referência ao “carro” a vapor do francês Nicolas-Joseph Cugnot, em 1769. E também outros precursores a exemplo do também alemão Siegfried Marcus, em 1870, que já tinha um motor a combustão, mas se tratava apenas de uma simples plataforma de carga. Os franceses também reivindicam a invenção por meio de Édouard Delamare-Deboutteville, em 1884. Ele também patenteou seu modelo, mas nunca foi produzido ou vendido.

A relação do brasileiro com o carro apareceu de modo explícito em recente pesquisa da consultoria Ernest & Young, que entrevistou 15.000 pessoas em 20 países. Segundo a EY, 88% dos respondentes brasileiros têm preferência por um veículo pessoal ao se deslocar para escola ou trabalho contra 80% da média mundial. Somente 56% utilizariam transporte público, enquanto a média mundial é de 62%.

O Portal do Trânsito e Mobilidade, de Curitiba (PR), chegou a sugerir boas maneiras de comemorar o Dia do Automóvel por meio de uma relação singela de iniciativas:

  • “Faça um passeio de carro por lugares especiais.
  • Alugue um carro clássico por um dia para passear por sua cidade.
  • Visite exposições ou eventos automobilísticos.
  • Conheça o Museu do Automóvel da sua cidade ou visite uma que o tenha.
  • Compartilhe sua paixão por carros nas redes sociais.
  • Faça parte de um Clube do Automóvel.”

Apesar de a agitação moderna da vida em sociedade, turbinada pelos automóveis, torne a maioria dos eventos desta relação difíceis de cumprir, não custa tentar. Deixar passar em branco parece injusto com um veículo que mudou a face do mundo. Ou, no mínimo, conte uma boa história até fim desta semana nas redes sociais.

Frota brasileira de veículos continua a envelhecer

O tradicional e respeitado estudo do Sindipeças apontou que em 2023 havia em circulação no Brasil 47.121.602 veículos leves e pesados, além de 13.261.784 motocicletas, totalizando 60.383.386 de unidades. O crescimento foi de apenas 0,5%, 1,7% e 0,8%, respectivamente.

Segundo o relatório, segue firmemente o processo de envelhecimento da frota brasileira. Em 2023, a idade média foi de 10 anos e 10 meses para autoveículos e 8 anos e 4 meses para motocicletas. Nos últimos 10 anos o desgaste da frota de autoveículos aumentou em mais de 2 anos. O que mais chamou atenção:

“Em relação a 2022, o movimento de queda na representatividade de veículos com menos idade, aqueles com até 5 anos (-4,3%) e de 6 a 10 anos (-8,3%), e o aumento dos veículos com maior idade, 11 a 15 anos (+ 5,6%) e 16 a 20 anos (+ 14,9%), compõem o envelhecimento.”

O Governo Federal planeja – e não vem de agora – mais uma tentativa de renovação de frota, em especial de veículos pesados que preocupam ainda mais tanto em termos de emissões quanto de segurança veicular. No entanto, como lembra o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Jr., há uma barreira prática que não pode ser esquecida:

“Há 7.000 empresas recicladoras veiculares nos EUA. Nem todas são escrapeadoras. A maioria é desmanteladora (dá baixa, drena fluidos e desmonta os veículos). As maiores geralmente são trituradoras. No Brasil temos apenas cerca de 60 empresas trituradoras registradas na Senatran, porém apenas cerca de metade em operação.”

Com este cenário fica difícil acreditar, seriamente, em renovação de frota aqui.

Ferrari Roma Spider chega ao Brasil por R$ 3,95 milhões

Um conversível de dois lugares (tecnicamente um 2+2, mas na prática sem espaço traseiro) de rara beleza inclusive pelos altos padrões da marca Ferrari. Assim é o atraente Roma Spider, lançado em março de 2023 em substituição ao Ferrari Portofino. Além de praticamente em nada macular o belo estilo do cupê 2+2 original, a capota flexível pode ser rapidamente recolhida ou fechada em apenas 13,5 s a até 60 km/h. Entre as características marcantes está o opcional de aquecimento do pescoço do motorista e acompanhante para os dias mais frios.

A oferta do teto rebatível retorna após 54 anos desde o modelo 365 GTS4, de 1969. O motor central-dianteiro é igual ao do Roma cupê: V-8 biturbo de 3,9 litros, 620 cv (entre 5.750 e 7.500 rpm), 77,5 kgf·m (entre 3.000 e 5.750 rpm) com 80% do torque disponível a partir de apenas 1.900 rpm. O câmbio é automatizado de duas embreagens e oito marchas. Massa em ordem de marcha de 1.472 kg, nada menos de 200 kg inferior ao Portofino. Acelera de 0 a 100 km/h em 3,4 s, 0 a 200 km/h em 9,7 s. Freia de 100 km/h a zero em apenas 32 m.

O importador oficial Via Itália vendeu as primeiras 20 unidades que chegam ao País até o final deste ano por praticamente R$ 4 milhões cada.

BYD Dolphin Mini tem bom preço e suspensão a melhorar

Embora os R$ 115.800 tenham extrapolado o que se especulava, ainda assim é competitivo frente aos modelos com motor a combustão e outros elétricos. O Dolphin Mini (nome original, BYD Seagull – gaivota, em inglês –, soa mal em português) oferece ótimo espaço para ombros, pernas e cabeças de quatro passageiros graças à generosa distância entre eixos de 2.500 mm e ao assoalho plano atrás. Sem previsão de versão de cinco lugares.

No uso urbano, destaque em todo carro elétrico, há alguns pontos negativos. Notei a falta do aviso sonoro aos pedestres, exagerado no Dolphin maior e inexistente no compacto. O motor dianteiro entrega limitados 75 cv e 13,8 kgf·m para uma massa total elevada de 1.239 kg, em razão da bateria. Apesar de o torque surgir de forma quase instantânea, não empolga. Faz falta o limpador do vidro traseiro.

A distância livre do solo de apenas 110 mm atrapalha ao “escalar” lombadas e “mergulhar” em valetas típicas de nossas ruas e até estradas. Os freios estão bem dimensionados, porém em comparação a carros convencionais as distâncias para a parada total são um pouco maiores. A dirigibilidade fica de certa forma comprometida pelo comportamento atípico das suspensões. Faltou o ajuste fino que a engenharia brasileira desenvolveu por décadas e hoje é referência mundial. Pneus 175/55 R16 não existem no Brasil. Se precisar trocar, só nas concessionárias da marca.

Desempenho e alcance no uso rodoviário são pontos fracos do carro. Ultrapassagens exigem mais atenção porque não há folga de potência. O alcance ficou limitado a menos de 200 km nos trechos de autoestrada, em contraste ao uso urbano em que pode rodar cerca de 300 km facilmente. Porta-malas também impõe limites: mesmo sem estepe o volume alcança apenas 230 litros, mas parte disso é ocupado numa bolsa pelos cabos e plugues de recarga.

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Coluna Fernando Calmon – Crescimento do mercado interno continua surpreendendo

Coluna Fernando Calmon nº 1.300 – 7/5/2024

Crescimento do mercado interno continua surpreendendo em 2024

Os números são auspiciosos e indicam que o mercado interno está reagindo muito bem. Nos quatro primeiros meses do ano as vendas de veículos leves e pesados atingiram 735.000 unidades, aumento de 16,3% sobre igual período de 2023. Está bem acima das previsões da Anfavea no começo do ano de incremento de 6,1%. A entidade só pretende reavaliar os seus números a partir de meados deste ano.

Já a Fenabrave viu no início de 2024 um cenário mais exuberante e até agora não tem do que se arrepender. Considerando somente veículos leves, que representam 94% das vendas (5% caminhões e 1% ônibus), o mercado subiu 17,5% sobre o mesmo quadrimestre do ano passado. Para o fechamento do 2024 sua previsão é 12% de aumento, porém pode ser revisado para cima graças à oferta de crédito aliada a juros um pouco mais baixos ao longo do ano.

No entanto, o Banco Central reduziu o ritmo da queda de juros básicos (taxa Selic) entre suas reuniões realizadas a cada 45 dias. Vinha sendo de 0,5% e agora em 8 de maio o percentual ficou em 0,25%, sendo fixada em 10,5% ao ano. Tudo indica, dependendo da inflação e da situação das contas públicas, que o BC continuará mais prudente até o fim do ano. Isso afeta a taxa do Crédito Direto ao Consumidor que historicamente representa mais de 65% das vendas de automóveis e no momento está em pouco mais de 35%.

O mercado também continua afetado por uma operação tartaruga do Ibama (greve branca) realizada nos portos, que tem limitado a importação. Produtos fabricados na Argentina, Uruguai e México sofrem com grandes atrasos. Carros elétricos, no entanto, estão livres dos trâmites burocráticos.

Marcas chinesas concentradas em elétricos e híbridos, como BYD e GWM, aceleraram bastante suas operações e formaram grandes estoques para compensar a segunda rodada de aumento de imposto de importação agora em julho. A taxação passará de 10% para 18%, depois 25%, em julho de 2025 e 35%, em julho de 2026.

Promoções incrementaram as vendas neste nicho de mercado e proporcionaram percentuais vistosos de crescimento, porém sobre uma base comparativa ainda muito baixa. No primeiro quadrimestre deste ano híbridos convencionais e plugáveis somaram 30,4 mil unidades (4,4% do mercado de automóveis e veículos leves) e os elétricos 20,8 mil unidades (3% do total).

Carros com motores flex representaram 78,5%; diesel, 9,8% (basicamente picapes médias e pesadas, furgões, caminhões leves) e gasolina, 4,2% (modelos importados). Diesel prevalece em praticamente todos os veículos pesados.

Campanha Maio Amarelo 2024: “Paz no trânsito começa por você

Como faz todos os anos desde 2013, o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) inicia no mês de maio uma campanha em favor da diminuição do número de acidentes que colocam o Brasil numa posição vergonhosa ou no mínimo incômoda no cenário mundial. Foram 142.000 vidas ceifadas ao longo dos últimos quatro anos, média de 35.000 a cada 365 dias.

É necessário ressaltar que, apesar do número crescente da frota circulante brasileira (47,1 milhões de veículos leves e pesados, além de 13,3 milhões de motocicletas, totalizando cerca de 60,4 milhões, segundo o estudo do Sindipeças publicado no início deste mês e referente a 2023), o número de óbitos por acidentes de trânsito em termos anuais tem mostrado pequenas variações para mais ou para menos.

Os números de mortalidade já foram maiores, beirando até 45.000 falecimentos entre 10 e 12 anos atrás. No entanto, é preciso agir com firmeza para que as mortes caiam mais. Um fato incontestável: motociclistas se envolvem em acidentes fatais em número muito maior em relação à frota.

Na maior cidade do País, São Paulo, a média indica um motociclista falecido por dia (365 por ano). Já houve um pequeno progresso graças à criação da faixa azul, exclusiva para motos e scooters, o que ajudou a disciplinar o fluxo entre os veículos e evitado acidentes.

Entretanto, nos horários de pico e mesmo fora destes formam-se filas intermináveis de motos em movimento ou paradas que bloqueiam mudanças de faixa de outros veículos, manobra permitida desde que sinalizada. A autoridade de trânsito até criou placas estimulando a gentileza dos motociclistas de observar a indicação de motoristas que precisam ou desejam mudar de faixa. Até agora, sem muito sucesso…

Da mensagem deste ano do ONSV para o Maio Amarelo, destaco trechos inspiradores de três Observadores Certificados, do Maranhão, Anderson Boás, Johnathan Fontinele e Ulisses Bertoldo:

“Este tema não é apenas um slogan. É, primordialmente, um manifesto por mudanças profundas em nossa maneira de perceber o trânsito e de como nele nos comportamos. A paz desejada nas vias começa com a reflexão e a ação individual, mas também se expande em ondas, alcançando a coletividade. É um chamado que beira a filosofia e a sensibilidade espiritual, para que cada pessoa se perceba como parte essencial de um sistema maior, onde escolhas e comportamentos têm o poder de salvar vidas.”

“A paz no trânsito realmente começa por você, por nós, por todos. Vamos juntos transformar essa visão em realidade, para que as futuras gerações herdem vias mais seguras e uma sociedade mais consciente e solidária. No trânsito, a escolha pela paz e pela vida é a única opção aceitável.”

Citroën C3 Aircross destaca-se pela versatilidade

O aspecto geral é de um SUV compacto que está na moda. Tem proporções corretas destacando-se o capô elevado e a parte traseira com lanternas de desenho atraente. No interior o espaço é condizente à proposta e a possibilidade de transportar até sete ocupantes. Conforto para pernas, cabeças e ombros destaca-se mais para os três ocupantes da fileira intermediária. Porta-malas de 398 litros (VDA) muito bom, porém praticamente desaparece com os dois bancos adicionais que, ao menos, são retiráveis com certa facilidade e guardados para uso quando necessários. Versatilidade bem-vinda.

Posição de dirigir é adequada para a maioria dos biotipos, porém faz falta o ajuste do volante em distância. Desagradam os comandos dos vidros elétricos traseiros no console central e o posicionamento de um conjunto de botões para destravar as portas e regular os retrovisores. Já a tela do multimídia de 10 pol. é fácil de manusear, além de pareamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay.

O C3 Aircross tem dimensões bem próximas (4.320 mm de comprimento) a rivais como Duster, HR-V e Kicks. Com distância entre eixos de 2.675 mm, dá para encarar Duster e T-Cross. Bem interessante a saída de ar climatizado no teto com quatro difusores na versão de sete lugares avaliada, mas o funcionamento ruidoso pode incomodar motorista e acompanhante.

Sob medida o motor turbo flex de origem Fiat que não poderia faltar para um SUV com massa em ordem de marcha de 1.216 kg. São 130 cv (E) cv/125 cv (G) e 20,4 kgf·m (E)/(G) no motor de 1 litro acoplado ao câmbio automático CVT de sete marchas reais (não se trata de “simuladas”, como se costuma dizer). Por fim, a simplória chave de ignição/partida destoa de um modelo de R$ 136,6 mil.

Ressalva: Na coluna da semana passada foi informado o total de 40 modelos ou versões que a Stellantis lançará até 2030. No entanto, somando-se os 10 modelos das cinco marcas do grupo este ano (dos quais três já lançados), o número sobe para 50.

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Coluna Fernando Calmon —Salão do Automóvel voltará possivelmente em novo local

Coluna Fernando Calmon nº 1.297 — 16/4/2024

Salão do Automóvel voltará possivelmente em novo local

Foi no dia 12 deste mês em que a Anfavea inaugurava sua nova sede que veio a confirmação. Alcançado o consenso entre as 26 associadas da entidade, o seu presidente, Marcio Leite, ainda não anunciou uma data formal, mas acenou com o período entre os últimos meses deste ano e os primeiros de 2025. O otimismo com recuperação das vendas neste e nos próximos três anos pode ter sido o catalisador. No entanto, o escopo do novo Salão do Automóvel será diferente e comentado adiante.

Com os problemas originados na pandemia da Covid-19, as grandes exposições mundiais setoriais perderam fôlego. Recentemente o Salão de Genebra (26/2 a 3/3) teve adesão muito baixa, apenas oito expositores.

O Salão de Detroit tentou inovar mudando o período de exposição do inverno para o verão, mas não deu certo. Este ano não se realizará e a volta só ocorrerá em 2025 sob temperaturas congelantes de janeiro como sempre.

A gigantesca exposição bienal de Frankfurt nos anos ímpares foi trocada por um evento muito mais discreto em Munique e focado em Mobilidade no ano passado. E o bienal Salão de Paris, realizado em 2022, também se retraiu, prestigiado apenas por marcas francesas e chinesas. O evento voltará este ano de 14 a 20 de outubro.

O Salão do Automóvel de São Paulo terá três mudanças a fim de atrair mais público. Deve voltar (ainda sem confirmação) ao agora totalmente modernizado e climatizado pavilhão de exposições do Anhembi, na região central da capital. Os testes de veículos abertos ao público serão incrementados. Pela primeira vez se permitirão operações comerciais nos estandes (desejo sempre rejeitado pelos organizadores). As tratativas envolvem a Fenabrave, associação nacional das concessionárias.Resta comemorar essa volta, depois de seis anos, com a confiança de que os mais de 700.000 visitantes da última edição, em 2018, sairão tão ou mais satisfeitos.

 Compass e Commander: novo motor e garantia de 5 anos

A Jeep não se acomodou na liderança de mercado de seus dois modelos de SUVs, de cinco e sete lugares (este também com versão de cinco lugares): ao final de 2023, o médio-compacto detinha 42% de participação e o médio-grande, 22%. Ambos à frente dos concorrentes diretos da Toyota, Corolla Cross e SW4, respectivamente. Compass tem liderança folgada, porém o Commander é seguido de perto pelo SW4 e o GWM Haval H6.

Ambos os modelos 2025 agora oferecem um motor a gasolina (importado) que vira o jogo em termos de desempenho, nas versões de topo Blackhawk. Trata-se da mesma unidade importada Hurricane da picape Ram Rampage, 2-litros turbo, 272 cv e 40,8 kgf·m. Câmbio é automático epicíclico de nove marchas.

No lançamento em Punta del Leste, Uruguai com cronometragem eletrônica a bordo o Compass acelerou de 0 a 100 km/ em empolgantes 6,76 s e o Commander, por ser maior e ter mais massa, cravou 7,32 s. São os mais rápidos de seus respectivos segmentos.

Os motores Diesel (importado) de 170 cv/35,7 kgf·m e turbo flex produzido no Brasil de 185 cv/27,5 kgf·m continuam em ambos os modelos. Os câmbios são sempre automáticos de nove e seis marchas, respectivamente.

A inédita versão de topo Blackhawk é a mais atraente, mas todas as outras seis receberam nova grade do radiador e rodas de liga leve de 18 ou de 19 pol. Especificamente nesta versão, a grade tem acabamento em cromo escurecido, pinças dianteiras pintadas em vermelho e bancos em camurça e couro.

Ambos os bancos dianteiros oferecem ajuste elétrico (no Commander, duas memórias para o do motorista). Abertura elétrica da tampa do porta-malas tem sensor de presença (chute por baixo do para-choque). O modelo de maior porte oferece 158 mm a mais na distância entre-eixos e se destaca pelo amplo espaço interno tanto nas versões de cinco quanto de sete lugares.

Um avanço importante em segurança é o sistema ativo de direção ao combinar centralizador de faixa de rolagem ao controlador automático de cruzeiro com função para-e-anda. No Compass destacam-se detector de cansaço do motorista e o reconhecimento de placas de trânsito, incluindo alertas visual e sonoro ao se exceder velocidade máxima permitida.

De forma geral, a dirigibilidade de ambos os modelos sobressai pela ótima sensação ao volante, comportamento em curvas e os tradicionais recursos de ponta 4×4 para uso fora de estrada. A garantia em ambos os SUVs passou de três para cinco anos, sem limite de quilometragem, retroativa ao ano-modelo 2022 em diante.

Para quem não espera, carro também baixa de preço no Brasil. Os dois Jeeps receberam cortes de R$ 5.000 a R$ 40.700

Compass: R$ 179.990 a R$ 279.990. Commander 5-lugares/7-lugares: R$ 217.990 a R$ 321.290.

Nervos à flor da pele: Alfa Romeo troca nome Milano por Junior

Certamente é estranho, mas o governo italiano barrou a pretensão da Alfa Romeo de lançar um crossover compacto híbrido com o nome Milano. De fato, a marca italiana tem origem na cidade homônima (em português, Milão) com uma enorme tradição de esportividade desde 1910. Nasceu apenas como A.L.F.A (Anonima Lombarda Fabbrica Automobile) e depois se fundiu com a empresa de Nicola Romeo em 1918, passando a Alfa Romeo. Em resumo, durante décadas no escudo circular da empresa aparecia Milano em destaque na parte de baixo. Com uma nova fábrica no sul da Itália, o nome desapareceu do logotipo a partir de 1970.

Opção por Junior foi natural, pois a marca já o havia utilizado como subnome desde 1965 com o GT 1300 Junior. A birra do governo italiano tem a ver com as discórdias em relação aos investimentos do grupo Stellantis na Polônia. O argumento foi que os consumidores estavam sendo enganados, pois se tratava de um carro polonês. Uma bobagem, pois há diversos carros que homenageiam cidades sem nenhuma fábrica instalada no local: Kia Rio, Hyundai Tucson, Seat Leon, Bentley Mulsanne para citar só alguns. E vários outros modelos na história do automóvel seguiram o mesmo tema.

A Stellantis poderia ignorar a pressão sofrida, mas preferiu contemporizar. O governo da Itália até já cogitou adquirir uma pequena participação no conglomerado franco-ítalo-americano, mas as tratativas emperraram. Depois o governo quis atrair a chinesa Chery para a Itália, o que irritou a tellantis. Afinal, o atual Júnior custaria 10.000 euros a mais, se não fosse polonês. Haja nervos…

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