híbridos

Coluna Fernando Calmon — Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano

Coluna Fernando Calmon nº 1.311 — 24/7/2024

 

Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano

Na classificação entre os 16 segmentos do mercado brasileiro, estudo tradicional organizado desde 1999, a novidade é o desempenho dos híbridos e elétricos chineses. O elétrico Seal, por exemplo, dominou quase 90% entre os sedãs grandes. BYD emplacou 21% entre os híbridos com o Song Plus e 31% dos elétricos com o Dolphin. No entanto, todos os modelos elétricos somados representaram apenas 2,9% do total das vendas.

Outros modelos predominantes no mercado que alcançaram mais de 50% de participação foram Corolla (72%), BMW Séries 3/4 (68%), Strada (56%) e 911 (54%). Ainda merecem destaques os BMW M2 e M3/M4 que somados responderam por 55% entre os esportivos.

As disputas pela liderança continuaram muito fortes. Mas enquanto o Polo consolidou-se entre os compactos, outro produto da marca alemã por muito pouco deixou de seguir na ponta, pois o T-Cross somou 11,5% das vendas contra 11,2% do Creta. Foram apenas 987 unidades de diferença no semestre ou 164 unidades por mês em média.

Outras lutas equilibradas: Compass (31%) e Corolla Cross (30%) com uma diferença média de 157 unidades a cada mês. Os chineses por seu lado protagonizaram uma boa batalha entre os híbridos. Song Plus venceu o H6 por uma diferença mensal de 166 unidades. Dolphin Mini, entre os elétricos, ficou apenas dois pontos percentuais atrás do Dolphin ou 92 unidades por mês ao longo do semestre. Graças à chegada do Dolphin Mini de cinco lugares, agora em agosto, o compacto deve liderar no balanço final de 2024.

Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Sedãs de topo (baixo volume) e monovolumes (oferta reduzida) ficam de fora. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e de maior importância dentro do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.

Hatch subcompacto: Mobi, 48%; Kwid, 38%; Dolphin Mini, 14%. Elétrico entra na disputa.

Hatch compacto: Polo, 26%; Onix, 19,4%; HB20/X, 18,7%; Argo, 17,7%; Yaris, 6%; C3, 4,5%; 208, 4,4%; City, 3%. Líder Polo avançou.

Sedã compacto: Onix Plus, 30%; Cronos, 17%; Virtus, 15%; HB20S, 14,8%; Yaris, 10%; City, 6,2%; Versa, 6%; Logan, 1%. Onix Plus ainda firme.

Sedã médio-compacto: Corolla, 72%; Sentra,11%; Jetta, 7%. Corolla longe de ameaças.

Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 68%; Mercedes Classe C, 17%; Audi A5/S5/RS5, 5,5%. Mantida folga dos BMW.

Sedã grande: Seal, 87%; Panamera, 8%; Taycan, 3%. Elétrico Seal, amplo domínio.

Esportivo: BMW M2, 29%; BMW M3/M4, 26%; Mustang, 20%. BMW se impôs.

Esporte: 911, 54%; 718 Boxster/Cayman, 34%; Corvette, 4%. Território consolidado Porsche.

SUV compacto: T-Cross, 11,5%; Creta, 11,2%; Tracker, 10,6%; Kicks, 10,3%; Nivus, 9,5%; Renegade, 8,6%; HR-V, 8%; Fastback, 8%; Pulse, 7%; Tiggo 5x, 5%; Duster, 4%; T-Cross quase perde a ponta.

SUV médio-compacto: Compass, 31%; Corolla Cross, 30%; Tiggo 7, 13%. Compass sob ameaça.

SUV médio-grande: Song Plus, 19%; H6, 17%; SW4, 15%. Novo líder é híbrido plugável.

SUV grande: Cayenne, 21%; BMW X5/X6, 19%; XC90, 13%. Cayenne volta à ponta.

Picape pequena: Strada, 56%; Saveiro, 24%; Montana, 13%. Nada ameaça Strada.

Picape média (carga 1.000 kg): Toro, 23%; Hilux, 22%; Ranger, 13%. Toro por um fio.

Híbridos: Song Plus, 21%; H6, 19%; Corolla Cross, 15%. Liderança apertada.

Elétricos: Dolphin, 31%; Dolphin Mini, 29%; Ora 3%, 12%. Amplo domínio BYD.

 

Marcas no exterior desaceleram planos para elétricos

Não se trata de movimento generalizado ou muito profundo, porém denota prudência entre os fabricantes que se apegaram com grande ardor ao lançamento de vários modelos de VE (veículos elétricos) ao redor do mundo. O fato de desaceleração das vendas, que ocorre este ano, acendeu uma luz amarela com tendência para vermelho.

Mesmo na China, onde há a maior concentração de produção de VE no mundo, já se conclui que há marcas demais apostando todas as fichas. O suporte do governo com subsídios explícitos ou ocultos pode arrefecer sem aviso prévio. A ordem agora é exportar a qualquer custo. Pode ser um sinal de que o mercado interno não permaneceria tão exuberante e a atual guerra de preços pode dizimar muitos fabricantes estimados em mais de 100.

Cautela parece ser palavra de ordem e não faltam exemplos. A Ford foi uma das primeiras a comunicar mudança de planos tanto nos EUA quanto na Europa. No continente europeu a empresa americana admitiu que as ações eram ambiciosas demais. Marin Gjaja, CEO de eletrificação, disse que os clientes da marca deixaram antever este cenário. Nos EUA, já se tinha anunciado que uma fábrica projetada para veículos elétricos irá produzir mesmo picapes com motor a combustão.

A Porsche reconheceu seu otimismo além da conta. Agora admitiu um ajuste às respostas sinalizadas pelos compradores. No semestre recém-encerrado a queda nas vendas do Taycan, seu primeiro elétrico, foi de 51% na Europa, EUA e China. Aqui, vendeu apenas 69 unidades no primeiro semestre, apesar de que em 2021 tornou-se o primeiro modelo elétrico a liderar um segmento (sedãs grandes) no ranking da coluna.

Mercedes-Benz, altamente entusiasmada com VE, também mudou de ideia e decidiu olhar para híbridos plugáveis. BMW sempre disse continuar a fornecer o que o mercado pede e isso inclui modelos com motores de combustão interna (MCI).

A GM igualmente voltou atrás e decidiu investir em modelos híbridos plugáveis em tomada nos EUA. A filial brasileira pegou o gancho da matriz e anunciou híbridos convencionais para os mercados interno e externo. Stellantis e VW já seguiam a mesma diretriz. Elétricos, claro, estão nos planos das três maiores, embora nenhuma acene uma previsão de data.

Neste cenário confuso quem se destaca positivamente é a Renault que criou a divisão Horse específica para MCI. CEO do grupo francês, Luca de Meo, tem insistido junto à União Europeia que o ano de 2035 fixado para o fim das vendas de MCI necessita de “flexibilidade”.

Polo GTS resgata clássico modo de dirigir com alma

Refinamento do Polo GTS é parte do sucesso do hatch que assumiu e manteve a liderança neste segmento (21% do total do mercado) que só perde em importância para os SUVs compactos (25%). Esta versão tem preço de R$ 153.790, realmente salgado, e se torna um limitador em suas vendas para algo em torno de 5% da linha.

Para começar, o motor turbo flex, 1,4-L, 150 cv e 25,5 kgf·m (ambos os combustíveis) é suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 8,3 s, mais rápido entre os hatches. O câmbio é automático epicíclico de seis marchas e trocas por borboletas no volante. Câmbio manual descartado reflete os tempos atuais. Não chega a colar as costas no banco, porém garante uma diferenciação frente aos outros hatches. Instigante mesmo, o ronco do motor.

As suspensões mais firmes com molas, amortecedores e barra antirrolagem específicas para esta versão dão conta do recado, sem que chegue a incomodar quanto ao conforto de marcha. Necessário ter algum cuidado adicional com buracos em razão dos pneus de perfil baixo 205/45 R18. Velocidade máxima declarada de 205 km/h.

Coluna Fernando Calmon — Quem ganhou e quem perdeu no primeiro semestre do ano Read More »

Coluna Fernando Calmon — Vendas sobem, porém importações bem mais

Coluna Fernando Calmon nº 1.310 — 16/7/2024

Vendas sobem, porém importações bem mais

O Brasil está perdendo a batalha da balança comercial entre exportações e importações de veículos. Nos últimos anos, desde 2015 o País sempre alcançou superávit com destaque em 2017. Mas este ano o crescimento das importações vai superar as exportações, segundo projeções da Anfavea. Trata-se de uma combinação deletéria. Para manter o nível de empregos na indústria automobilística é necessário que exportações compensem importações. Se o balanço for superavitário, melhor ainda.

No fechamento do primeiro semestre deste ano na comparação com igual período do ano passado a produção total de veículos leves e pesados subiu apenas 0,5%. Passou de 1,132 para 1,138 milhões de unidades. De janeiro a junho de 2024 as exportações caíram 28,3% e importações subiram bem mais: 37,7%. O resultado pífio deu-se em contraste com o firme aumento de vendas internas (varejo e atacado; leves e pesados), na soma de veículos nacionais e importados, que subiram 14,6%.

Na realidade o aumento das importações — nada contra isso, contudo de forma prudente ­­— deu-se em razão de carros elétricos e híbridos, além de concentradas em marcas chinesas. Híbridos convencionais e plug-in (somados 4,5%) e elétricos (2,9%) ainda representaram parcela muito pequena das vendas de veículos leves no primeiro semestre deste ano.

No entanto a Anfavea defende uma volta imediata do imposto de importação de 35% para veículos elétricos e híbridos, sem o escalonamento em curso de 2024 a 2026. Será difícil o governo voltar atrás sobre o estabelecido.

A Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) reúne hoje 10 marcas entre as 50 que atuam no mercado brasileiro de veículos leves, pesados e máquinas, sem incluir motos.

Marcelo de Godoy, presidente da Abeifa, afirma que “medidas protecionistas ou barreiras alfandegárias artificiais são sempre ineficazes e prejudiciais a toda a cadeia automotiva”. Mesmo discurso simplista de sempre. Ele tem razão num ponto: “Além disso, poderá prejudicar as relações com um parceiro comercial importante para o Brasil como a China”.

A BYD é, de longe, a maior associada da entidade em vendas, no primeiro semestre: 32.572 unidades, 71%. GWM vendeu menos, porém não se associou. Mas o otimismo extrapola. A chinesa já previu comercializar 120.000 unidades este ano e depois corrigiu para 100.000. Só que a Abeifa projeta 94.000 veículos emplacados das 10 marcas em 2024. Uma das duas estará errada.

 Novo lançamento da GM incluirá versão híbrida básica

O primeiro dos produtos incluído no plano de investimentos de R$ 1,2 bilhão para modernização da fábrica de Gravataí (RS) será, como esperado, um SUV compacto inédito que terá como base o Onix, ou seja, menor do que o atual Tracker. O novo modelo está previsto para 2026. O que se antevê é uma versão híbrida flex básica com alternador e motor de arranque integrados, além de uma pequena bateria auxiliar.

A GMB se convenceu, ao sondar clientes, que passar direto para carros elétricos no Brasil vai demorar em razão do preço alto e de uma rede de recarga incompleta. Um híbrido pleno para veículos maiores, a exemplo de Tracker, Montana, S10 e Trailblazer, deve chegar numa segunda etapa.

Fábio Rua, vice-presidente da GM, afirmou que o novo produto (não adiantou que se tratava de um SUV) está sendo desenvolvido pela engenharia da empresa, líder mundial para este projeto. Será exportado para países da América do Sul e México. No Brasil vai mirar, principalmente, no Kardian, Pulse e, em breve, no modelo equivalente da VW.

Outra atualização esperada, segundo o site Autos Segredos, é a injeção direta de combustível no motor a combustão interna. Até agora a Chevrolet era uma das poucas marcas a manter a injeção multiponto no duto de admissão por achá-la uma solução de menor custo e suficiente. Porém, o tempo mostrou que se trata de uma mudança viável e necessária aos olhos do mercado.  Deve estrear já neste novo SUV.

No total a empresa americana investirá R$ 7 bilhões no Brasil entre este ano e 2028 na renovação de seus modelos, introdução de tecnologias avançadas e agregação de novos negócios.

BYD avança com híbrido plugável Song Pro

SUV de porte médio da fabricante chinesa tem a seu favor o estilo atraente e o conjunto motriz. O sistema híbrido plugável a gasolina também é um recurso vantajoso que se reflete em baixo consumo de combustível. Todavia, o alcance médio declarado de até 1.100 km refere-se à antiga norma europeia NEDC abandonada por pouco refletir a realidade e caiu em desuso a partir de 2017. Sem sentido continuar a citá-la.

Pela norma brasileira NBR 7024, revista e utilizada pelo Inmetro, o alcance médio é de 780 km, mas na prática pode ser um pouco melhor com bateria totalmente carregada e tanque de 52 litros cheio.

Por outro lado, uma característica bem interessante informada pela BYD é a eficiência térmica de 43% do conjunto comparável aos melhores motores a diesel. O Song Pro, na versão GS de topo que dispõe de uma bateria maior (18,3 kW·h), entrega 235 cv e 43,8 kgf·m ao combinar, segundo a fábrica, um motor a gasolina de 98 cv e 12,4 kgf·m ao elétrico de 197 cv e 30,6 kgf·m. Bom lembrar que torque combinado tecnicamente não pode ser medido em aplicações em um mesmo eixo, embora BYD insista.

Aceleração de 0 a 100 km/h em 7,9 s comprova desempenho muito melhor do que o Corolla Cross híbrido não plugável limitado por seu motor flex de apenas 101 cv (etanol)/14,1 kgf·m associado a um motor elétrico 72 cv e 16,6 kgf·m com potência combinada de somente 122 cv.

Isso ficou claro na primeira e curta avaliação pelas ruas de São Paulo. O SUV chinês tem ótimo desempenho. Mas ao partir da imobilidade há um certo atraso na resposta do acelerador, sem aquela reação fulminante dos elétricos. Impressiona o silêncio a bordo com os vidros dianteiros de dupla camada para isolamento de ruído. Porém, ao rodar em asfalto irregular ou passar por lombadas falta o acerto fino das suspensões.

Também se destaca pelo espaço interno com distância entre-eixos de 2.712 mm, pouco menor que a do Song Plus. Os passageiros no banco traseiro, além do assoalho plano, contam com regulagem do encosto. Bancos dianteiros são confortáveis e o do motorista tem regulagem elétrica (só no GS). O porta-malas oferece 520 litros, mas não inclui estepe e perde espaço devido a uma maleta contendo carregador portátil da bateria e seus cabos.

Preços: R$ 189.800 (GL) e R$ 199.800 (GS).

 

Coluna Fernando Calmon — Vendas sobem, porém importações bem mais Read More »

Coluna Fernando Calmon — Imposto Seletivo inclui até carros elétricos e híbridos

Coluna Fernando Calmon nº 1.309 — 9/7/2024

Imposto Seletivo inclui até carros elétricos e híbridos

Também conhecido dentro da reforma tributária em tramitação final no Congresso Nacional pelo apelido “imposto do pecado” por mirar em bens e produtos que afetem o meio ambiente ou a saúde humana, na realidade faz parte da histórica alta tributação sobre veículos no Brasil. Para se ter ideia, só a partir de 2008 bens de produção como caminhões médios e pesados ficaram isentos do IPI. Antes apenas ônibus escapavam do IPI.

Por mais argumentos que se apresentem dificilmente serão levados em consideração, o que mantém o Brasil de longe campeão mundial de impostos sobre automóveis. No caso os poderes Executivo e Legislativo mantêm-se de mãos dadas. O enquadramento de carros elétricos e híbridos no Imposto Seletivo, porém, foi proposto pelo Executivo com apoio incondicional do Legislativo.

Não se pode negar que o recente programa Mover traz incentivos fiscais aos fabricantes e fornecedores que se comprometeram a investir em tecnologia e diminuição da pegada de CO2. A adesão de 89 empresas do setor foi quase imediata. Na realidade ainda que automóveis fossem movidos por vento, logo se encontraria um jeito de taxá-los de forma pesada pelo alto valor agregado e facilidade de arrecadação.

Um nível de carga tributária semelhante à média europeia já estaria de bom tamanho. Todavia, a participação dos tributos sobre automóveis no preço ao consumidor no Brasil é, nominalmente, 63% superior aos que os europeus pagam, 200% mais que os japoneses e 285% que os americanos.

Elétricos e híbridos voltaram à berlinda com o pleito da Anfavea de que o Imposto de Importação (I.I.), que vem sendo elevado paulatinamente até 2026, passe a 35% desde já. Isso foi interpretado, com razão, como uma quebra de regras. Mas o mundo está mesmo muito confuso. Ninguém poderia imaginar EUA e países da União Europeia sobretaxando importações de veículos elétricos de um único país, a China. Então essa é uma quebra de regras “seletiva”. Os chineses querem provar que não fomentam subsídios. Entretanto, há fortes indícios de que isso ocorre de forma escamoteada e muitas vezes indireta, a exemplo do frete marítimo.

Em outro movimento, a Volvo, cujos 79% de seu capital pertencem à chinesa Geely, passou a cobrar uma tarifa altíssima de R$ 4,00 o kW·h (dobro da média) para todo elétrico no Brasil que não for de sua marca. Quase metade era de modelos da conterrânea BYD, que investe em infraestrutura de recarga, todavia com rede atual bastante limitada.

Vendas vão bem no primeiro semestre, mas produção encolhe

Enquanto o mercado interno continua subindo de forma constante, a produção enfrenta grandes dificuldades em 2024. O balanço da Anfavea indicou que no mês passado as vendas diárias atingiram o bom nível médio de 10.715 unidades. No acumulado do ano, 14,4% a mais que igual período de 2023.

Ainda assim, a entidade revelou-se menos otimista que a Fenabrave. A representante das concessionárias prevê em 2024 crescimento de 14,7% e a dos fabricantes, 10,9% para 2,560 milhões de autoveículos. Tudo ainda muito longe do recorde, incentivado por IPI zerado em 2012, com 3,802 milhões de unidades

Já a produção que alimenta os mercados interno e externo não vai bem. Há previsão de avanço de apenas 4,9%, impactada por uma queda nas exportações de 20,8%. O Brasil enfrenta perda de participação em praticamente todos os países. Entretanto, a produção pode ser menor que a prevista, se o governo mantiver a baixa taxação do I.I. sobre elétricos e híbridos no cronograma atual até 2026.

Ciro Possobom, CEO da VW, participou do evento na Anfavea e informou que importações subsidiadas de elétricos e híbridos só este ano atingirão R$ 2,2 bilhões. Isso equivale à venda de 275.000 carros de entrada. O problema é o governo mudar, como aconteceu nos EUA e na Europa, porque a China é o maior comprador de produtos agrícolas do País. A conferir.

Novo MINI Cooper S entrega maior desempenho

A atualização visual do MINI, em um primeiro momento, pode ser algo impactante e além do necessário. O conjunto acaba por agradar, apesar da grade de grandes dimensões e lanternas traseiras que fogem do desenho tradicional da marca inglesa de propriedade da BMW há 24 anos.

No interior, nível de acabamento muito bom com destaque para o volante de dois raios e uma pequena tira de tecido que simula um inexistente terceiro raio. A tradição se mantém ao eliminar o quadro de instrumentos convencional, substituído por uma tela tátil circular de 9,5 pol. de diâmetro bem no centro do painel. Exige certa adaptação ao desviar o olhar, contudo um mostrador projetado no para-brisa já ajuda, embora deixa algo a desejar em nitidez. Banco traseiro é mais adequado para crianças.

Roteiro de avaliação por estradas sinuosas em torno de Campos do Jordão (SP), onde o MINI confirma qualidades dinâmicas de alto nível, como manda a tradição. O motor turbo de origem BMW teve potência e torque aumentados, de 192 para 204 cv e de 28,5 kgf·m para 30,6 kgf·m.

Aceleração de 0 a 100 km/h em 6,6 s garante que ninguém ficará insatisfeito, mas faz falta a troca manual das sete marchas do câmbio automatizado de duas embreagens. Descartou-se o ajuste de firmeza dos amortecedores no modo Sport da geração anterior, no entanto o comportamento em curvas continua irrepreensível. Preços: R$ 239.990 a R$ 269.990.

Ranger Raptor: exclusividade e alto desempenho

Uma picape que enfrenta trilhas ou terrenos ruins com a desenvoltura igual ou até superior aos utilitários tradicionais ou SUVs com alta aptidão fora-de-estrada. Na Raptor, no entanto, é difícil resumir todas suas competências já que as diretrizes de projeto são holísticas ao demonstrar qualidades também no asfalto.

Em geral, encarar as trilhas mais difíceis requer, além de conhecimento técnico e experiência, ter mais atenção, mais jeito e estar pronto para enfrentar os desaforos que se sucedem. Até agora apenas os utilitários se saiam bem. A começar pelo motor V-6, gasolina, 397 cv e 59,5 kgf·m capaz de entregar alto desempenho (0 a 100 km/h em 6,6 s) com a suavidade que os melhores motores Diesel ainda deixam a desejar apesar do ótimo nível atual.

As suspensões em modo off road permitem superar dificuldades do roteiro com ajuda dos amortecedores Fox de funcionamento ativo. É possível ignorar quase todas as lombadas naturais ou artificiais do percurso de teste e ter a picape sempre na mão. Destacam-se também os níveis de assistência de direção (normal, conforto ou esporte) e até o ronco do escapamento (silencioso, normal, esporte ou off-road). Todas essas funções são ativadas por botões dedicados nos raios do volante.

Outros destaques: amplo curso da suspensão reforçada (vão livre 272 mm), pneus grandes All-Terrain (285/70R17) que, obviamente, limitam a velocidade máxima a 180 km/h, pontos de ancoragem e protetores onde precisam estar, câmbio automático de 10 marchas, bloqueio nos diferenciais dianteiro e traseiro, controle de cruzeiro off-road (mantém velocidade escolhida em descida ou subida), muito boa geometria off-road (ângulos de entrada, saída e central) e câmeras 360° para auxiliar na trilha. Por fim, destaque para os bancos dianteiros com ótima sustentação lateral e sem dureza exagerada.

Coluna Fernando Calmon — Imposto Seletivo inclui até carros elétricos e híbridos Read More »

Coluna Fernando Calmon — Vendas em maio ainda pouco afetadas pela catástrofe

Coluna Fernando Calmon nº 1.304 — 4/6/2024

Vendas em maio ainda pouco afetadas pela catástrofe gaúcha

Embora haja grande preocupação com as consequências das enchentes no Rio Grande do Sul que comprometeram tanto a frota estadual quanto as vendas, há esperança de alguma recuperação ao longo do ano. A comercialização em maio foi prejudicada por um dia útil a menos e também pela tragédia gaúcha cujo mercado representa cerca de 4% do total. Na soma de automóveis e comerciais leves as 183.214 unidades vendidas em maio foram 12% menores que em abril. Os números também refletiram a greve (já encerrada) na fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR), pois cerca de 15.000 unidades deixaram de ser produzidas no mês passado.

Para José Andreta Jr, presidente da Fenabrave, “as condições favoráveis do crédito mantiveram o mercado aquecido no restante do País, tanto em maio quanto no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, fazendo o cenário continuar em viés positivo. Ainda é cedo para analisar o impacto do ocorrido no Rio Grande do Sul sobre as vendas anuais”. Em 2024 a comercialização total que inclui caminhões e ônibus soma 929.550 unidades, resultado 15% maior que o mesmo período de 2023.

Aparece também na avaliação do consultor Marcelo Cavalcante a queda brusca de 23% nas vendas de veículos elétricos a bateria (VEB). Em maio foram emplacadas 5.170 unidades contra 6.700 em abril. Híbridos plenos (menos 3,3%) e micro-híbridos (menos 3,4%) também recuaram. Apenas híbridos plugáveis tiveram o modesto crescimento de 2,9%.

Entretanto, em pesquisa recente do site Webmotors, considerando que 83% dos 3.000 respondentes do levantamento revelaram disposição de adquirir ou trocar de carro neste ano, a intenção de compra de elétricos se mantém em alta. Comparada ao primeiro semestre de 2023, passou de 1,6% para 7%. A preferência continua pelos híbridos, que subiriam de 8,4% para 11%.

O intento, porém, pode mudar, por exemplo, na direção de micro-híbridos. Estes começam a chegar com força no próximo semestre por meio de produção nacional da Fiat com a vantagem de preço bem menor que um VEB. A BYD que puxou para baixo as vendas de VEBs e híbridos no mês passado, deve voltar a acelerar. Todavia, a marca chinesa reviu sua meta de 120.000 unidades (elétricos e híbridos), em 2024, para 100.000.

Europa mantém ritmo morno de avanço dos VEBs

Estatísticas na Europa não são tão ágeis como no Brasil e só agora saíram resultados de abril. Confirma-se, pelo segundo mês consecutivo, o esfriamento da venda de elétricos por lá. Segundo a consultoria internacional JATO Dynamics, a participação de VEBs nos 28 países do continente europeu subiu de 13,1% em abril de 2023 para apenas 13,4% no mês passado. Isso denota uma forte desaceleração, atribuída ao fim dos incentivos fiscais, à lenta expansão da rede de recarga e a uma esperança de que os preços diminuam mais rapidamente.

Há expectativa de que depois da eleição do Parlamento Europeu (PE), de 6 a 9 de junho, a taxação sobre elétricos vindos da China suba dos atuais 10% para até 30%. Também é possível forçar a criação de centros de desenvolvimento (inclusive de baterias) e de se abrirem fábricas no continente, o que vendo sendo sondado por algumas marcas chinesas. O movimento do PE deverá ser suave a fim de evitar atritos comerciais. Em abril, VEBs chineses continuaram a crescer e detêm 6,6% de participação na Europa.

Há também uma onda na Grã-Bretanha de furtos de cabos de carregadores públicos para venda do cobre no mercado que está escandalizando os ingleses. No Brasil o alvo é a rede elétrica aérea e até subterrânea, mas há relatos de vandalismo e furtos em postos públicos de recarga.

Marcas japonesas manipulam dados e são punidas

O governo do Japão acusou cinco marcas locais de desvios técnicos de testes manipulados na homologação de segurança e consumo de combustível. A certificação de vários modelos Toyota, Honda, Mazda, Suzuki e Yamaha desobedeceu aos padrões, em certos casos desde 2014. O governo também ordenou que produtos afetados e ainda em produção não fossem comercializados ou exportados até a certificação ser refeita.

O maior fabricante mundial de veículos apresentou pedido de desculpas. Akio Toyoda, presidente do Conselho de Administração da companhia e neto do fundador da Toyota, foi portador da mensagem em pessoa, durante entrevista à imprensa. Três produtos fabricados no Japão em 2014, 2015 e 2020 já tinham sido descontinuados. Segundo a agência noticiosa Reuters, ações da empresa na bolsa de valores caíram 1,8%. No caso da Mazda, recuaram 3,3%.

Quanto à Honda, admitiu irregularidades em testes de potência e ruído em 24 modelos durante oito anos, até outubro de 2017, mas todos saíram de linha.

Apenas alguns dias antes, Mazda, Subaru e Toyota anunciaram um plano de desenvolverem em conjunto novos motores a combustão de dimensões compactas, híbridos e compatíveis com combustíveis de baixa ou nula pegada de carbono. Poderão utilizar hidrogênio líquido, combustível sintético ou biocombustíveis (a exemplo do etanol) e conviver com modelos elétricos.

911 Carrera GTS destaca-se na linhagem Porsche

O preço, claro, está bem longe de caber no bolso da grande maioria de quem senta ao volante: R$ 1,055 milhão (fora opcionais). Isso, no entanto, povoa o sonho de entusiastas ao redor do mundo e não seria diferente no Brasil. O Carrera GTS pode vir com vários dos equipamentos dos 911 Turbo e Turbo S, menos obviamente o motor mais potente e de maior torque de toda a linha (580 cv e 76,4 kgf·m). O GTS se contenta com “apenas” 480 cv e 58,1 kgf·m do mesmo biturbo de 3,7 litros e 6 cilindros horizontais opostos três a três.

Entretanto, sua aceleração de 0 a 100 km/h em declarados 3,4 s deixa para trás não apenas automóveis comuns, porém a maioria de tudo que se move sobre quatro rodas, inclusive outros carros esporte. O motor posicionado atrás do eixo traseiro é herança imutável desde que a marca foi fundada em 1948. Um arranjo único no mercado e mesmo assim apresenta comportamento em curvas excelente, perdendo apenas nesse quesito para a configuração de motor central-traseiro de alguns carros superesportes atuais. Mas, acredite, é por bem pouco, após rodar em ruas e estrada por uma semana.

Conjunto de rodas e pneus é o mesmo do Turbo S, de 20 e 21 pol. frente e traseira, respectivamente, porém nada chama mais atenção do que a imensa asa traseira opcional pintada de preto. No interior, há o refinamento típico da marca alemã com materiais de acabamento de alto nível, além do interruptor de ignição/partida acionado pela mão esquerda no painel como todo Porsche. Há também o botão giratório acoplado ao raio do volante para mudar o modo de desempenho, mas isso vem direto da F-1 e adotado pelos Ferrari de rua com seu “manettino” (alavanquinha, em português) desde o F430, de 2004.

Por último, mas não menos importante, devo ressaltar precisão de direção, incrível potência de frenagem e resistência à perda de eficiência dos freios de qualquer Porsche, este último um reconhecido ponto de honra dos produtos criados em Stuttgart. O primeiro 911 GTS híbrido chegará aqui no primeiro semestre de 2025.

Coluna Fernando Calmon — Vendas em maio ainda pouco afetadas pela catástrofe Read More »

Mais uma marca chinesa chega ao Brasil com modelos surpreendentes

Mesmo com o mercado indefinido, mais uma marca chinesa chega ao mercado nacional. A Neta, que tem dez anos de atividade e nove mil funcionários, vai importar e futuramente pretende produzir seus modelos no Brasil, possivelmente, comprando as instalações da Toyota em Indaiatuba-SP. Para a nova marca chinesa, o mercado brasileiro é muito importante para a estratégia mundial da empresa. Com atividades em 35 países, a Neta já produziu mais de 400 mil veículos.

A empresa vai começar a comercializar no segundo semestre, três modelos: o esportivo GT, e os SUV X e L. Para 2025, a marca vai ampliar seu portfolio com outros modelos.

Durante o anúncio, a fabricante mostrou o Neta GT, um esportivo com linhas belíssimas e um acabamento primoroso. Quem estava acostumado com o acabamento espartano e linhas de gosto duvidoso dos automóveis chineses, vai se surpreender com a evolução da indústria da China. Mas sem duvida, a nova marca supera todas as expectativas.

A Neta tem em produção em suas unidades fabris na Ásia, sete modelos, entre elétricos e híbridos. Para a sua atividade comercial no Brasil, a Neta já está credenciando revendedores e promete quando começar a comercializar tem em pleno funcionamento um centro de treinamento e um de peças de reposição.

Mais uma marca chinesa chega ao Brasil com modelos surpreendentes Read More »

Toyata do Brasil comemora a venda de 100 mil veículos eletrificados

A Toyota é líder global em veículos eletrificados com mais de 23 milhões de modelos comercializados. No Brasil, onde está há 66 anos, a empresa está comemorando a marca de 100 mil veículos híbridos vendidos no mercado nacional, levando em conta as marcas Toyota e Lexus.

“Nossa estratégia prevê que todo novo modelo fabricado no Brasil conte com uma versão híbrida flex para o mercado doméstico”, complementa Rafael Chang, CEO da Toyota para a América Latina e Caribe.

Hoje, a cada três automóveis eletrificados em circulação no país, um são das marcas japonesas. Só no último ano, a Toyota produziu mais de 21 mil unidades híbridas, sendo que 20 mil foram dos modelos Corolla e Corolla Cross produzidos nas plantas de Indaiatuba e Sorocaba. A planta de Indaiatuba vai encerrar as atividades em breve.

“Alcançar 100 mil veículos híbridos vendidos no Brasil é um marco histórico. Somos pioneiros nas tecnologias híbrida e híbrida flex, em total alinhamento com o novo desafio da transição energética. E estamos sempre atentos à inovação, investindo para trazer soluções de mobilidade sustentável”, comenta Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil.

Toyata do Brasil comemora a venda de 100 mil veículos eletrificados Read More »

BNDES recebe projetos de descarbonização do setor automotivo

A partir de hoje (12) o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social  estará recebendo os projetos de desenvolvimento industrial e tecnológico do setor automotivo, que tenham como objetivo a descarbonização da mobilidade e da logística. A ação integra o programa Rota 2030, com orçamento total de R$ 200 milhões nos próximos cinco anos.

Para 2024, estão disponíveis R$ 40 milhões em recursos não reembolsáveis, a serem investidos em projetos que contemplem, ao menos, um dos temas a seguir: baterias e powertrains (trens de força) de baixa emissão, com foco em híbridos (elétricos + biocombustíveis), incluindo seus componentes e insumos críticos e as soluções para infraestrutura de recarga; descarbonização dos processos produtivos de veículos, componentes, insumos críticos e materiais estratégicos (a exemplo de aço verde, alumínio e novas ligas especiais); e biocombustíveis e suas aplicações em veículos leves e pesados e em máquinas agrícolas (com destaque para as soluções de biometano, incluindo projetos-piloto de sua utilização).

“O BNDES Rota 2030 tem como finalidade ampliar a competitividade da indústria automobilística brasileira. Vamos estimular a inovação tecnológica, a capacitação da mão-de-obra e a geração de empregos qualificados, em linha com as prioridades de desenvolvimento definidas pelo governo do presidente Lula”, afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

“Vamos apoiar projetos de pesquisa, desenvolvimento, inovação, engenharia, estudos, testes, pilotos e certificações que, dentre outras ações, estimulem fontes de energia, produtos e processos que minimizem a emissão de CO2”, explica o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do Banco, José Luís Gordon.

Em outubro do ano passado, BNDES e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) assinaram um acordo de cooperação técnica que habilitou o Banco a captar R$ 40 milhões ao ano para serem utilizados em projetos da cadeia de fornecedores do setor automotivo. Com o acordo, o Banco passou a operar recursos dos fundos dos Programas Prioritários do Rota 2030, que provêm, principalmente, da contrapartida de empresas beneficiadas por isenção de impostos na importação de peças e insumos não fabricados no Brasil, mas necessários à melhoria da eficiência energética da frota.


Critérios

Os projetos a serem apresentados devem ser destinados a plataformas veiculares elegíveis, que são: máquinas agrícolas (biometano e outros biocombustíveis alternativos); pesados urbanos (elétricos e a GNV/biometano); leves (híbridos a etanol, elétricos e células de combustível); e pesados rodoviários (GNV/biometano, biodiesel e células de combustível).

Os projetos devem ser propostos por instituições de pesquisa, que podem contar com a parceria de empresas intervenientes, e devem ter valor mínimo de R$ 10 milhões por operação. Em projetos com a participação de montadoras, será obrigatória a participação de pelo menos uma empresa da cadeia de fornecimento de componentes e insumos críticos. O Banco terá participação máxima de até 80% do valor dos itens financiáveis; e de até 90% para projetos ou empresas sediadas nas regiões Norte e Nordeste.

BNDES recebe projetos de descarbonização do setor automotivo Read More »

Unicamp cria Centro para desenvolver baterias automotivas

Com a fundação do Centro de Manufatura de Baterias, na Unicamp, o Brasil ganha um centro de excelência em desenvolvimento de baterias para veículos elétricos ou híbridos. Para o inicio o Centro recebeu uma ajuda de R$9 milhões do programa Rota 2030, lançado em 2018 pelo governo federal com o objetivo de estabelecer uma política industrial para o setor automotivo, administrada pela Fndep – Fundação de Apoio da Universidade Federal de Minas Gerais.

A ideia é aprender a fazer, obter o know-how para a produção de células individuais de baterias de lítio e sódio”, afirma o físico Hudson Zanin, docente na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas e coordenador geral do projeto, realizado no âmbito do Cepetro – Centro de Estudos de Energia e Petróleo.

Atualmente o país não produz comercialmente as células individuais, que são as menores unidades de armazenamento de energia de uma bateria. Um carro elétrico, por exemplo, pode ter mais de mil células individuais, cada uma de 3-4 volts, dispostas em série e em paralelo.

O pesquisador ressalta que o Centro deverá aprimorar o ecossistema para o desenvolvimento da mobilidade elétrica no país, ampliando tecnologias, treinando recursos humanos especializados e favorecendo a criação de startups. Voltado à pesquisa e ao desenvolvimento na área de ciência de materiais, terá como foco o aperfeiçoamento de processos para manufatura de eletrodos e eletrólitos e a engenharia de células confiáveis e de altas capacidades.

O Centro atuará como um centro multiusuário, com parcerias de empresas e outros institutos de pesquisa, e, uma vez consolidado, funcionará também como um local para manufatura e testes de validação e certificação da segurança das baterias – para uso tanto em veículos elétricos, como em computadores ou celulares. “Queremos ajudar as empresas que tenham interesse em fazer um investimento nessa área. Porque, além de ser muito caro para montar uma fábrica, o empreendedor vai concorrer em um mercado extremamente agressivo, dominado pelos chineses”, diz Zanin.

“A nossa expectativa é de que em dezembro de 2024 o centro esteja operacional”, afirmou o físico. Nos primeiros anos de atuação, a equipe centrará seus esforços para fazer uma prova de conceito dos serviços oferecidos, com análise da viabilidade técnica e econômica.

Participam também do Centro, desde a sua etapa inicial, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Entre as possíveis empresas parceiras, que já manifestaram interesse pelo projeto estão a Bosch, Toyota, Volkswagen, Raízen e Merck.

Unicamp cria Centro para desenvolver baterias automotivas Read More »

Coluna Fernando Calmon — Previsão para 2030: híbridos dominarão vendas no Brasil

Coluna Fernando Calmon nº 1.292 — 12/3/2024

Previsão para 2030: híbridos dominarão vendas no Brasil

 

A transição dos veículos de motor a combustão para os elétricos a bateria continua a desafiar diversas empresas de consultoria especializadas ao redor do mundo. Da visão conservadora ao grupo de moderadas e também às otimistas, as previsões atingem um grau de volatilidade proporcional à complexidade do tema.

Basta um exemplo. Poucos dias atrás a consultoria Gartner previu que até 2027 veículos elétricos terão custo de produção menor que os modelos de motor a combustão, sem contar o valor da bateria que ainda responde por cerca de 40% do preço final ao consumidor. Isso graças aos recentes avanços na manufatura puxados pela Tesla com suas gigaprensas que substituem as tradicionais, além de diminuir o número de robôs de armação e soldagem.

No entanto, isso pode aumentar de forma severa os custos de reparos mesmo em pequenos acidentes, o que levaria as companhias seguradoras a puxar seus preços para cima. A Gartner também previu dificuldades para startups especializadas em elétricos. Afinal, já como minha opinião, é relativamente fácil produzir novos modelos a partir de um motor elétrico de “prateleira” que embora dispense caixa de câmbio, não prescinde de redutor e diferencial.

Alguns desses iniciantes ficaram pelo caminho como Lordsown Motors e Proterra. A Fisker que já “quebrou” uma vez, está novamente em dificuldades. A promissora Rivian sofreu uma queda severa e repentina de vendas: cortou produção pela metade, mas ainda segurou os empregos.

A Bright, que reúne uma equipe muito experiente de consultores brasileiros, acaba de apresentar um cenário bastante interessante para 2030. Reflexo de estudos aprofundados e precisos do que realmente pode acontecer, entre fabricantes de veículos e autopeças, concessionárias, mobilidade como serviço (assinaturas e locações), além de processos de reciclagem.

As três categorias de híbridos somadas – básicos (32,5%), plenos (10,4%) e plugáveis (5,6%) – dominariam as vendas de veículos leves com 48,5% do total daqui a seis anos. Elétricos ficariam apenas com 9,8% e os motores a combustão com os restantes 41,7%. Mais abaixo estão informados os percentuais atuais de mercado.

Desse trabalho de fôlego da consultoria vale destacar algumas de suas conclusões:

  • “Futuro da eletrificação com diferentes alternativas de propulsão é inexorável.
  • Soluções de eletrificação para o Brasil serão diferentes do mundo dadas as alternativas de energia limpa que o País dispõe.
  • Mobilidade sustentável só se viabilizará se focar no social e econômico e não somente no viés ambiental.
  • Transição para a eletrificação acomodará nas linhas de produção os atuais veículos com motor a combustão e híbridos em arcabouços semelhantes.”

Otimismo marcou balanço da indústria em fevereiro

Mesmo com os feriados do Carnaval e o mês passado ter menos dias úteis, produção (189,7 mil unidades), média diária de vendas (8,7 mil unidades) e exportações apresentaram resultados surpreendentemente positivos para a indústria automobilística em relação a janeiro deste ano. Os crescimentos percentuais foram vistosos: + 24,3%; + 18,4% e + 62,7%, respectivamente.

No acumulado do primeiro bimestre em comparação ao mesmo período de 2023 os números também foram bons: + 8,9% e + 19,8%, respectivamente. Só as exportações continuaram fracas com queda de 28%. Esses resultados positivos refletem um início de ano muito difícil em 2023 e, sob esse prisma, devem ser aguardados os próximos meses.

Os estoques se mantiveram estáveis em 38 dias nos dois primeiros meses de 2024. A queda dos juros de financiamento, tendo a taxa Selic como referência, ajudará a recuperação do mercado este ano. Porém, ao mesmo tempo, o recuo dos juros será lento e isso pode adiar a decisão de compra.

Marcio Leite, presidente da Anfavea, chamou atenção para necessidade de novos testes de durabilidade para aumento da mistura de etanol de 27% para até 35% e, muito mais grave, no caso do biodiesel de 14% para 20% ou 25% (em 2031). Ambas as adições estão em pauta no Conselho Nacional de Política Energética.

Veículos elétricos e híbridos tiveram recuo na participação de mercado de 7,9% para 6,7% em fevereiro nas vendas de automóveis e comerciais leves. Especificamente os elétricos puros ficaram no mês passado com apenas 2,3% das preferências, híbridos plugáveis, 2,1%; híbridos, 2,3 %; gasolina, 4,6%; diesel, 10,5%; flex, 78,2%.

Híbrido plugável é alternativa para viagens

Enquanto os carros elétricos avançam na China e Europa (a um ritmo menor nos EUA), embora com tropeços recentes e que lançam algumas dúvidas sobre curto e médio prazos, há uma solução intermediária que se tem mostrado válida para quem quer viajar sem preocupações.

O híbrido plugável permite rodar em cidade, sem emitir CO2 e poluentes, e afasta o incômodo de planejar uma viagem com longas paradas sujeitas à demora natural para carregar a bateria. Além disso, podem acontecer atrasos se há motoristas à espera de sua vez ou atos de vandalismo que danificam os cabos de conexão já relatados em filmes na internet.

No Brasil, atualmente, híbridos desse tipo (PHEV, na sigla em inglês) dividem as preferências dos compradores de veículos com os modelos elétricos a bateria (BEV). Aliás, o equilíbrio se mantém ao incluir os apenas híbridos (HEV). No mês passado, por exemplo, PHEV representou 33,5% das vendas nacionais, BEV 34,7% e HEV 31,6%.

Um exemplo de PHEV adequado às condições brasileiras de uso é o Audi Q5 55 TFSIe quattro. Seu visual imponente destaca-se e o que mais chama atenção é a flexibilidade permitida pelo conjunto motriz. Ao motor a gasolina turbo, 2 litros de 252 cv/37,7 kgf·m se junta um elétrico de 143 cv/35,5 kgf·m acoplado ao câmbio automatizado de duas embreagens e sete marchas. No total são 367 cv e torque combinado de 50,5 kgf·m.

O SUV tem tração dianteira, mas em certas condições pode ser 4×4 ou só tração traseira, tudo feito de forma automática. Alcance no modo elétrico é de até 65 km em uso urbano, desde que não se empolgue muito ao acelerar. Essa distância cobre boa parte dos deslocamentos em cidade, sem gastar uma gota de gasolina.

Nas autoestradas no Estado de São Paulo é possível viajar a 120 km/h e alcançar até 25 km/l. Com a bateria carregada, velocidade média estável na faixa de 100 km/h e o tanque de 54 litros o Q5 pode rodar até 800 km, o que nenhum carro 100% elétrico oferece – ao menos por enquanto.

Preço básico: R$ 462.990.

Coluna Fernando Calmon — Previsão para 2030: híbridos dominarão vendas no Brasil Read More »

Coluna Fernando Calmon — VW eleva investimentos e aposta mais em híbridos que elétricos

Coluna Fernando Calmon nº 1.287 — 6/2/2024

 

VW eleva investimentos e aposta mais em híbridos que elétricos

A fabricante alemã antecipou seus planos para o País e elevou o total investido que antes era de R$ 7 bilhões até 2026 para R$ 16 bilhões até 2028. Esse montante inclui 16 lançamentos e quatro modelos inéditos no mercado brasileiro. A VW não revelou quais são os produtos inteiramente novos, além das evoluções periódicas dos produtos atuais.

O presidente da empresa, Ciro Possobom, marcou o posicionamento mercadológico em encontro com a imprensa. “A estratégia do Brasil não pode ser igual à chinesa, que deu prioridade ao carro elétrico. Acreditamos no motor flex e não está nos planos uma mudança radical, pois aumentaria demais os custos de produção. O flex é um ativo do país e um híbrido desse tipo faz mais sentido.”

Veículos elétricos (VE) não estão incluídos, nessa rodada de investimentos em manufatura, pois a previsão é apenas para 2030, embora a empresa vá importar pelo menos mais um VE até 2028. A VW contempla investimentos em todas as suas quatro fábricas, inclusive a de motores em São Carlos (SP), onde será produzido o novo TSI de 1,5 litro flex que atende aplicação híbrida.

O modelo para São José dos Pinhais (PR) deverá ser uma picape intermediária na mesma faixa da Rampage e da Toro. Talvez o nome Tarok seja o escolhido, mas de porte maior que o protótipo exibido no Salão do Automóvel de 2018. São Bernardo do Campo (SP) estará comprometida com a nova arquitetura híbrida flex MEB Hybrid e dois produtos inéditos.

Possobom adiantou que também haverá um modelo somente com motor a combustão em São Bernardo. Quem sabe uma Saveiro de cabine dupla e quatro portas, hoje apenas com duas portas? A concorrente direta Strada, líder absoluta, tem 60% de suas vendas concentradas nas de quatro portas. Um segundo novo produto será híbrido flex, talvez baseado no Virtus.

Para Taubaté (SP) tudo indica um inédito SUV compacto que será bem diferente do crossover Nivus. O executivo descartou a entrada da marca no segmento de subcompactos, onde concorrem apenas Kwid e Mobi.

Esta semana o banco estatal BNDES aprovou um financiamento de R$ 500 milhões para VW desenvolver produtos “alinhados à sustentabilidade, à eficiência e à transição energética para os próximos anos”. Valor meramente simbólico: apenas 3,1% do investimento total do fabricante.

Mercado começa o ano com vendas encorajadoras

Fenabrave viu a confirmação, pelo menos no primeiro mês do ano, que as vendas ao mercado interno de veículos leves e pesados em 2024 devem surpreender. Foram comercializadas 161.601 unidades que representaram 13,2% a mais que janeiro de 2023. Se considerados apenas os veículos leves o avanço foi de 16,8%.

A média de emplacamentos foi de 7.300 unidades/dia, o melhor resultado para janeiro dos últimos três anos.

Para o presidente da associação, Maurício Andretta Jr., há uma melhora na venda no varejo de automóveis e comerciais leves, respondendo por 60% do total. Ele atribui isso “ao custo e ao acesso ao crédito que melhoraram a partir do último trimestre de 2023. Aliados à expectativa de redução dos juros básicos (taxa Selic) ao longo de 2024, podem incrementar a disponibilidade e diminuir a restrição de crédito por parte dos agentes financeiros”.

Durante vários meses no ano passado o mercado corporativo dominou a participação entre veículos comercializados. Locadoras também tiveram um 2023 muito forte no último trimestre. Para 2024 a Fenabrave prevê, preliminarmente, que o mercado interno crescerá 12% e a Anfavea estima um avanço bem menor, de 6%.

Os números podem sofrer revisões à medida que a economia brasileira reagir. Em 2023 o avanço deveu-se à grande safra agrícola plantada em 2022. No entanto, este ano não se repetirá por razões climáticas. Economistas esperam números para o PIB bem mais discretos e isso se reflete nas vendas de veículos.

Mudanças em análise no STF da lei Renato Ferrari, que regula as vendas entre fabricantes e concessionárias, têm potencial de gerar atritos entre as duas partes. Marcas chinesas vêm usando o expediente da venda direta para pessoas físicas, que contorna a atual lei, o que se reflete em preço menor aos compradores em razão da menor incidência de imposto.

Honda ZR-V se insere bem em segmento disputado

SUV que tomou o lugar do sedã Civic no Brasil (agora só com o Type R), seguindo a onda mundial de suvização do mercado, o ZR-V enfrenta bem a forte concorrência. Vindo do México, portanto isento de imposto de importação, dispõe de motor 2-litros, apenas a gasolina, com 161 cv e 19,1 kgf·m. Câmbio é um CVT de sete marchas. O ZR-V mostra bom desempenho, mas a diferença de potência em relação, por exemplo, ao líder Corolla Cross (177 cv e 21,4 kgf·m com etanol) dá para sentir. Não chega a decepcionar, em especial no modo Sport, porém nesse aspecto um dos principais concorrentes o supera.

O estilo está entre os pontos altos. Discreto onde pode, mais arrojado onde deve. Destaques para desenho dos faróis de LED, vincos laterais e ponteira de escapamento cromada. No interior, o assoalho plano traseiro proporciona bom espaço para três passageiros e há duas portas USB-C, mas sem saídas para ar-condicionado. Porta-malas de 389 litros poderia ser um pouco maior. Traz tela multimídia de 9 pol. com espelhamento de Android Auto, Apple CarPlay e carregamento de telefone celular por indução.

Posição ao volante mais baixa, bancos com firmeza e boa sustentação lateral, além de freio de estacionamento de imobilização automática (auto hold) são pontos de honra para a Honda.

Preço: R$ 214.500. 

Sindipeças comemora 70 anos e atualiza sua história

Nada como um bom livro para testemunhar a grande evolução da indústria automobilística no Brasil. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) foi e é um dos grandes impulsionadores de uma atividade que começou em 1957 timidamente com apenas 30.542 unidades fabricadas e atingiu o pico de 3.739.525 em 2013.

Um pioneiro, Ramiz Gattás, contou a história do setor de 1957 a 1980 sob o título “A Indústria Automobilística e a 2ª Revolução Industrial no Brasil”. Gattás atuou desde 1951, quando foi o secretário da então Associação Profissional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares.

O atual Sindipeças, ao completar 70 anos, lançou uma continuação impressa no final de 2023. O jornalista Marcos Rozen foi responsável pela atualização histórica: “A Revolução na Indústria de Veículos e de Autopeças no Brasil”. Interessados podem ter acesso a uma versão digital no hotsite https://sindipecas70anos.com.br .

Coluna Fernando Calmon — VW eleva investimentos e aposta mais em híbridos que elétricos Read More »

Rolar para cima
https://www.bnnp-jateng.com/ https://disdukcapil-kotasorong.com/ https://www.springfieldstreetchoir.org/ https://www.sudagroindustries.com/